Montando uma lanterna Boa, Bonita e Barata com Solarforce e Sportac
Se você está aqui, é porque possivelmente, gosta de lanternas.
Se deseja entender um pouco mais porque é importante portar uma lanterna, então sugiro a leitura desse artigo aqui.
Caso for do seu interesse entender por que optar por uma lanterna modular, então sugiro a leitura desse artigo aqui ou dessa analogia aqui.
A Solarforce
A Solarforce produz tanto lanternas completas prontas para o uso, como também acessórios e peças para lanternas, dentre os quais pode-se citar bezel rings (anel frontal da cabeça da lanterna), bulbos, clips, difusores de luz, dropins, extensores, hosts (corpos de lanterna, sem bulbo ou dropin), etc.
Pode-se dizer que as lanternas Solarforce são versões chinesas inspiradas na famosa marca norte americana Surefire. Perceba a semelhança nas imagens abaixo.
Os produtos da Solarforce tem boa qualidade para o quanto custam (são baratos), mas naturalmente não podem ser comparados com grandes marcas como Armytek, Eagletac, Elzetta, Malkoff, Oveready, Streamlight, Surefire ou Zebralight.
Apesar da qualidade dos produtos Solarforce ser boa, é natural que existam muitos pontos a melhorar, principalmente no que diz respeito aos bulbos e dropins, que deixam um pouco a desejar, assim como acontece com a maioria dos concorrentes dessa faixa de preço.
No entanto, é com a fabricação de hosts que a Solarforce se destaca. São comercializados corpos de lanterna (hosts) tanto para uso tático ou no dia a dia. Esses hosts estão disponíveis em diferentes materiais, tal como alumínio, “fibra de carbono” (utilizado no modelo L2C) ou polímero reforçado com fibra de vidro (modelo P1) e diferentes tipos de acabamento, incluindo uma opção de anodizado HA3 de alta resistência.
No site da Solarforce pode-se adquirir apenas o host de uma lanterna ou o host em conjunto com um bulbo ou dropin da própria Solarforce.
Caso você opte pela lanterna completa (bulbo/dropin + host) então será necessário apenas colocar uma bateria para poder utilizar a lanterna.
Caso você opte por adquirir apenas o host, então será necessário adquirir um bulbo ou dropin a parte.
Como já foi dito anteriormente, os bulbos e dropins Solarforce são bons, mas não excelentes. Por isso, com o intuito de montar uma lanterna mais equilibrada recomenda-se a utilização dos hosts dessa marca em conjunto com dropins melhores. Como bons exemplos de dropins pode-se citar os produtos de duas marcas muto conhecidas, sendo uma excelente (a renomada Malkoff) e a outra muito boa (a Sportac).
Caso você já tenha uma lanterna Solarforce, ou caso você opte por iniciar sua caminhada com uma delas, então é perfeitamente possível realizar upgrade de dropin quando necessário. Isso porque as lanternas Solarforce são montadas utilizando os próprios hosts da marca.
A Sportac
A Sportac é a marca de dropins da Eagletac — famosa fabrica de lanternas com bom nível de qualidade e certamente melhor do que as tão populares Fenix, Nitecore, Olight, Thrunite, etc.
Os dropins Sportac são disponibilizados em vários modelos, com diferentes características. São várias opções de LEDs (*1), temperatura (*2), quantidade de modos de iluminação (só um modo forte ou dois modos, sendo um fraco e outro forte) e quantidade de LEDs (um ou três).
- Observação 1: as opções de LED mudam com o passar do tempo. Alguns modelos entram, outros saem de linha. A disponibilidade de alguns modelos também é sazonal.
- Observação 2: a temperatura de um LED diz respeito ao que popularmente conhecemos como cor e é especificada em graus Kelvin.
Os dropins de dois modos contam com a funcionalidade de memória, que retoma o último modo utilizado por mais de 2/3 segundos quando a lanterna é ligada.
Os dropins Sportac também são disponibilizados em dois formatos, sendo um retangular e outro cônico. Os dropins de formato retangular são compatíveis com os host Solarforce.
