Review da temporada — Os calouros maravilhosos de 2018
John Elway, como jogador, é indiscutível. A torcida do Denver Broncos não pode dizer um “ai” em relação ao melhor jogador de sua história. Poucos jogadores na história da NFL são tão incontestáveis como nosso querido John.
Mas é aquela velha história: ou você morre como herói ou vive o bastante para se tornar o vilão. John Elway se tornou em 2011 o General Manager do Denver Broncos, com a missão de levar o time do Colorado às glórias que ele proporcionou em seus tempos de Quarterback.
Nessa trajetória de 2011 pra cá, Elway colecionou ótimas atuações na Free Agency e… drafts minimamente questionáveis. Obviamente que nesse período, Elway escolheu jogadores que produziram, mas o apanhado geral não é satisfatório.
Dito isso, tivemos uma ótima posição no Draft de 2018 e um time cheio de buracos pra preencher. Era hora de Elway fazer seu melhor Draft desde que assumiu como GM. E bem… é complicado argumentar o contrário. Bradley Chubb, Courtland Sutton, Royce Freeman, Josey Jewell, Isaac Yiadom, DaeSean Hamilton e Sam Jones foram selecionados no Draft e contribuíram logo de cara. Inclusive foram colocados em situações bem desfavoráveis no final da temporada e corresponderam à altura. Sem falar de Phillip Lindsay, nosso UDFA de ouro que dispensa comentários e foi um dos nossos melhores jogadores no ano, quiçá o melhor.
Elway mudou drasticamente sua maneira de conduzir suas escolhas de Draft em 2018. Se em 2016 e 2017 os Broncos selecionaram jogadores com bastante potencial, mas muito crus, em 2018 John Elway colocou como prioridade jogadores que estavam mais prontos para jogar na NFL desde o 1º dia. O time deu preferência para jogadores que atuaram como capitães em suas universidades. Parece que deu certo e deve ser um padrão daqui pra frente.
Bradley Chubb
A escolha de Bradley Chubb foi uma certa surpresa para muitos, visto que a ampla preferência da torcida era um QB ou simplesmente um jogador que pudesse melhorar o pífio ataque de 2017. Elway mostrou que valoriza demais um pass rusher de qualidade e escolheu o capitão da defesa de North Carolina State para formar uma das melhores duplas de Edges da NFL com Von Miller (que comemorou muito a escolha de Chubb na época).
O resultado dessa parceria: 26,5 sacks combinados e o recorde da franquia de sacks como rookie para Chubb (12), ultrapassando o próprio Von Miller em 2011. Isso que Chubb começou a temporada tímido com apenas 1,5 sacks nos 5 primeiros jogos. Imagina nosso monstrinho em seu segundo ano e com um Head Coach que é uma mente defensiva genial. O céu é o limite.
Courtland Sutton
Emmanuel Sanders e Demaryius Thomas não eram mais nenhuns meninos, o corpo de Wide Receivers não era dos melhores e mais extensos, e o melhor WR do board de John Elway estava disponível na 40ª escolha. Courtland Sutton, capitão em SMU, foi selecionado para ser um futuro substituto da nossa eterna dupla DT-Sanders, além de contribuir logo de cara, obviamente.
Notavelmente conhecido por sua envergadura e sua capacidade de ganhar no mano a mano bolas questionáveis, Sutton rapidamente se tornou o WR3. Por muitas vezes vimos Sanders como Slot Receiver e Sutton alinhado como split end (WR mais afastado na ponta), justamente para valorizar a habilidade de separação e ganho de jardas pós recepção de Sanders e colocar Sutton em situações de marcação individual contra Cornerbacks, na grande maioria das vezes, menores que ele.
A confiança no time em Courtland ficou ainda mais evidenciada na semana 9 quando os Broncos trocaram o ídolo Demaryius Thomas para o Houston Texans. Somados aos problemas de drops, o grande salário e a notória queda de produção de Thomas, Sutton pediu passagem como jogador de big-plays. Devido à fragilidade do ataque como um todo, não pudemos explorar Sutton ao seu máximo, fazendo com o que o rookie de 2018 anotasse “apenas” 42 recepções para 704 jardas e 4 TDs.
