Uma Tempestade no Horizonte

Quarta Sessão da Campanha Fúria no Inferno Verde

Porakê Munduruku
7 min readJun 13, 2020

Ano I, 1º Temporada, Quarta Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 15/04/2017 (Sábado)

Resumo da Sessão:

À Sombra da Grande Samaúma, no coração do Caern dos Guardiões do Utinga, Moacir “Sombra-da-Castanheira”, a Lenda Viva dos Uktena e Líder da Seita, surge entre as imponentes raízes tabulares para receber os ousados Cliaths que se aproximam sob a liderança de seu neto, o jovem Filodox, Apoena “Olhos-de-Serpente”.

Olhos-de-Serpente anuncia ao Grande Ancião a intenção dos presentes em formar uma nova matilha que esteja a serviço da Seita e a decisão tomada por todos, em decorrência de uma visão profética revelada à Poeté “Olho-D’água”, de partirem em uma jornada em busca da benção do Poraquê, almejado totem da futura matilha.

Moacir demonstra satisfação com a notícia e abençoa a demanda do grupo, reconhece a sabedoria de Poeté, que com suas visões e talento para a cura, avança mais um passo em direção ao segundo posto e afirma que uma tempestade se aproxima no horizonte e ele prevê dias difíceis no futuro da seita e espera que esta jovem e curiosa matilha que surge possa ajudar a fazer frente aos desafios dos dias vindouros. Mas também os adverte de que, antes de partirem, devem solucionar os assuntos pendentes na capital da província. Pois, ele, Moacir, fazendo jus a sua fama como Theurge lendário, havia sido informado por aliados espirituais da presença oculta de dois filhos do Avô Trovão na cidade, um deles é um poderoso inimigo jurado dos Uktena e o outro, um jovem e arrogante Senhor das Sombras que desembarcou na cidade na companhia de Atiaya “Une-dos-Mundos” e Galahad “Enfrenta-a-Prata-Afiada”, caberia à pretensa matilha decidir se deveria ser apresentado diante da seita como aliado ou inimigo.

Diante dos conselhos do Grande Ancião, a matilha parte em busca de resgatar Alejandro “Palavras-na-Escuridão”, o misterioso companheiro de viagem responsável pela fuja fuga bem sucedida de Atiaya e Galahad desde Stabroek. Mas antes mesmo que possam deixar as divisas do Caern, os ouvidos atentos de Apoena e Poeté são alertados pelo canto de mal agouro do acauã, que chama sua atenção para uma batalha aérea que se desenrola entre as copas das árvores, no reflexo umbral das matas nas divisas do Caern. Dois espíritos Acauã denunciam a presença de um Corvo da Tempestade, enquanto lutam para afugentá-lo para longe do Caern.

O Corvo da Tempestade foge em direção à cidade e a matilha, cuja atenção foi despertada pelo interesse de Apoena e Poeté pela estranha ave negra, o perseguem como podem. O astuto espírito corvo singra os céus com rapidez e maestria, demonstrando a capacidade de mesclar-se às sombras, sempre além do alcance da matilha, que por vezes parece perdê-lo de vista. Mas as habilidades de caça de Galahad, desenvolvidas pelas incontáveis caçadas noturnas nos rincões selvagens da Irlanda na companhia de seu velho tutor, reforçadas por um bom punhado de sorte, parecem ser o suficiente para mantê-los no rastro correto, ainda que eles, por fim, percam o espírito de vista ao aproximarem-se dos casebres sombrios e miseráveis na parte mais pobre e decadente do reflexo umbral da cidade de Santa Maria de Belém.

Sob a liderança de Olhos-de-Serpente, a matilha divide-se em dois grupos para tentar encontrar o paradeiro de Palavras-na-Escuridão, que eles acreditam estar de alguma forma ligado à aparição do misterioso Corvo da Tempestade. De um lado, o brilhante Ragabash Atiaya “Une-dois-Mundos”, a inexperiente Ahroun Kamaporã “Presas-de-Coral” e o orgulhoso Galiard Enzi “Rompe-Correntes”. Do outro, o imponente Galahad “Enfrenta-a-Prata-Afiada”, a sábia Poeté “Olho-D’Água” e o sagaz Apoena “Olhos-de-Serpente”.

A insistência com a qual o jovem Cherokee acompanhava seu pai nas caçadas, muito antes de sua primeira mudança, dão frutos e ele lidera o grupo que primeiro se depara com os Senhores das Sombras. No chão ele vê Palavras-na-Escuridão, imobilizado por um amuleto em forma de corda, enquanto um Garou imponente de pelagem negra como uma noite de lua nova, coberto por cicatrizes de batalha e por uma pálida luminescência prateada caminha em sua direção. Tomado pelo afã de vingar a morte de seu amigo e Tutor, ele não pensa duas vezes antes de saltar sobre as costas do Garou em Crinus, gritando o nome “Águia-de-Sangue” como um grito de Guerra.

