Favoritos ADQSV 2020: lista das colaboradoras

Once Again, It’s Okay To Not Be Okay e Until We Meet Again, por Iza, Mari e Sam!

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8 min readFeb 7, 2021

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Introdução por Jéssica Oliveira

Feliz 2021! O ano de 2020 foi difícil para a saúde física, mental, econômica e política do mundo. Com a pandemia de COVID-19, a indústria de entretenimento procurou meios de se reinventar e se manter ativa apesar de tudo. O leste asiático se saiu bem nisso, a TV de países como Coreia do Sul, Japão, Taiwan, China e Tailândia (Sudeste Asiático) deram seu melhor dentro das possibilidades com medidas de segurança altamente necessárias. Tivemos atrasos, claro, e muitos filmes passando reto das salas de cinema e indo direto para os serviços de streaming.

Embora tenha sido um ano exaustivo para todos e para a equipe fixa do blog (eu, Aly, Suca e Lu), ganhamos ânimo extra com novas colaboradoras que convidei especialmente para este “Favoritos ADQSV 2020”. Diferente do ano anterior — com os favoritos de 2019 — , mais redatoras tornou possível mais material, posts e diversidade de países. A equipe do blog é pequena e não conseguimos ver tudo que sai, mas trazemos nossas singelas listas para vocês. Essas são nossas impressões sobre as histórias que fizeram nosso 2020 melhor e mais suportável, dramas que nos alimentaram a alma nos dias mais complicados, e eu espero sinceramente que tenha ajudado a todos vocês, queridos leitores visionários.

Essa é a lista das redatoras convidadas. Para todos os favoritos da redação, confira este sumário abaixo.

SUMÁRIO: FAVORITOS ADQSV 2020

Favorito da Iza (Izabella Lenza, do Choi Woo Shik Brasil)

Once Again (Coreia do Sul)

Assistir a Once Again (2020), o novelão de 100 episódios da KBS da roteirista Yang Hee Seung, foi como estar em casa, vivenciando tudo de bom que um lar pode oferecer: conforto, alegria, amor e leveza. Ele se tornou meu preferido do ano e um drama inesquecível por inúmeros motivos, principalmente por manter sua qualidade do início ao fim tanto no roteiro, como atuações, OSTs e ritmo dos episódios. Todos os episódios foram envolventes e necessários para contar a história da família Song, seus quatro filhos e dos vários agregados. A casa da família Song é como coração de mãe, “sempre cabe mais um”, e o roteiro soube explorar cada personagem e suas singularidades, mostrando o valor de cada um. Once Again trata sobre questões humanas, cotidianas e próximas da realidade de muitos de nós, assim me identifiquei com diversos dilemas e sentimentos.

O drama aborda questões familiares e individuais, problemas, mudanças, adaptações e conflitos — e apesar de tratar sobre vários temas, nenhum deles foi negligenciado com o avançar do drama, como: separação de casais e também de irmãos; a complexidade das relações de afeto; o emocional de filhos de pais separados; aborto; expectativas familiares nos relacionamentos; traição; dependência de álcool e os reflexos da mesma; construção de relações de amor, amizade e trabalho; envelhecimento, etc. O protagonismo feminino também foi um aspecto interessante em Once Again, visto que dos quatro filhos, três são mulheres, e diversas outras mulheres têm papel central na trama que muitas vezes reflete a perspectiva destas sobre suas próprias vidas e escolhas.

Tratar desses temas sérios com humor e leveza foi um dos diferenciais de Once Again que conseguiu me cativar, me fazer torcer pelos personagens e pelos lindos casais (casais diversos, com idades, propósitos e formas de expressar os sentimentos únicas — destaco Song Da Hee (Lee Cho Hee) e Jae Seok (Lee Sang Yi) casal cheio de química e naturalidade), me emocionar pelos encontros e reencontros, vibrar com suas descobertas e o processo de autoconhecimento deles; com a evolução dos personagens e me fazer sentir saudades até hoje. Afinal, sinto que aprendi com eles e me tornei parte dessa grande família.

Onde assistir: KOCOWA, Viki.

Favorito da Sam (Samantha Sant Ana)

It’s Okay To Not Be Okay (Coreia do Sul)

Quando comecei esse drama, ele já me surpreendeu pela abertura, que lembrou muito a estética de Tim Burton, um ar sombrio e ao mesmo tempo sensível e delicado. Descrição que casa bem com os traumas e as mágoas presentes na maioria dos personagens. Afinal, também somos feitos de sombras, sombras que às vezes foram formadas na infância e nos afetam até a vida adulta.