Os dropins cônicos são distribuídos com um anel metálico que possibilita o uso desses dropins nos host Solarforce, conforme ilustrado abaixo:
Utilizar qualquer um desses dois tipos de dropins nos hosts Solarforce é perfeitamente possível, uma vez que os hosts Solarforce seguem o padrão de modularidade P60.
O que é o padrão P60?
De forma simplificada, pode-se dizer que um bulbo P60 é formado pela união de um bulbo incandescente e um refletor, tudo em uma única peça. Esse formato desenvolvido pela Surefire veio a se tornar um padrão mundial, denominado padrão P60/D26.
Caso for do seu interesse conhecer melhor esse padrão, então sugiro a leitura da postagem “Aprenda sobre o Padrão P60/D26” no fórum brasileiro Lanternas Táticas.
Os host Solarforce seguem esse padrão e também possibilitam trocar praticamente tudo, cada parte da lanterna, desde o clip, tailcap, bezel, bezel ring e a lente. É por conta dessa modularidade que os host Solarforce são chamados de hosts modulares.
Juntos, os hosts Solarforce e os dropins Sportac formam um conjunto de excelente custo benefício, com qualidade e confiabilidade suficiente para competir ou quem sabe ultrapassar (em alguns quesitos) muitas das marcas populares já citadas.
Esse será o nosso estudo de caso de hoje: Hosts Solarforce com dropins Sportac.
No meu dia a dia costumo utilizar três lanternas com dropins Sportac de características distintas. Gostaria de descrevê-los e recomendá-los para aqueles interessados tanto em uma boa lanterna como também em ingressar no mundo das lanternas modulares.
As três configurações tem como base o host Solarforce L2 (um dos mais baratos). Você poderá escolher aquele que mais te agrada entre as inúmeras opções de hosts da marca.
O dropin Sportac com 1 LED XPL-HI
Esse dropin utiliza o LED XPL-HI e por isso tem muita potência, conseguindo arremessar a luz longe (throw). No entanto, apesar de ser um dropin throw, é interessante o fato de que esse modelo não perdeu a capacidade de iluminar muito bem as regiões periféricas.
Essa característica pode parecer insignificante, no entanto é notável quanta diferença faz ter a mão uma luz bem distribuída, com um hotspot (ponto central) intenso e uma área periférica (spill) bem consistente.
Algumas lanternas igualmente baratas e também destinadas a throw (como por exemplo a Convoy C8) podem até arremessam a luz a uma distância ainda maior, mas deixam um pouco a desejar na iluminação periférica, por serem muito focadas. Felizmente isso não acontece com o dropin Sportac mencionado.
O dropin Sportac com LED XPL-HI está disponível na tonalidade neutra (um tom levemente amarelo/creme, muito bonito e suave) ou no tradicional cool white (branco), praticamente puro, nem um pouco azul ou esverdeado como vemos em algumas lanternas por aí.
Para fins de comparação segue abaixo o beamshot (foto do feixe de luz) dos dois tipos de LED XPL-HI disponíveis.
Abaixo seguem descritas todas as características desse dropin:
- potencia em LED lumens : 1116;
- potência em ANSI-FL-1 Lumens: 890;
- LED utilizado: CREE XM-L2 U2;
- tensão de trabalho: 2.7V até 6V;
- Dois modos de operação, sendo um fraco (20% da intensidade total e outro forte, com 100% da potência);
- Runtime com uma bateria 18650: 1.6 horas no modo forte e 10 horas no modo fraco;
- Runtime com duas baterias CR123: 0.8 horas no modo forte e 6 horas no modo fraco.
Abaixo seguem algumas imagens do dropin e do “tubinho” no qual o dropin vem muito bem acondicionado. Na parte externa desse tubo plástico estão descritas todas as características do dropin.
O dropin Sportac com 3 LEDs NICHIA 219C
Esse dropin utiliza três LEDs NICHIA 219C. Diferentemente dos modelo com um único LED, esse dropin espalha bastante a luz (flood), o que faz com que o feixe de luz não tenha um alcance tão grande como acontece em um dropin throw. Seu primeiro diferencial é justamente esse: iluminar uma área grande.