Na batalha que se segue, os três jovens Garou dão o melhor de si diante do poderoso e experiente Ahroun Senhor das Sombras, “Colecionador-de-Escalpos”, alfa da Matilha dos Serpent Slaugters, que sozinho demonstra ser mais do que um desafio à altura com sua velocidade e resistência surpreendentes, mesmo para os padrões Garou, e suas ameaçadoras garras de prata. Mas Kamaporã demonstra seu talento nato como uma Ahroun abençoada pelo Grande Pégaso e em sua batalha de estreia é a única que se mostra capaz de superar as defesas do oponente e derramar seu sangue, cumprindo a profecia feita por Moacir quando lhe conferiu o nome Presas-de-Coral, “tão bela, quanto letal”.

A batalha se desenrola com o poderoso guerreiro Senhor das Sombras distribuindo golpes como uma tempestade negra de garras prateadas, Enzi e Atiaya conseguem manter-se longe da maioria de seus poderosos ataques, mas a destemida Kamaporã mergulha sobre o oponente sem importar-se com sua própria segurança para defender sua matilha e se vê gravemente ferida. É quando chegam Olhos-de-Serpente, Poeté e Galahad. Enzi lança o Chamado da Wyld conclamando seus companheiros de matilha à batalha. Poeté apressasse para libertar Palavras-na-Escuridão, ainda amarrado e no chão, aparentemente incapaz de superar a poderoso proteção em torno de seu oponente, o Ragabash Atiaya junta-se a ela deixando a batalha para os guerreiros mais competentes da matilha.

A entrada de Olhos-de-Serpente e Galahad parece reequilibrar o combate, embora ambos sejam feridos, Galahad, ferido com gravidade só permanece de pé pelos efeitos do dom “Resistência a Dor”. Mas a sorte parece sorrir para os Cliaths e ao final, “Colecionador-de-Escalpos” é morto por um golpe especialmente poderoso de Galahad, mas não sem antes marcar para sempre com cicatrizes de batalha o próprio Galahad e a corajosa Kamaporã, os dois Ahroun da matilha. Vendo cair o último dos Serpent Slaugters, o Poderoso Typhon, totem da Matilha caída, faz despencar dos céus cor de chumbo da penumbra Amazônica um poderoso raio que fere todos os presentes ao atingir o centro do campo de batalha anunciando o fim do combate. Em seguida, Palavras na Escuridão se lança sobre o corpo caído de “Colecionador-de-Escalpos” para arrancar a cabeça do corpo imóvel com suas garras de Crinus.

Após o duro combate, os membros feridos e debilitados da matilha discutem o que fazer com relação a arrogante Palavras-na-Escuridão. Pesa a seu favor o papel que cumpriu na condução segura de Atiaya “Une-Dois-Mundos” e Galahad até a Cidade de Santa Maria de Belém, mas contra ele há o terrível crime de ter traído suas próprias tribo, seita e matilha. O que esperar de um traidor estrangeiro que jamais poderia ser realmente bem vindo no interior do Forte da Samaúma? Ressalta Olhos-de-Serpente.

A tensão entre os dois filodox, Apoena “Olhos-de-Serpente” e Alejandro “Palavras-na-Escuridão” é tangível enquanto se desenrola o debate que decidirá o destino do Senhor das Sombras. É como se por um instante a guerra entre as duas tribos se materializa-se no debate agressivo entre os dois. Com um sinal de cabeça Olhos de Serpente dá a ordem para que Galahad imobilize novamente Palavras na escuridão, tendo decidido levá-lo como prisioneiro até o Caern, relutantemente Galahad cumpre a ordem.

Palavras-na-Escuridão ressalta a atitude traiçoeira de Olhos-de-Serpente, que ignorando as acusações do Senhor das Sombras, coloca nas mãos de Atiaya “Une-Dois-Mundos” a decisão de como o estrangeiro deve ser apresentado à seita. Inimigo ou Aliado?

Une-Dois-Mundo se pronuncia pela defesa de Palavras-na-Escuridão, lembrando que o Filodox Senhor das Sombras não tem para onde regressar, traiu sua Tribo, sua Seita e sua Matilha para salvar a vida do próprio Atiaya e certamente seria morto pelos Senhores das Sombras se fosse abandonado. Recorda, ainda, da visão de Poeté, onde um Poraquê surgia como resultado da união entre a Uktena e o Avô Trovão, talvez, e só talvez, o fim da longa guerra entre Senhores das Sombras e Uktenas esteja próxima do fim, e Palavras-na-Escuridão, como parte de uma matilha hegemonizada por Uktenas, tenha um papel a cumprir nessa história.

No caminho de volta ao Caern, sob a sombra de uma castanheira antes de chegarem às divisas, a Matilha se depara com o Grande Ancião Moacir, ele os interroga sobre a natureza do senhor das Sombras que carregam como prisioneiro. Aliado ou Inimigo?

Apoena esclarece que ele é um aliado, então Moacir “Sombra-da-Castanheira”, os aconselha a partirem logo que possível em sua jornada de busca de seu totem e não retornar ao Caern sem que o jovem Senhor das Sombras tenha tido a oportunidade de provar seu valor. Assim, Palavras-na-Escuridão é liberto e a matilha parte em direção à Santa Maria de Belém agendando sua partida para dentro de sete dias, tempo suficiente para curar todos os ferimentos e preparar a partida.

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Porakê Munduruku

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.