(Imagens: Liga Retrô e RetrôMania)

Marginais da Capital

Lucas Rubio Ayres
Adeptos & Apaixonados

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Existem três clubes em São Paulo, outros três clubes. Outros, porque na cidade existem também os grandes Corinthians, São Paulo, Palmeiras. Mas não são necessariamente pequenos. Têm estádio, tradição, torcida. São marginais, não somente por estem todos próximos ou no decorrer da Marginal Tietê, mas porque estão de fora do centro futebolístico da cidade do Trio de Ferro. Estão de fora dos campeonatos de elite, de fora do hall de campeões, da cobertura midiática.

No leito da Marginal Tietê, na altura da Avenida Cruzeiro do Sul, a oeste, e do antigo Carandiru, ao norte, estão localizados o estádio, o museu e a sede, enfim, da Associação Portuguesa de Desportos, time campeão paulista, vice-campeão brasileiro, que apresentou ao futebol craques como Djalma Santos, Zé Roberto e Dener, que empresta o nome a estação de metrô Portuguesa-Tietê.

Não muito dali, à leste ou à oeste, você encontra os outros Marginais. À oeste, na altura da avenida Nicolas Boer, a um quarteirão da marginal, está localizado o Nicolau Alayon, a casa do Nacional Atlético Clube, a nobreza do futebol em São Paulo. O clube é herança direta do São Paulo Railway Athletic Club, um dos primeiros do País, por quem atuou Charles Miller, na dita primeira partida de futebol em território nacional.

À leste, mas mais à sudeste, na verdade, descendo a Rua (ou na estação) Bresser, chega-se na tradicional Rua Javari, endereço e coração do Clube Atlético Juventus, o time que homenageou a Juventus italiana em seu nome e o rival Torino no uniforme, o “Moleque Travesso” que tanto aprontou com seus rivais paulistanos. Um time que conquistou Taça de Prata, Copa São Paulo, A2 do Paulista e por quem atuou cobras como Oberdan Cattani, Julinho Botelho, Luizinho e Felix.

Marginais esportivos, mas o centro afetivo de milhares de paulistanos nas horas de futebol, seja nas manhãs dos fins de semana ou nas noites de segunda, terça ou sexta-feira. É também central na história de bairros e de colônias de imigrantes: a Portuguesa com e seu lusitano Canindé; A Juventus e sua italiana Mooca; O Nacional e sua anglo-brasileira Barra Funda.

Nesses bairros e colônias, os Marginais têm grande peso no núcleo familiar de seus residentes, ligando o passado e o presente através dos costumes e tradições a eles atrelados. Para essas famílias, a torcida por esses times é praticamente uma herança.

Mas e quem não teve essa herança? Quem não reproduz nenhum costume familiar, que não teve um exemplo materno ou paterno para seguir, e que começou a torcer para esse outros times por uma simpatia desenvolvida, por uma conexão inesperada?

São esses torcedores, que têm uma tradição diferente dessas tão tradicionais torcidas, marginais dos Marginais, que são retratados nesta série de perfis. Têm um torcedor que virou a casaca, outro que começou a torcer por gostar de geografia e outro porque encontrou no clube uma família

Descubra-os:

A série “Marginais da Capital” é parte da publicação Adeptos e Apaixonados, esta que é parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da UNESP. Você pode conferi-lo aqui ou aqui.

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