Por que o seu time deve participar de eventos da comunidade?

A UXCONF BR realizou a sua quarta edição neste ano de 2018 nos dias 18 e 19 de Maio, e mais uma vez a Resultado Digitais patrocinadora do evento desde sua segunda edição estava presente em peso, inclusive na grade de palestrantes com a Caroline Guilherme Designer de Produto e com o Sérgio Schuller, Product Manager.

Caroline Guilherme
Design RD
Published in
10 min readMay 31, 2018

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Este post foi escrito, editado e revisado por várias pessoas: Leonardo Salvador, Aline Driemeyer, Tiago Luiz Aguiar de Souza, Glauco C, Tiago Muraro, Wesley Rocha e Pedro Belleza.

O time da RD esteve presente em todas as edições do evento e cada ano conta com mais participantes. São profissionais da área de Product Design, Marketing e Product Management.

Imagem à esquerda: 18 pessoas da RD na UXConf 2018 (ainda falaram 2 ali!). Imagem à direita: o time da RD na UXConf 2016 com 6 pessoas.

Mas por que sempre fazemos questão de estar lá e levar tanta gente?

Além da UXConf BR ser considerada uma das melhores conferências sobre design da atualidade, ela consegue reunir profissionais renomados do mercado nacional e até mesmo internacional que compartilham suas experiências, motivações e aprendizados.

Para o nosso time da RD, essa imersão no mundo de UX e a interação com profissionais de diversas áreas e empresas, refresca nossa visão das possibilidades e do impacto dos nossos projetos. Esse ano na UXConf BR tivemos uma enorme variação de temas e sabemos que voltamos pra casa e pra nossa mesa respirando novas ideias!

Os aprendizados de um evento com 37 palestras e 6 workshops são diversos, e não podem ser resumidos em um único post (e talvez nem em 5). São conhecimentos que levamos para o dia a dia de nossas equipes.

Com isso em mente, vamos passar um overview dos principais momentos da UXConf BR e quais foram os aprendizados que estamos levando para dentro de casa.

Design como responsabilidade social

Um dos temas destaques nesta edição foram as palestras que abordavam o papel social da nossa profissão. Teve gente incrível, como a Haidée Lima falando de adoção no Brasil, assim como outras(os) com palestras sobre educação, inclusão social e até cultura indígena!

Foi o Thiago Hassu que finalizou o primeiro dia de palestras com uma mensagem incrível sobre empatia quando ele descreveu a incrível experiência de projetar app para índios! Com ele nós entendemos que o design serve sim para gerar mudanças! E se você, ficou curiosa(o) sobre por que índios usariam um app, dá uma olhada no artigo excelente que o Thiago fez!

No tema de educação, enquanto Desirée Santana lembrou a todos que também deve se pensar em UX quando projetamos cursos, o jovem Rafael Imamura (que quis deixar claro que seus 21 anos de idade não querem dizer que ele não está falando sério) nos mostrou seus aprendizados ao desenvolver plataformas que sejam a nova “cara” da educação de crianças.

Thiago Hassu à esquerda. Rafael Imamura à direita.

Se a sua empresa não trabalha com índios ou com adoção, ou crianças, não vai ficar achando que essas palestras não vão servir para o seu time. Talvez você esteja projetando para mulheres, idosos, homossexuais, transsexuais, míopes, ou ainda, para pessoas.

Esses exemplos de cases não são apenas para brilhar os olhos, mas para abrir nossas mentes de que nós não somos nossos usuários, e que mesmo assim, podemos fazer algo para melhorar a vida dessas pessoas. E podemos mudar nossas realidades. Matheus Lamoço e a designer do time da RD, Caroline Guilherme destacaram a luta das minorias e como o design tem tudo a ver com isso.

Caroline Guilherme no final de sua apresentação com um slide em que cita Chimamanda Ngozi Adichie: “A Cultura não cria pessoas; Pessoas criam a Cultura”.

A Carol escreveu um post em que ela conta com detalhes sobre a palestra dela, empoderamento e design, corre lá para ler!

Acessibilidade vem sempre de mãos dadas com o Design de experiência… Será? Infelizmente sabemos que não é bem assim em grande parte dos projetos no mundo, e é por isso que devemos sempre destacar a importância de planejar a acessibilidade e mostrar como isso pode mudar vidas!

A Ingrid Rodrigues compartilhou como foi sua experiência e as dificuldades de criar um aplicativo que tem como objetivo verificar se um idoso apresenta risco para desenvolver algum tipo de doença degenerativa cerebral.

Juan Garcia, que veio da Argentina, nos ajudou (a praticar espanhol e…) a lembrar que melhorar a acessibilidade contribui para a experiência não apenas de minorias, mas de todas as pessoas usuárias.

E sempre que novas tecnologias e tendências surgem, nós precisamos projetar como serão acessíveis. Para entender mais, é só conferir as palestras de Caio Calado sobre chatbots e de Tamy Lemos, sobre SmartTVs.

