Um Visitante Inesperado

Segunda Sessão da Campanha Fúria no Inferno Verde

Porakê Munduruku
5 min readJun 13, 2020

Ano I, 1º Temporada, Segunda Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 11/03/2017 (Sábado)

Resumo da Sessão:

Em uma época marcada por grandes transformações, quando o anseio por liberdade, igualdade e fraternidade recende por todo o mundo conhecido com o cheiro do sangue ainda fresco da nobreza aos pés das guilhotinas da revolução francesa e a guerra assola a Europa conduzida pelas tropas do lendário Napoleão Bonaparte, a família real portuguesa acaba de desembarcar no Rio de Janeiro alimentando rumores e um afã por mudanças que se alastra pelas colônias que um dia viriam a formar o Brasil e o destino conspira para unir os caminhos de jovens Garou de diferentes tribos e origens no Portal para a Amazônia, uma das mais selvagens e desconhecidas regiões do Planeta, um domínio reclamado pela Wyld e cenário da Segunda Guerra da Fúria e de sangrentas disputas por territórios entre Garou estrangeiros e nativos.

Unidos pela missão de investigar a chegada de capitães do mato paulistas que desembarcam em Santa Maria de Belém para caçar os escravos fugitivos do Engenho do Murucutu, os Cliaths da Seita dos Guardiões do Utinga Apoena “Olhos-de-Serpente”, Poeté “Olho-D’Água” e e Kamaporã “Presas-de-Coral”, descobrem entre os forasteiros uma ameaçadora Matilha de Guerra dos Crias de Fenris, os Rastreadores de Malditos, liderada pelo astuto Adren Ragabash, Felipe Diogo “Consolo-das-Viúvas”.

Experiências do passado tornaram os membros da Seita local cautelosos em relação à presença de Garou estrangeiros, em especial os de ascendência européia e de tribos beligerantes como Crias de Fenris, Senhores das Sombras e Presas de Prata. A tensão entre os Guardiões do Utinga, cujas defesas são lideradas pelo rancoroso Ahroun Uktena, Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, e o incomodo vizinho do Caern, o Engenho do Murucutu, ameaça explodir em um banho de sangue que pode expor a existência dessa Seita reclusa sediada nas cercanias da capital da província. Felizmente, o trio de Cliaths parece agir sabiamente e, de forma diplomática, estabelecem contato com os Crias de Fenris, que, por sua vez, apesar de algumas provocações lançadas por Consolo-das-Viúvas, prometem se apresentar formalmente às autoridades da Seita local, como exigem as antigas tradições, e dizem não ter qualquer intenção de causar problemas aos Guardiões do Utinga, visitando a região meramente para tratar de seus “negócios” mundanos, o comércio e captura de escravos.

Há quilômetros de Belém, na capital da província britânica de Demerara, o ex-membro dos Serpent Slaugters, o Senhor das Sombras Alejandro “Palavras-na-Escuridão”, e o jovem e misterioso filhote irlandês, Galahad Wallace, tentam manter o filhote Uktena Ratonaketon seguro. Mas em uma atitude questionável, Palavras-na-Escuridão deixa os dois filhotes sozinhos enquanto parte em busca de informações sobre o resultado da batalha entre o poderoso guerreiro Uktena Águia de Sangue e o restante dos Serpent Slaugters, mesmo diante dos protestos de Ratonaketon que o alerta para a imprudência dessa estratégia.

Enquanto estão sós, os filhotes são surpreendidos pelo ataque traiçoeiro de Sombra-Afiada, um assassino Ragabash membro dos Serpent Salugters, que armado com uma lâmina de prata quase obtém sucesso na missão de eliminar Ratonaketon, além de conseguir ferir gravemente Galahad. Mas apesar de seriamente ferido, o destemido filhote irlandês ainda consegue desarmar seu agressor e o executa com sua própria lâmina de prata, um feito impressionante, digno de um herdeiro de antigos heróis Crias de Fenris.

