À sombra da Grande Samaúma

Porakê Munduruku
5 min readJun 13, 2020

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Terceira Sessão da Campanha Fúria no Inferno Verde

Ano I, 1º Temporada, Terceira Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 25/03/2017 (Sábado)

Resumo da Sessão:

Palavras-na-Escuridão, Galahad e Ratonaketon desembarcam na Vila de Salinas, litoral da Província do Grão Pará, após uma viagem perigosa e cheia de incertezas sobre o seu destino. Embora ferido pela prata Galahad recupera-se bem, mas os ferimentos de Ratonaketon, mais graves e profundos, parecem recusar-se a cicatrizar, mesmo diante do lendário poder regenerativo dos Garou.

Apesar dos transtornos da viagem, em Salinas eles conseguem embarcar em uma pequena embarcação a vela de pescadores nativos e logo alcançam a capital da província, sempre permitindo que Palavras-na-Escuridão tome à frente nas negociações com os humanos.

Em Santa Maria de Belém,os três estrangeiros buscam acomodar-se na capital da província, Palavras-na-Escuridão mais uma vez se coloca a frente das negociações com o dono de uma estalagem local para obter tudo que o grupo precisará em relação a alojamento e alimentação, além de tratar de buscar coletar o máximo de informações e rumores que rondam a capital da Província portuguesa, nesta empreitada ele se afasta mais uma vez dos filhotes deixando-os sozinhos.

Preocupado com os ferimentos do filhote que jurou proteger, Galahad, ele próprio não mais que um filhote apesar da estatura descomunal, decide então buscar por sua própria conta a localização do Caern local, o Forte da Samáuma, que Ratonaketon julga não estar muito distante pelas informações que recebeu em sua seita local antes de sua partida.

A dupla reúne alguns rumores colhidos entre os desconfiados nativos e um impressionante poder de dedução de Ratonaketon para concluir que o Caern deve localizar-se próximo de um lago conhecido como Utinga, não muito distante da Capital da Província e com a fama de ser um local assombrado por monstros e espíritos da floresta. Os dois então partem em direção ao que acertadamente supõem ser a provável localização do Caern, deixando para trás Palavras-na-Escuridão, sobre o qual não tem ideia de onde esteja.

Enquanto isso, já dentro das divisas do Forte da Samaúma, Apoena “Olhos-de-Serpente”, Poeté “Olho-D’Água” e Kamaporã “Presas-de-Coral” conhecem melhor o filhote perdido Uktena, Enzi Sirhan, que por alguma razão parece ter seu destino ligado ao deles.

Apoena recebe do Vigia da Seita local, Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, a tarefa de cuidar e instruir Enzi sobre os costumes da Seita e sua natureza Garou e Poeté é chamada para tratar dos ferimentos recebidos pelo filhote durante sua captura pela matilha dos Rastreadores de Malditos, um episódio durante o qual, por sua postura altiva e arrogante diante do orgulhoso líder da matilha Cria de Fenris. Enzi havia sido “agraciado” com uma cicatriz de batalha, segundo o orgulhoso Adren Consolo-das-Viúvas: “Para que ele jamais se esqueça da importância da hierarquia entre os Garou e aprenda a respeitar seus superiores”.

Enzi demonstra entusiasmo com a descoberta de sua natureza Garou e a possibilidade de que ela possa ser colocada à serviço da causa da libertação dos escravos, mas é aconselhado pela bela e altiva Kamaporã “Presas-de-Coral” a procurar deixar de lado os assuntos humanos e preocupar-se mais com os novos desafios que ele enfrentará como um Garou.

É quando a seita volta a se agitar com o alarme soado pelo Vigia do Caern através de um uivo estrondoso. Novamente estranhos ameaçam atravessar as divisas e em sobressalto toda a seita corre para atender seu chamado contando com o retorno de Consolo-das-Viúvas e seus Rastreadores de Malditos, quem sabe dessa vez com reforços para testar as defesas do Caern?

