Protesto em Mineápolis, nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd Bryan R. Smith / AFP

Lista Preta: Nomes que Você Precisa Conhecer

Thaislane Xavier
Lado M
Published in
7 min readJun 15, 2020

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Com as novas ondas de protestos antirracistas, desencadeadas no mundo após o assassinato de George Floyd por um policial nos Estados Unidos, muita gente começou a rever o conteúdo que consumia. Seja livros, jornais, influencers, música, filmes e séries, estamos inseridos em uma sociedade em que, ainda, muito pouco se consome de produtos culturais feitos por pretos.

Se você faz parte dessa parcela que decidiu rever tudo o que está ao seu redor, pessoas que segue e ouve, roupa que veste e quem lê, esse post foi feito para você. Nele, a nossa equipe de colaboradoras selecionou um compilado de produtos e produções feitos por mãos negras.

Reprodução / O Tom Mais Escuro

Youtubers

  • Herdeira da Beleza: o canal é do jornalista e maquiador Thassio Santos. Nele, o baiano, traz resenhas, indicações e análises sobre o universo da beleza negra, principalmente produtos para o rosto. Criador do quadro O Tom Mais Escuro, em que testa o tom mais escuro das marcas na pele de uma negra retinta, para ver se de fato elas têm cartela para todo mundo, ele propõe discussões muito relevantes sobre o quanto a pele escura ainda é segregada no universo da beleza.
  • Papo de Preta: as duas jornalista de Juiz de Fora, Natália Romualdo e Maristela Rosa, criaram o canal para discutir preconceito, racismo, negritude e empoderamento. Nesse espaço elas dão uma aula do que é ser negro na sociedade e trazem diversas diferenças sentidas apenas por quem tem a pele preta.
  • Gabi Oliveira: dona de uma senhora simpátia, Gabi DePretas (como é mais conhecida) aborda os mais diversos temas em suas redes sociais e no seu canal, também. Ela tem vídeos que vão de faxina e fala até resenhas de base, passando por indicações de séries, livros e filmes produzidos e protagonizados por pretos e pretas, e discussões sobre a nossa sociedade.
  • Alexsander Costa: para os amantes dos livros esse é um excelente canal. Além de trazer coisas comuns a todos os booktubers, como resenhas, listas e tags, o um bookaholic têm em seus vídeos reflexões sobre a vida e sua história antes de entrar no mundo dos livros.
Reprodução / Instagram

Instagrammers

  • Camilla e seus livros, o perfil feito por Camilla Dias é onde a criadora de conteúdo publica resenhas de livros, fala sobre sociedade, política e seus posicionamentos diante de injustiças e barbaridades presentes no mundo.
  • Adriel, talvez você já tenha ouvido falar do garotinho de 12 anos que fala de livros para a sua idade na internet e pode servir de inspiração para muitos jovens que querem adentrar no universo literário, mas se ainda não, corre para conferir essa fofura em forma de menino
  • Maju Silva com um dos sorrisos mais contagiantes existentes, a criadora de conteúdo fala em seu perfil sobre casamento, cristianismo e beleza. Tudo em um feed harmônico e sem perder a leveza.
  • Pretitudes administrada pela Ana e pelo Caio a página traz discussões que se mostram cada vez mais necessárias em uma sociedade ainda racista. Em seus destaques têm Stories que são aulas sobre cada um dos temas que se propõem a discutir e, ao rolar o feed, você encontra indicações e mais várias pautas importantes.
Reprodução/ Biblioteca do Brasil