Palestra do Juan Garcia

Inovação

Falando sobre inovação, não faltou quem falasse sobre isso. Novas tendências, novas tecnologias e o que o futuro nos espera, são temas que sempre rendem bons diálogos, no trabalho, na fila do café, nos happy hours e principalmente nos palcos da UXConf.

Como o Spotify e Netflix usam Machine Learning? As interfaces invisíveis, existem mesmo? Realidade virtual, interface por voz, chatbot. Para tudo isso alguém lá na UX Conf teve uma boa história para contar.

Design como processo

Quer saber sobre como os processos de design estão emergindo e mudando o ambiente de trabalho e os modelos das empresas? Teve muito disso! Muita, mas muita gente está mudando a forma de inserir o design para dentro das organizações e cada vez mais novos processos aparecem, assim como as dicas de quem já vivenciou tudo isso.

Se sua empresa precisa de uma nova perspectiva sobre como ter uma estrutura de design, certamente a UX Conf é o melhor lugar para ir fazer essa pesquisa.

Tanto faz se a empresa é grande ou pequena, nova ou velha, internacional, startup, remota… Certamente você encontrará uma nova ideia para testar! Já experimentou uma sessão de co-criação? Veja essas apresentações da Vanessa Marques e da Adriane Quintas. Ou está em busca de algo mais como Design Critique? Fale com Letícia Pires.

Se a dúvida é mais sobre como engajar um time, ou como criar uma cultura de UX, Tamires Serra, Bruna Silva ou mesmo Demian Borba vão te ajudar nisso.

Precisa lidar com clientes difíceis? A Sol Mesz mostra alguns tipos de comportamento com que temos mais dificuldade de lidar e aponta estratégias para superá-los. Ela reforça que precisamos permitir com que outros envolvidos nos processos de definição também sejam capazes de tomar decisões de design.

E como aplicar métodos de pesquisa? Rodrigo Souza mostrou como tirou diversos insights de entrevistas para gerar personas e o Sérgio Schüler, Product Manager do time da RD, entrou no palco pra dizer que não existem só personas, mas também o jobs-to-be-done que podem trazer uma nova perspectiva sobre como realizar pesquisas.

Sérgio Schüler e sua palestra O que o usuário diz não é o que ele quer: usando jobs-to-be-done para entrevistas qualitativas.

“Clientes não compram produtos, eles contratam uma solução para um job que surge em uma circunstância.”

Acompanhe mais dessa palestra pelo post que o Sérgio preparou.

Trabalhando com números em Design

Se você conhece alguém que ainda não entendeu que números fazem sim parte do trabalho das pessoas que trabalham com Design, por favor recomende algumas palestras para essa pessoa.

Em um mundo em que temos capacidade técnica de guardar somas infinitas de dados dos nossos usuários, a palestra do Huxley Dias foi extremamente oportuna: como transformar dados em estratégia de produto?

Huxley Dias e sua palestra Estratégia de Mensuração para Produtos Digitais

O Huxley propõe que, ao contrário do que senso comum poderia dizer, não devemos começar com a coleta de dados aleatórios. O começo está no nosso objetivo: o que queremos saber? O que precisamos entender dos nossos usuários? Em que fase está o nosso produto? O que queremos? A partir disso, devemos pensar em quais dados podem nos fornecer as informações que precisamos. Devemos começar pelo objetivo de negócio e de produto antes de nos aprofundarmos nas soluções.

Aqui na Resultados Digitais, somos ❤ por dados. Sabemos como é crucial o levantamento correto deles na hora de planejarmos nosso produto. E é exatamente por isso que gostamos tanto dessa palestra.

Marcon Zanin enfatizou a importância a qual devemos dar para a etapa do entendimento do problema combinando dados quantitativos com dados qualitativos, ou seja, quanto mais nos aprofundamos e cruzamos esses dados maior é a chance de entregarmos valor para quem irá utilizar as soluções propostas e consequentemente deixar clara quais são as necessidades dos usuários para stakeholders e outros membros de um projeto.

Quem mais falou de dados? Fernando Ferreira mostrou como os dados de uso são as oportunidades para melhores resultados na Globo Play, Sophia Ragone mostrou como os dados de suporte do app do Sympla norteiam a criação de funcionalidades e Júlia Ghisi não só fala de dados, como também da nossa paixão aqui na RD: Inbound Marketing.

Design e filosofia

Pensando que, muitas vezes, nós designers utilizamos nossa experiência e raciocínio lógico para definir algumas soluções, Jonas Scherer, em sua palestra, nos trouxe um ponto de vista diferenciado ao olhar para o senso comum e a heurística como um “possível” comportamento nocivo no dia a dia dos designers.