Mas dessa vez são apenas outros dois filhotes perdidos de aparência estrangeira: Galahad, o andarilho irlandês de estatura imponente, e Ratonaketon, o peculiar filhote Uktena de sangue Cherokee, curvado pelo peso de seus ferimentos.

O desconfiado Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, Vigia do Caern, inicialmente cogita tratar-se de algum estratagema e demonstra clara hostilidade para com Galahad, o estrangeiro da Wyrm que ousa tentar cruzar as divisas do Forte da Samaúma.

Mas eis que descendo por raio de luar que atravessa a copa das frondosas árvores surge imponente Águia-de-Sangue, na forma de um espírito ancestral, ele anuncia ter recebido do próprio Uktena autorização para completar sua missão mesmo após sua morte e apresenta diante de toda a seita dos Guardiões do Utinga: “Une-Dois-Mundos”, Cliath Ragabash Uktena, filho de Lobo-Empulmado Ancião e líder da Seita Uktena Ancestral de MoonLake e emissário dos Uktena das Terras ao Norte; E “Enfrenta-a-Prata-Afiada”, Lua Cheia dos Crias de Fenris, que dali em diante deve ser reconhecido por toda a Nação Garou como Cliath.

A aparição majestosa de Águia-de-Sangue se esvanece de forma tão repentina como iniciou e logo a palavra é tomada por Moacir “Sombra-da-Castanheira”, o líder dos Guardiões do Utinga para anunciar a assembleia e dar as boas vindas aos recém-chegados.

Durante a Assembléia, Enzi Sirhan é reconhecido diante da Nação Garou como o Cliath Galliard Uktena, Turuna “Rompe-Correntes” e, seguindo as tradições dos Guardiões do Utinga, tendo sido acolhido como um filhote nativo da Seita, Ratonaketon recebe um nome em Nheengatu, Atiaia, para figurar ao lado do Nome Garou conferido a ele pelo espírito de seu antigo tutor, Águia-de-Sangue. E é revelado pelo lendário Theurge Moacir “Sombra-da-Castanheira”, que laços de sangue ligam o destemido estrangeiro Galahad “Enfrenta-a-Prata-Afiada” ao indomável Uktena mulato Enzi Turuna “Rompe-Correntes”, ambos filhos de um mesmo Garou Cria de Fenris que há muito tempo cruzou a região.

Durante a assembleia, Galahad e Atiaia decidem unirem-se ao grupo formado por Apoena, Poeté, Kamaporã e Turuna para partir em busca de um totem e formar uma única matilha, guiados por mais uma visão profética de Poeté, onde a Theurge vê surgir um Poraquê fruto da insólita união entre a Uktena e o Avô Trovão.

Apoena “Olhos-de-Serpente”, neto do próprio Moacir “Sombra-da-castanheira”, filho de Tabajara “Relâmpago-Submerso” e herdeiro de Tezcat “Resgata-Segredos” e Ykatean “Abre-Caminhos”, decide então anunciar ao líder da seita a formação de sua matilha e parte em direção ao Coração do Caern, cujo acesso, por tradição é vetado aos membros da seita que não pertençam à linhagem fundadora do Caern, sendo seguido pelos demais membros de sua futura matilha.

Ao chegar ao limiar da Clareira da Grande Samaúma, o Coração do Caern, Apoena imagina seguir sozinho, mas é surpreendido pelo avanço dos demais, liderados por Poeté “Olhos-D’água”, que vacilante e secretamente guiada por seu sagaz Númen, rompe uma das mais sagradas tradições de sua Seita.

Diante de tamanha ousadia, Guaraci “Fúria-do-Boitatá”, o tradicionalista Vigia do Caern ensaia uma dura repreensão contra o grupo de insensatos cliaths, mas é surpreendido pelo acolhimento que Guaimiaba, o espírito defensor do Caern, e o próprio Moacir “Sombra-da-Castanheira”, líder da Seita, fazem à ousadia desses cliaths, convidando-os todos para partilhar naquela noite à sombra da Grande Samaúma.

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Porakê Munduruku

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.