Por que optar por uma lanterna modular?

Marco Weiss
8 min readNov 12, 2017

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Se você está aqui, é porque possivelmente, gosta de lanternas, mas se deseja entender um pouco mais porque é importante portar uma lanterna, então sugiro a leitura desse artigo aqui.

No artigo de hoje vamos falar um pouco sobre lanternas modules, mas primeiro falaremos de lanternas, de uma forma geral.

Lanterna Eagletac D25C

Já tive a oportunidade de usar diversas marcas, modelos e tipos diferentes de lanternas. Em algumas ocasiões minha experiência foi bastante positiva. Esse foi o caso dos produtos de marcas como Eagletac e Zebralight.

No entanto, a estória foi um pouco diferente com aquelas marcas conhecidas como “mais populares”, e que geralmente são fabricadas na China.

Que fique claro: não há problemas quanto a origem do produto ser chinês, desde que a administração seja feita por uma empresa séria, a exemplo do que acontece com a Reate — famosa marca chinesa de canivetes — que, por conta do seu excelente trabalho faz muito sucesso e inclusive já desenvolveu modelos em conjunto com grandes nomes da cutelaria mundial.

Em um dos causos tristes que vivenciei com lanternas o marketing do produto em questão vendia a ideia de um pacote de recursos que destacavam essa lanterna frente as suas concorrentes. O modelo era extremamente compacto e ainda assim potente se comparado aos concorrentes e tecnologia da presentes na época. A lanterna também possuía muitos modos (descubra se isso realmente é bom ou ruim nesse artigo aqui) e sua base (bunda da lanterna) era magnética.

Essa base magnética fazia parte do pacote de diferenciais da lanterna e foi uma novidade interessante, uma vez que agregava versatilidade e comodidade na utilização do produto.

Com a base magnética era possível que a lanterna fosse fixada em qualquer superfície metálica, como por exemplo, a lateral de um carro, facilitando a troca do pneu do carro, etc.

Lanterna Olight S10R Baton II

Outro diferencial de marketing desse produto era o fato de que a lanterna já vinha com carregador e podia-se carregar a bateria da lanterna sem precisar remover a bateria, bastando repousar a lanterna em um simpático carregador alimentado por uma conexão USB, conforme ilustrado ao lado. Quando o LED do carregador ficasse verde a lanterna estaria carregada. Simples e prático.

Na teoria era tudo uma maravilha. Mas a teoria muitas vezes está distante da realidade.

Pegada aparentemente mais frágil em uma lanterna com botão lateral

A base magnética funcionava muito bem, mas o carregador não. Carregava quando queria e não mostrava corretamente se a bateria havia sido carregada ou não. Fora isso, a lanterna utilizava um botão eletrônico na lateral.

Até então eu só havia utilizado uma lanterna com botão lateral na infância, então nem conta.

Inicialmente não vi problemas com esse tipo de botão, mas com o tempo percebi que essa posição de segurar a lanterna era menos ergonômica e menos firme (mais instável) se comparada com lanternas onde o acionamento é feito por meio de um botão localizado na base da lanterna.

Ao menos para mim, essa “pegada” onde o botão fica na base da lanterna é muito mais confortável e segura. Coincidentemente (ou não), a maioria das lanternas táticas de marcas consagradas como Elzetta, Inforce, Malkoff, Streamlight e Surefire vem assim, com botão na base. Certamente existe um bom motivo. :)

Pegada firme em uma lanterna (Elzetta) com botão traseiro

É fato que os botões laterais são utilizados a muito tempo em lanternas de grandes marcas como a Maglite. Também existem outras excelentes marcas como Streamlight, Eagletac e Zebralight que utilizam botoes laterais. Nessas marcas eu confio.

A verdade é que, desde que sejam bem construídos não há nada de errado com o uso de botões laterais. No entanto, muitas vezes não é isso que acontece e aí começam os problemas.

Um botão ruim (independente se for lateral ou não) pode representar ao menos três problemas. Segue a descrição de alguns deles:

a) durabilidade baixa: essa característica é mais comum em botões laterais, mas não é exclusiva desse tipo de botão. O problema da fragilidade geralmente se deve pelo fato de que os botoes laterais são menores e menos robustos do que os botões colocados na base da lanterna. Em lanternas com botões laterais a área disponível para os botões é menor, então acaba sendo impossível utilizar botões mais robustos ou botões mecânicos (mais confiáveis e resistentes).

b) corrente parasita: em lanternas baratas geralmente são utilizados botões eletrônicos, pois não há recursos financeiros (o orçamento é limitado) e o espaço é pequeno para o uso de botões melhores.

E os botões eletrônicos podem gerar a famosa e indesejada corrente parasita, ou seja, a fuga de corrente. Em outras palavras: sua lanterna vai estar consumindo bateria mesmo quando estiver desligada.

c) falha: esse talvez esse seja o pior problema. As falhas estão diretamente ligadas a fragilidade dos botões.