Ao retornar, depois de ouvir o uivo vitorioso de Galahad em sua forma de batalha, Palavras-na-Escuridão percebe a gravidade dos ferimentos que colocam em risco a vida de Ratonaketon e com a ajuda do jovem Cria de Fenris consegue levá-lo para receber cuidados médicos de um discreto e ambicioso cirurgião-barbeiro que atua na zona portuária de Stabroek. Sem saber ao certo quanto dos Serpent Salugters ainda podem estar por aí, os dois Garou agora precisam transportar o filhote Uktena convalescente e delirando com febre, sem a certeza de ele seria capaz de resistir aos ferimentos infeccionados pelo que parece ser o efeito de algum Dom desconhecido.

Para piorar as coisas, uma guerra se interpõem em seu caminho. Em retaliação à ocupação de Lisboa pelo exercito de Napoleão, a Coroa Portuguesa, recentemente instalada no Rio de Janeiro, ordena a ocupação de Cayena, capital da Guiana Francesa, por uma armada que combina forças portuguesas e britânicas, além de um destacamento do exercito imperial vindos por terra desde o Grão Pará, o que desencadeia uma batalha que se desenrola exatamente nos territórios entre Stabroek e Santa Maria de Belém. Com a costa assolada pelos conflitos e as rotas marítimas bloqueadas por piratas franceses em fuga, atingir seu destino se mostrará um desafio para nossa insólita trupe Garou.

Felizmente, Palavras-na-Escuridão, mediante o pagamento de uma soma vultuosa e alguma lábia, obtém sucesso em negociar o embarque seu e de seus novos amigos nem um navio baleeiro, sob o comando de um ambicioso e destemido capitão holandês, que zarpa de Stabroek tomando uma rota alternativa até o litoral nordeste da Colônia portuguesa, em uma missão desesperada para tentar lucrar com o comercio de óleo de baleia, cuja a oferta nas Guianas foi afetada pela Guerra. Assim, os intrépidos estrangeiros seguem rumo à pequena vila de Salinas na costa do Grão Pará, para de lá tentar alcançar a Capital da Província.

De volta à Santa Maria de Belém, a matilha dos Rastreadores de Malditos, anuncia sua chegada através de um uivo imponente nas divisas do Caern do Forte da Samaúma e é recebida por todos os membros reunidos da Seita, sob a liderança de Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, o Vigia do Caern. O clima é de tensão, até que Consolo-das-Viúvas, decide presentear seus anfitriões com um filhote mulato, capturado por eles entre os escravos fugitivos, o jovem é Enzi Sirhan, um filhote perdido dos Uktena, nascido livre entre quilombolas e mais tarde feito escravo no Engenho do Murucutu sob a alcunha de Preto Juca.

Enzi é um negro malê, um erudito de ancestrais muçulmanos, nascido livre no Mocambo do Caxiú, no Acará, versado na Capoeira e sagrado filho de Ogún, ele foi a mente por trás da fuga de escravos do Engenho do Murucutu, mas foi traído por alguns escravos que não queriam se ariscar levando consigo crianças e velhos durante a fuga e anteciparam os planos, expondo os preparativos aos capatazes da fazenda, que tentam interrogar e torturar Enzi e outros escravos para buscar informações sobre os fugitivos e saciar seu sadismo. É quando Enzi sofre sua primeira mudança e tomado por um Frenesi Selvagem tocado pela Wyrm devora seus algozes juntamente com as escravas desacordadas amarradas no pelourinho do Engenho. Por esses atos repulsivos ele é rechaçado como um monstro pelos outros escravos e sozinho acaba escapando e se perdendo nas matas em volta da fazenda.

A chegada de Enzi aos Guardiões do Utinga pelas mãos dos Cria de Fenris estrangeiros materializa a visão de Poeté “Olho-D’Água”, dando provas de sua competência como Theurge e favorecida pelos espíritos, o que a coloca o desafio de formalizar sua matilha ligando-a agora a um Totem. Quem correrá nesta matilha? Que patrono espiritual aceitará abençoá-la? E quais desafios ela terá pela frente? Só o tempo poderá dizer.

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Porakê Munduruku

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.