Contudo, o que eu mais amei em It’s Okay To Not Be Okay (Tudo Bem Não Ser Normal) foi o fato de não encaixar o tratamento de um transtorno mental (independentemente de sua origem ou classificação médica) apenas no tempo dos episódios. Algumas feridas levam tempo, muito tempo, para cicatrizarem, outras, nunca irão se fechar por inúmeros motivos… Mas é possível conviver com elas de uma maneira nova, fazendo com que doam menos que antes. E que sim, está tudo bem não ser “normal” (afinal, o que é ser normal?), ou seja, tudo bem ter problemas, mostrar que tem, pedir ajuda e não ter vergonha alguma disso.

“As pessoas ficam juntas porque são fracas, por isso nos apoiamos. É isso que nos torna humanos.

Assim, o romance que surge entre um cuidador que trabalha em um hospital psiquiátrico e uma escritora de obras infantis pra lá de INCRÍVEIS (quem sonha em ter a versão física de cada livro dela levanta a mão 🖐🖐🖐) é permeada pelo enfrentamento de seus monstros, fraquezas, medos, desejos suprimidos e mistério. Há um assassinato e um desaparecimento que ocorrem ainda na infância dos personagens e que nunca foram explicados.

Além disso, adorei o fato de a prota ser uma mulher independente e que não tem medo de falar o que quer. Mas o ponto alto de It’s Okay To Not Be Okay, pra mim, ainda é ele: Moon Sang-tae, interpretado brilhantemente por Oh Jung-se. No dorama, ele é o irmão mais velho de Gang-tae e foi diagnosticado com autismo ainda criança. Sang-tae, enquanto se desenvolve ao longo da trama, também nos ensina e encanta em todos os episódios.

Por fim, o plot que mais me fez chorar: o entendimento de Gang-tae em relação às atitudes de sua mãe e de si mesmo. Infelizmente, às vezes é preciso tempo para que consigamos entender que algumas ações de nossos pais são motivadas pelo melhor que eles são capazes de fazer naquele momento. Eles erram, nós nos magoamos e carregamos essa dor até compreendermos que nunca foi falta de amor, talvez de compreensão. E assim, o que podemos fazer quando já não os temos para abraçar ou até brigar, é escolher o que faremos com nossas vidas a partir de agora. (Dica: Faça terapia e assista esse drama lindão!).

Onde assistir: Netflix.

Favorito da Mari (Mari Barbosa)

Until We Meet Again (Tailândia)

Until We Meet Again ou UWMA é um drama tailandês do gênero BL (boys love), adaptação do romance “The Red Thread”. A maior e melhor surpresa em dramas asiáticos de 2020.

Os primeiros 10 minutos da série são realmente impactantes. Numa época de extrema intolerância, onde a homossexualidade era inaceitável, o adolescente Intouch se aproxima de Korn e ambos desenvolvem sentimentos um pelo outro. Enquanto tentam viver essa relação, as circunstâncias não se tornam mais fáceis principalmente porque Korn é de uma família de mafiosos. Com os pais de ambos totalmente contra, a pressão acaba se tornando sufocante e esse romance acaba em tragédia: ambos cometem suicídio.

Intouch e Korn

30 anos depois nós podemos ver Pharm, um calouro da universidade esbarrar em Dean, um veterano e líder da equipe de natação. Ambos ficaram totalmente desnorteados com esse encontro e são atormentados por pesadelos, Pharm e Dean sempre tiveram a sensação de estar esperando por alguém que nem sequer conhecem o rosto, a provação desse amor é que o mesmo laço forte que os uniu novamente também trouxe as lembranças desse passado trágico que precisa ser resolvido para que possam viver em paz.

Com esse enredo sobre reencarnação e o fio vermelho que une duas vidas, muito se pode aprender sobre o budismo, a religião predominante na Tailândia, sobre as crenças e também sobre a cultura em geral, já que Pharm é o melhor em cozinha tradicional tailandesa, e nós podemos ver muitos pratos e doces do país. O drama se tornou algo único trazendo todo um contexto cultural no seu roteiro.

Pharm e Dean

Apesar da carga pesada no enredo, a história consegue ser surpreendentemente atual e divertida. Temos o equilíbrio perfeito entre o drama e o respiro necessário. Ouso dizer que tudo em UWMA é perfeito: desde a trilha sonora até o final, os atores estão impecáveis e entregam toda a emoção necessária, tudo se encaixa, é explicado e muito bem desenvolvido.

Além dos 13 episódios, o drama tem ainda dois bônus. O primeiro é que o ator e protagonista Fluke Natouch (Pharm) é um dos únicos atores tailandeses assumidamente gays. A segunda é que UWMA traz um episódio especial com um making off e entrevistas com o elenco abordando temas importantes, questionando seus pensamentos sobre a comunidade LGBTQIA+ e as séries BL.

Não seria justo comparar este BL aos outros atuais do mesmo gênero, pois tudo nele superou as expectativas, é uma obra de arte.

Onde assistir: Pi Fansub, Lianhua Fansub.

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