É de senso comum que ter uma lanterna em que o botão falha é igual a não ter uma lanterna. Se você é um civil isso pode não ter relevância, mas em situações onde sua vida depende da lanterna então literalmente: o botão pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.

Exemplo de um botão eletrônico (esquerda) e um botão mecânico (direita)

No entanto, felizmente existem muitas lanternas onde o botão fica localizado na base da lanterna. Esses botões são em sua grande maioria mais robustos, por por vezes mecânicos e em alguns casos até mesmo substituíveis/modulares.

No mundo das lanternas dizemos que os botões, quando colocados na base da lanterna, ficam encapsulados no tailcap.

Tailcap Malkoff com algumas peças de reposição (borracha e anel de vedação)

O tailcap é a peça que faz o contato com o pólo negativo da bateria e fecha o circuito eletrônico da lanterna.

Para saber um pouco mais sobre tailcaps sugiro assistir a esse vídeo do colega Diônata.

Uma lanterna que utiliza tailcap tem como grande vantagem o fato de que essa peça é removível, o que possibilita sua substituição caso o botão venha a apresentar problemas. Em lanternas de algumas marcas até mesmo o botão ou qualquer outro componente interno do tailcap pode ser trocado.

Tailcap Malkoff desmontado (botão McClicky removido)

Voltando um pouco na estória…

Lembram daquela lanterninha linda e repleta de recursos, com botão lateral? Pois é… Além do problema no carregador ela também veio a presentar problemas, justamente no botão, gerando dificuldades para ligar, desligar ou mesmo trocar os modos da lanterna. Infelizmente esse problema foi fatal e não havia nada que eu pudesse fazer.

Já era o segundo problema em pouco tempo de uso!!!

Sendo sincero, eu até poderia tentar mexer na eletrônica, ou levar para alguém que fizesse o serviço, mas essas lanternas não são feitas para serem abertas e fechadas. Elas são lacradas. Eu sabia que não ficaria perfeito e que eu sempre estaria com um um pé atras, imaginando quando ela me deixaria na mão outra vez.

Na minha opinião: perdi toda uma lanterna por causa de um mísero botão!

Por isso tudo, resolvi jogar a lanterna fora e partir para algo melhor. Foi o mais certo a ser feito, pois do que me adiantava uma lanterna temperamental, que ligava e desligava quanto quisesse? rss

Por conta desse episódio conheci novos conceitos e marcas diferentes que mudaram minha perspectiva sobre lanternas.

Agora vamos conversar um pouco sobre lanternas modulares…

Na busca por uma lanterna nova meu requisito numero um era: a lanterna deve utilizar um tailcap e esse item deve estar disponível para compra e reposição no caso da necessidade de substituição. É, eu fiquei um pouco complexado com aquela estória de ter perdido uma lanterna por conta do tailcap…

Caso você esteja se perguntando se eu encontrei uma lanterna assim, então a resposta é: mas é claro que sim!

Tailcap Armytek

Existem marcas que fornecem tailcaps para reposição por um preço simbólico (5 dólares), como é o caso, por exemplo, das marcas Armytek e Eagletac.

No entanto, ter o tailcap removível (podendo assim ser substituído) não indica que a lanterna é totalmente modular, mas já é um começo. O tailcap ser removível também não quer dizer que a empresa que produz a lanterna disponibiliza esse item para compra.

Lanternas modulares de verdade possibilitam a substituição e vendem boa parte dos componentes.

E por que isso é importante? Vejamos…

Hoje, se você quiser trocar a cor (temperatura) do LED da sua lanterna. Você consegue? Com uma lanterna modular você troca o bulbo/dropin e tem uma nova lanterna em mãos.

Percebe a versatilidade?

A ideia não parece boa? Espere, tem mais…

E se, ao invés de ter dado problema no botão, tivesse quebrado uma lente?

Resposta: No caso daquela lanterna, ela estaria igualmente perdida pois a lente não era substituível e também não existiam peças de reposição.

Em uma lanterna modular bastaria trocar a lente, ou o botão, ou o clip, ou o dropin, etc.

Conclusão

Na estória que eu relatei a lanterna não foi um vilão e sim um herói para mim! Como assim? Ela parou de funcionar do nada. Te deixou na mão!

Ela podia não ligar, mas clareou minha mente ao abrir as portas para um novo mundo de possibilidades. Conheci o mundo das lanternas modulares, migrei e não teve mais volta.

Se na época do problema no botão a minha lanterna fosse modular, então eu poderia ter trocado apenas o botão! Seria quase como brincar de LEGO.

Lanterna modular Elzetta AVS com dois tipos de lente (clear e flood)
Partes do host modular Oveready Shorty P60
Partes da cabeça modular Malkoff VME

Se quiser filosofar um pouco mais sobre lanternas modulares, então recomendo refletir comigo lendo essa analogia aqui.

Se você ficou interessado em montar uma lanterna modular, então sugiro começar por aqui.

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