Jonas Scherer na sua palestra A philosophy approach for UX

Jonas nos falou que atalhos lógicos nem sempre são os corretos. Ex: “Se o sol nasce em uma extremidade da terra e se põe em outra, obviamente ele está girando em torno da terra”. Sempre temos que ter em mente que uma verdade pode ser questionada e uma hipótese deveria gerar várias outras que podem contradizer, invalidar ou complementar a primeira. Ex.: “Se o sol nasce em uma extremidade da terra e se põe na outra, poderíamos estar girando em nosso eixo?” e assim por diante criando outras questões que podem completar uma ideia se respondidas.

O aprendizado dessa apresentação é sobre termos consciência da abrangência das hipóteses e solução que estamos tomando como verdadeiras. Testar e validar o máximo que pudermos e, se não conseguirmos, saber quais as perguntas não foram respondidas e avaliar se o resultado obtido, sendo bom ou ruim, poderia ter correlação com alguma das hipóteses não testadas.

Ricardo Couto em sua palestra UX + economia comportamental: uma relação complexa e conturbada

O Ricardo Couto, que é designer de interação e Mestre em Psicologia, nos falou sobre os aspectos psicológicos e cognitivos na tomada de decisão das pessoas. Mais do que ser bom ou ruim, ele dizia, ser “irracional” é parte da nossa natureza como pessoas. E, sendo irracionais, nosso cérebro cria tendências naturais em distorcer julgamentos ou situações, o que chamamos de “vieses cognitivos”.

“Nós não somos tão racionais ou especiais quanto pensamos. Mas isso é ok. Isso é humano.”

Ricardo Couto trazendo um slide citando Dan Ariely: “Pela perspectiva da economia comportamental, nós somos falíveis, facilmente confusos, não espertos e geralmente irracionais — somos mais como Homer Simpson do que Super-Homem”.

Nos deparamos constantemente com os vieses dos nossos usuários. Nesse momento, o Ricardo nos lembrou da importância da ética no nosso trabalho, de não nos aproveitarmos dos gatilhos das pessoas para criar produtos que as prejudiquem. Para ilustrar isso (mais precisamente como não fazer isso), ele trouxe o exemplo de um aplicativo de transporte urbano, que fez experimentos com seus motoristas explorando os seus vieses cognitivos para fazer com que eles dirijam por mais tempo, ignorando a saúde deles. Sem dúvida, uma das nossas palestras favoritas da UXConf BR.

O mercado de UX

Está por dentro de como se faz UX no Brasil? Quais nossos anseios? Como trabalhamos? Como as organizações utilizam UX para tomadas de decisão? Outro ponto forte da UXConf BR é podermos entender melhor como e onde atuamos.

Já tradicional no evento, a apresentação dos resultados da pesquisa Panorama de UX foi feita pela Carolina Leslie. Como destaque, esse ano, tivemos: profissionais com menos de 3 anos de experiência se considerando senior; baixa diferença salarial entre homens (61% dos participantes da pesquisa) e mulheres (38%); diminuição de 71% para 56% das pessoas que não usam medidas de sucesso (caso queira aprender mais a Elisa Volpato ensina como); e também depoimentos das pessoas sobre quais foram seus maiores orgulhos na carreira.

Na pesquisa completa podemos conferir que apenas 41% das pessoas participantes considera que sua organização possui uma estrutura de UX multidisciplinar consolidada. Aprofundando essa discussão, o Edu Agni nos trouxe seus aprendizados: “compreender o nível de maturidade de UX da organização é o primeiro passo para implementar uma cultura de UX”. De forma muito didática, nos apontou como identificar o estágio de maturidade da organização onde atuamos bem como dicas de como ser um agente de transformação de acordo com cada estágio. Spoilers: comunicar com outras áreas e disseminar UX pela são pontos chave.

O que fica disso tudo?

Compartilhamos nossos principais aprendizados dessa UXConf BR 2018 e esperamos que seja um incentivo para você que ainda não foi e para você que já foi, continue a participar da comunidade.

Para fechar este artigo, trazemos a mesma mensagem do encerramento do evento todo que veio do Painel de discussão sobre o aprendizado de UX e da última palestra da Ana Domb.

Desenhar experiências trata-se de aprendizado contínuo.

E qual melhor jeito de aprender sobre tantos assuntos diferentes do que uma imersão de 2 dias em um evento da comunidade?

Ana Domb falando sobre o aprendizado contínuo como um de seus maiores orgulhos. À direita ela traz uma citação de um palestrante sobre o evento: “Foi ótimo. O UXConf BR renova minha fé na profissão.”

Foi ótimo, e sim nossa fé está renovada! Nos vemos na próxima UXConf BR ❤.

Aproveite para ler também como foi a UX Conf BR 2017!

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Caroline Guilherme
Design RD

Interaction Designer. Working at RD Station, Co-Founder of Mulheres de Produto https://bit.ly/2JfrPQi