Escritoras

  • Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que vem ganhando (ainda bem) cada vez mais notoriedade com seus livros fora do eixo Europa-EUA e o seus discursos empoderadores. Dona dos títulos Americanah, Hibisco Roxo, Meio Sol Amarelo e No seu Pescoço, a autora e ativista é publicada no Brasil pela Cia das Letras e tem seus títulos entre os mais notórios da literatura contemporânea. Seus discursos também ganham visibilidade e foram transformados em livros: Sejamos Todos Feministas, Para Educar Crianças Feministas e O Perigo de Uma Histórica Única, resenhado pelo Lado M.
  • Ayòbámi Adébáyò foi quem escreveu Fique Comigo, romance ambientado na Nigéria que mostra diferenças culturais do país e traz a tona discussões políticas e sociais relevantes. A autora, também nigeriana, foi trazida pela primeira vez pela TAG Inéditos, clube de assinatura que tem trazido vários autores negros em sua curadoria, e, posteriormente, publicada pela Harper Collins.
  • Jarid Arraes é uma escritora completa, além de romances, a nordestina escreve poesias e cordéis. Seus títulos são: As Lendas de Dandara, Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis, Um buraco com meu nome e Redemoinho em dia quente, este já resenhado por uma de nossas colaboradoras no Lado M.
  • Toni Morrison foi a primeira mulher negra a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993, isso já é motivo suficiente para ler a escritora estadunidense. Morrison possui mais de 15 títulos, dos quais destacamos A Origem dos Outros, Cia das Letras, também resenhado aqui, onde a autora “procura entender os padrões de pensamento racial da atualidade e analisa-os a partir de questões políticas, históricas e literárias” — trecho retirado da resenha.
  • Elisama Santos é educadora parental e consultora em comunicação consciente, trabalha auxiliando pais e demais cuidadores a construir uma melhor relação com crianças e adolescentes. Ela possui dois títulos pela Cia das Letras, Porque Gritamos e Educação não Violenta, com uma crítica no site.
Atores Lupita Nyong’o, Madina Nalwanga e David Oyelowo posam em Hollywood / Danny Moloshok

Produções do Audiovisual

  • Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi, (Mudbound 2017) inspirado em livro homônimo, recebeu quatro indicações ao Oscar em 2018. O longa, dirigido por Dee Rees, cineasta premiada, “põe em xeque a ignorância humana e a intolerância”, como diz uma de nossas colaboradoras em sua resenha sobre o longa
  • Rainha Katwe (Queen of Katwe, 2016) “a pobreza extrema e a falta de perspectiva podem se apoderar de inúmeros aspectos da vida de uma pessoa. O mais impactante é quando a crença ou vontade de mudar uma situação degradante corre o risco de ser ofuscada por essas dificuldades”, talvez, o ínicio da crítica do longa seja uma das melhores formas de resumi-lo.
  • Cara Gente Branca, apesar de a Netflix ter conseguido estragar a terceira temporada, e última publicada até agora, a série mostra a realidade de jovens universitários negros em um país que se formou com a escravidão e parece ter dificuldades em se desprender do racismo, resquício desse período.
  • Jordan Peele, ok que o ator e cineasta norte-americano não é uma produção audiovisual, mas seu nome não poderia deixar de estar aqui depois dele ter ganhado um Oscar. Seus filmes Corra (Get Out, 2017) e Nós (Us, 2019), que além de dirigidos foram protagonizados por pretos, figuram entre as listas dos mais assistidos e são um prato cheio para os amantes de terror.
llen Oléria, em apresentação em The Voice Brasil / Divulgação

Outros

  • Ellen Oléria, cantora, musicista, compositora e atriz, foi a primeira vencedora do The Voice Brasil, e sempre traz a questão racial nas músicas, seja com suas próprias letras ou com o resgate de canções da cultura preta. Além de mulher e preta, ela é lésbica e gorda, então, imagina a representatividade carregada com ela se apresentando em rede nacional. Antes do programa, ela escreveu a música Testando onde conta as próprias experiências como mulher negra. Durante a pandemia ela segue fazendo shows, inclusive homenageando outras mulheres pretas, como Beyoncé e Nina Simone
  • Cultura Preta é um site de entretenimento 100% voltado para a produção cultural dessa parcela da população, sendo possível assim conhecer artistas que não são tão evidenciados em outros meios.
  • Ateliê Xongani idealizada, criada e modelada por mulheres pretas, a marca de roupas brasileira traz em suas estampas padronagens pouco vistas em lojas nacionais e na sua história a luta de mulheres negras.
  • DaMata Makeup é o primeiro curso de automaquiagem voltado para peles pretas do Brasil. Com a iniciativa pioneira, sua criadora, Daniele DaMata, empodera mulheres negras que nunca conseguiam achar com facilidade pessoas para lhes auxiliarem em maquiagens específicas para o tom de pele.
  • Shonda Rhimes é roteirista, cineasta, produtora de televisão norte-americana e, como se não bastasse, criadora da produtora ShondaLand. Responsável por umas das maiores séries de todos os tempos, Grey’s Anatomy (2005), recentemente ela também se aventurou pelo mundo dos livros, escrevendo a biografia O Ano em que Disse Sim, publicado no Brasil pela Best Seller.
  • Alma Preta Jornalismo criado em 2015 por estudantes da Unesp, a agência se coloca como especialista na temática racial no Brasil. Com um conteúdo que vai de ilustrações à reportagens, eles cumprem muito bem o papel.

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Thaislane Xavier
Lado M
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Pseudojornalista pela eca|usp e típica mineira contadora de causo.