Visagens na Vila de Beja

Sétima Sessão da Campanha Fúria no Inferno Verde

Porakê Munduruku
4 min readJun 13, 2020

Ano I, 2º Temporada, Sétima Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 24/06/2017 (Sábado)

Resumo da Sessão:

A Matilha Tempestade sob o Rio prepara-se para partir em direção à distante Vila de Beja, após um dia de preparativos e mais de um dia de caminhada, onde foram obrigados mais de uma vez a cruzar à nado os grandes rios da região, a Matilha incompleta, lamentando a ausência de Kamaporã Presas-de-Coral, chega à pequena vila praiana de pescadores na hora mais escura da noite.

O Alfa, Apoena Olhos-de-Serpente, recapitula as informações sobre a missão repassadas pelo controverso Ragabash Filho de Gaia, o Cônego, João Bastista “Língua-Ferina” Campos. Sua missão é resgatar o Parente Mokolé, aliado de Língua-Ferina, Preto Domingos, um velho ex-escravo e feiticeiro de origem estrangeira, que alega ter tomado parte nos acontecimentos que culminaram vitoriosa Rebelião de Escravos no Haiti, sendo perseguido por algozes franceses até Cayenna, de onde teria vindo parar na insuspeita Vila de Abaetetuba e lá entrado em contato com o jovem Batista Campos, que seria fortemente influenciado pelos ideais republicanos, abolicionistas e revolucionários do sábio preto velho.

Por alguma razão ainda desconhecida, Preto Domingos havia despertado o interesse de uma infame bruxa, conhecida pelo povo comum da província simplesmente como Matinta. Os relatos sobre a bruxa eram confusos e desencontrados. Ela era descrita, ora como uma velha de aparência decadente capaz de assumir a forma de uma enorme porca branca com o habito de devorar as próprias crias e invadir cemitérios para se alimentar de cadáveres, ora como uma jovem de cabelos desgrenhados e aparência sedutora, ou doentia, capaz de assumir a forma de um pássaro noturno de mau agouro, ou ainda, como mesclas bizarras dessas duas versões. Os Membros da Matilha Tempestade Sob o Rio não sabiam exatamente o que esperar, mas estavam decididos a derrotar essa ameaça da Wyrm e retornarem cobertos de Glória para serem reconhecidos como Fostern a tempo da próxima Assembleia da Seita, marcada para a próxima Lua Nova.

A matilha vasculhou as precárias ruas de pinçara e terrenos baldios da vila em busca de pistas sobre o paradeiro da Bruxa, mas foi através do dom Sentir a Wyrm que a atenção de Palavras-na-Escuridão foi atraída para o que parecia ser um grande foco de corrupção nas matas além da vila, enquanto o interesse de Galahad foi atraído até um casebre com a janela entreaberta no limite da vila. Através da janela, com a luminosidade do luar, os olhos aguçados do Ahroun Cria de Fenris, foram capazes de discernir uma criatura da Wyrm, um vampiro, se alimentando de um jovem caboclo desacordado. Transbordando de Fúria, Galahad adentra a casa com rapidez e consegue agarrar a criatura, que tentava escapar de suas garras assumindo a forma de um morcego, logo Enzi e Apoena se uniriam a seu companheiro de Matilha.

Lutando para controlar a própria fúria e o desejo de por fim a existência amaldiçoada daquela criatura da Wyrm, Galahad tenta interrogar o Vampiro que ele mantêm aprisionado em suas garras e Enzi e Apoena tentam auxiliá-lo no interrogatório. O Terror inicial do vampiro é logo substituído por uma postura cínica e desafiadora de quem não parece disposto a revelar qualquer informação a seus captores. A postura do sanguessuga enfurece Galahad que decide por fim a existência da criatura ao concluir que não conseguiria arrancar qualquer informação do vampiro.

A atenção da Matilha é repentinamente atraída pelo canto de um pássaro que parece dizer “Ma… Tin… Ta… Pereira!” todos correm para se reunir no local de onde parece ter partido o canto, a praça central da vila, que parece completamente abandonada, cercada por casas trancadas e em completo silêncio. Mas a figura de uma jovem de cabelos desgrenhados e olhar desafiador surge próximo do outro lado da praça. Julgando estar finalmente diante da bruxa, Galahad é tomado pelo Frenesi da Wyrm e parte em sua direção para dilacerar e devorar seu alvo, mas a imagem da menina desaparece ao ser tocada por suas garras, aumentando ainda mais sua frustração, completamente dominado por seus mais baixos extintos, um incontrolável Galahad se volta contra o único alvo em sua linha de visão, o jovem caboclo desacordado, vitima do vampiro, dentro do cômodo de um casebre do qual uma das paredes, aquela voltada em direção à praça, o próprio Galahad havia derrubado instantes antes.

Uivando para a lua cheia e transbordando de sede de sangue e carne humana, o Ahroun tomado pelo Frenesi da Wyrm parte em direção a seu novo alvo indefeso, enquanto os membros de sua matilha que antes tentavam se manter longe da linha de visão de seu companheiro descontrolado, partem para tentar impedir a tragédia. Mas eis que entre o jovem e o Ahroun descontrolado, surge inesperadamente Kamaporã, a guerreira Fúria Negra, ela confronta seu companheiro de matilha e é atingida por ele, mas não sem antes despejar sobre sua cabeça o conteúdo de um odre em forma de chifre, água do Lago de Prata do Érebo, que potencializa o uso de seu novo Dom, “O Alento da Wyld”, só o suficiente para restituir a sanidade de Galahad.

O primeiro assalto do confronto com a Matinta havia, por muito pouco, escapado de se tornar um verdadeiro massacre de inocentes. E pelo menos o sagaz Ratonaketon agora tinha uma certeza, quem quer que pudesse se esconder atrás do epíteto de “Matinta”, era certamente um oponente muito esperto e que sabia muito bem com quem estaria lidando e essa missão estava muito longe de ser o passeio que a Matilha imaginava.

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Porakê Munduruku

Mombeu’sara, griô amazônida e escritor. Administrador da Página Brasil in the Darkness e integrante da Kabiadip-Articulação Munduruku no Contexto Urbano.