Ao utilizar esse dropin é fácil notar que não existe um hotspot (ponto central) intenso, uma vez que a luz é distribuída por igual, assim como acontece quando o sol ilumina algo.
Atualmente esse tipo de iluminação venham ganhando muitos adeptos no mundo das lanternas custom (customizadas) pois é excelente para o dia a dia.
O seu segundo diferencial desse dropin é o CRI (índice de renderização de cores) bem alto, o que proporciona uma melhor representação das cores.
Pergunta: será que vale a pena optar por um LED de CRI mais alto?
Resposta: depende. Assim como na escolha da temperatura do LED, depende do seu gosto pessoal, da sua percepção, da sua exigência pela perfeição na renderização de cores ao iluminar. Muitos não fazem questão, outros não dão bola e alguns não vão notar a diferença.
Para finalizar esse assunto, seguem diferentes fotos de um relógio colorido e de uma mão humana quando iluminados por LEDs de temperatura diferentes, incluindo um LED NICHIA de CRI alto. Decida você mesmo.
Para fins de comparação segue abaixo o beamshot (foto do feixe de luz) de dois dropins throw frente a um dropin flood com alto índice de renderização (CRI). Percebe-se que a iluminação de um dropin flood é mais maior no que se refere a área. No entanto, esse tipo de dropin não foca a luz (por isso não ilumina tão longe) e dessa forma proporciona uma iluminação bem homogênea. Percebe-se também como o CRI alto renderiza melhor as cores sem amarelar, azular ou deixar tudo muito branco.
Abaixo seguem descritas todas as características desse dropin:
- potencia em LED lumens : 1116;
- potência em ANSI-FL-1 Lumens: 890;
- LED utilizado: 3 LEDs CREE XP-G2 S2;
- tensão de trabalho: 2.7V até 6V;
- Dois modos de operação, sendo um fraco (20% da intensidade total e outro forte, com 100% da potência);
- Runtime com uma bateria 18650: 1.6 horas no modo forte e 10 horas no modo fraco;
- Runtime com duas baterias CR123: 0.8 horas no modo forte e 6 horas no modo fraco.
Abaixo seguem algumas imagens do dropin e do “tubinho” no qual o dropin vem muito bem acondicionado. Na parte externa desse tubo plástico estão descritas todas as características do dropin.
O dropin Sportac com 1 LED NICHIA 219C
Esse dropin utiliza um LED NICHIA 219C. Sua característica número um reside no fato de que, diferentemente dos dois modelos anteriores, esse dropin proporciona um beam (feixe de luz) bastante tradicional. Em outras palavras, o feixe de luz não tem um alcance tão longo como em um dropin throw (que joga a luz longe) e também não abrange uma área muito grande como acontece em um dropin flood (que espalha a luz).
Sua segunda característica principal é o CRI (índice de renderização de cores) bem alto, o que proporciona uma melhor representação das cores.
Abaixo seguem descritas todas as características desse dropin:
- potencia em LED lumens : 1116;
- potência em ANSI-FL-1 Lumens: 890;
- LED utilizado: CREE XM-L2 U2;
- tensão de trabalho: 2.7V até 6V;
- Dois modos de operação, sendo um fraco (20% da intensidade total e outro forte, com 100% da potência);
- Runtime com uma bateria 18650: 1.6 horas no modo forte e 10 horas no modo fraco;
- Runtime com duas baterias CR123: 0.8 horas no modo forte e 6 horas no modo fraco.
Abaixo seguem algumas imagens do dropin e do “tubinho” no qual o dropin vem muito bem acondicionado. Na parte externa desse tubo plástico estão descritas todas as características do dropin.
Considerando todas essas opões e pelo fato das lanternas Solarforce serem modulares, então torna-se possível alterar o dropin sempre que necessário. Para isso pode-se utilizar o mesmo host, ou ter vários deles, já que esses produtos são bem baratos.
Tensão de trabalho dos dropins Sportac e seus benefícios
Outro ponto positivo desses dropins Sportac é a faixa de tensão com que trabalham, que varia entre 2.7 até 6 volts para os modelos de dois modos de iluminação e de 2.7 até 9 volts para os modelos com apenas um modo de iluminação. Com esse intervalo de tensão é possível utilizar uma grande variedade de baterias, bastando utilizar os extensores da própria Solarforce para montar uma lanterna que contemple a configuração de baterias desejada.