Se me perguntassem minha previsão para Sutton em 2019: melhor amigo de Joe Flacco na redzone junto com Noah Fant.
Royce Freeman, Josey Jewell, Isaac Yiadom e DaeSean Hamilton
Embora esses quatro não tenham tido o destaque dos dois primeiro citados e de Phillip Lindsay, que teve um texto praticamente dedicado a ele nessa série, todos contribuíram no time titular. Principalmente na segunda metade da temporada.
Quem começou muito bem a temporada foi Royce Freeman. Nomeado titular do time na pré temporada, foi o principal RB do time no que diz respeito ao número de carregadas durante os primeiros jogos. Com o advento do crescimento na produção de Phillip Lindsay, Freeman foi perdendo espaço até se lesionar na semana 7 contra os Cardinals. Dali pra frente, Lindsay foi o titular e dono da posição, com Freeman sendo utilizado em algumas situações óbvias de corrida. Adentrando na semana do Training Camp, espero ver um Freeman recuperado da lesão e motivado a recuperar a posição ou simplesmente ser mais envolvido no plano de jogo do novo coordenador ofensivo, Rich Scangarello.
Falando em lesões, essas dizimaram os Broncos do meio para o final da temporada, forçando jogadores como Brandon Marshall, Chris Harris Jr e Emmanuel Sanders a perderem diversos jogos. Com isso, foi hora dos novatos darem um passo a frente e queimar uma etapa de aprendizado e amadurecimento. E eles entregaram um trabalho minimamente razoável, dada a situação complicada que se encontravam.
Josey Jewell substituiu Brandon Marshal juntamente com Todd Davis e muito provavelmente veremos bastante essa dupla em campo, como os principais ILBs do time. Os ILBs do esquema de Vic Fangio são de extrema importância. Jewell mantendo sua capacidade de executar tackles e melhorando sua cobertura contra o passe, será uma peça essencial para a defesa dos Broncos.
Isaac Yiadom teve a difícil missão de substituir um dos melhores CBs da NFL após a lesão na perna de CHJr, mas foi bem nos 3 jogos finais da temporada e inclusive honrou CHJr ao interceptar Phillip Rivers na semana 17. A ver como será utilizado por Fangio, após a chegada do CB Bryce Callahan e o CB/S Kareem Jackson via free-agency. Lembrando que os CBs no esquema em zona não são tão importantes quanto no esquema de marcação homem a homem.
Quanto a DaeSean Hamilton, sua situação era a mais complicada entre esses 3 citados, uma vez que jogava num ataque altamente dedicado ao jogo corrido, medíocre no jogo aéreo e substituir a principal arma aérea do time não é para qualquer um. Apesar disso, teve 2 touchdowns contra os 49ers e os Raiders, e deve disputar a posição de WR em 2019 com Tim Patrick e Juwann Winfree, calouro draftado na 6ª rodada desse ano.
Como dito, John Elway manteve o mesmo modelo de Draft e a classe de 2019, a parte de Drew Lock, conta com jogadores prontos ou bem próximos disso para jogar na NFL. Noah Fant e Dalton Risner, escolhas de 1ª e 2ª rodada, são prova disso: foram capitães em seus times por mais de um ano. Dre’Mont Jones liderou tecnica e psicologicamente o time de Ohio State na ausência de seu melhor jogador, Nick Bosa. Mostrou liderança no momento de adversidade. É isso que Denver precisa. Foi isso que John Elway se preocupou nos dois últimos Draft.
Sem dúvidas, a classe de 2019 ainda precisa se provar. Mas o clima no Colorado é de que ela possa repetir ou ser até melhor que a de 2018. O tempo dirá.
Review da temporada 2018 — Os TEs e RBs