Pergunta: E por que isso é importante?
Resposta: Porque quanto mais opções tivermos, menores são as chances de ficarmos no escuro, uma vez que diferentes configurações de baterias tornam a lanterna muito mais versátil.
Seguem alguns exemplos de configurações possíveis para os dropins com tensão até 6 volts:
a) uma bateria 18650;
b) uma bateria 18350;
c) uma bateria 16340;
d) uma bateria 16650;
e) uma ou duas baterias CR123;
f) duas ou três ou quatro baterias AA ou AAA;
g) qualquer combinação de baterias que não exceda 6 volts.
Logicamente que, para os dropins com tensão de trabalho entre 2.7 e 9 volts as opões de baterias são ainda maiores.
Como já foi dito , os hosts Solarforce não tem nem perto da qualidade dos hosts originais Surefire, mas dão muito bem pro gasto, ainda mais para quem procura uma lanterna boa, para usar sem medo ou peso na consciência.
Caso você tiver interesse em montar uma lanterna Solarforce que suporte múltiplas configurações de baterias, então sugiro relembrar conceitos da primeira Lei de Ohm.
Utilizando uma simples analogia poderíamos dizer que tensão elétrica ou DDP (diferença de potencial) é a força que “empurra” a corrente elétrica, enquanto a resistência dificulta a passagem da corrente. Tensão (medida em volts) e corrente (medida em amperes) são diretamente proporcionais quando a resistência (medida em ohms) permanece constante. Nesse cenário, quanto maior a tensão, então menor a corrente. E logicamente, quanto menor a tensão, maior a corrente.
Ao adicionar baterias (em série) à uma lanterna, então a tensão fornecida a essa lanterna aumenta já que a tensão total do circuito será igual a soma das tensões de cada bateria.
Percebe-se que utilizar mais baterias faz aumentar o “tanque de combustível” da tensão. E esse não é o único benefício. Conforme descrito anteriormente, com o aumento de tensão a corrente diminui, ou seja, o consumo elétrico da lanterna diminuiu.
Quer coisa melhor do que um “carro” com tanque de combustível maior e consumo menor? Só mesmo se a gasolina (energia no caso das lanternas) fosse mais barata…
Deixando a elétrica de lado e voltando aos hosts Solarforce…
Possíveis upgrades nos hosts Solarforce
A única parte que eu trocaria para ter um produto realmente confiável (no caso de sua vida depender de uma lanterna, como é o caso de um policial) seria o tailcap (parte traseira da lanterna, onde fica o botão). O tailcap original não é ruim, mas tem uma limitação de corrente (3 amperes) e está longe de ter um botão tão confiável como o famoso e robusto botão McClicky, que é amplamente utilizado em lanternas de diversas marcas renomadas.
Mas fique tranquilo, pois para os dropins citados o botão original dos hosts Solarforce é suficiente.
Para conhecimento, com o intuito de deixar o host mais confiável tem-se duas boas opções:
a) A primeira seria utilizar um tailcap diferente, de outra marca inclusive, como por exemplo um tailcap Malkoff.
b) A segunda opção seria substituir apenas o botão do tailcap original pelo excelente botão McClicky, no entanto isso requer algumas adaptações.
No mais, não existe muito o que estragar. O que pode acontecer é você riscar a pintura do host ou em casos mais extremos a quebra uma lente. Mas, como trata-se de um host modular e barato, então…
Cada parte da lanterna pode ser substituída comprando-se diretamente no site da Solarforce (https://www.solarforceflashlight-sales.com/) e o mais importante de tudo: a preço de banana.
Vale a pena dar uma olhada no site, pois os acessórios Solarforce são bem interessantes também. Seguem alguns exemplos:
E você? Procurando uma boa lanterna? A Solarforce e a Sportac podem tirar você do lado negro da força (onde viram os seres sem lanterna), por um valor modesto e com classe. É certo que você terá um produto confiável e versátil em mãos!
Como sugestão de material complementar recomendo esse vídeo do colega Wladimir Jr.
