A paisagem caliente da Colômbia
Uma semana no país mais alegre do mundo
Em Setembro de 2014 eu deixei o Uruguai por uma semana para conhecer um novo lugar. Não fui eu que elegi o destino: a Colômbia meio que foi escolhida por mim, já que minha razão de viajar pra lá era por uma conferência de trabalho. Anualmente, a organização internacional para a qual trabalhava realiza essa conferência na América Latina e naquele ano a sede do evento seria Medellín.
Claro que me emocionava e muito a ideia de conhecer e explorar um novo lugar, nem que fosse por poucos dias. E foi assim que experimentei o calor, a alegria e a gentileza colombiana — hoje continua forte a vontade de voltar!
De todas as viagens que fiz para fora do país, essa foi uma das mais curtas. Por sete dias estive em Medellín, dos quais três estavam reservados para a conferência. Mas em pouco tempo dei minhas voltinhas pela cidade e me apaixonei pelas paisagens e o movimento desse país.
Primeiras impressões
A chegada foi um pouco assustadora: meu entendimento do espanhol colombiano era arcaico e o taxista não encontrava o endereço do hostel onde tinha minha reserva. Felizmente não precisei ficar com as malas na rua porque graças à bondade do senhor taxista e sua persistência, finalmente encontramos o lugar. Uma coisa importante: as ruas de Medellín são todas identificadas por números. É preciso atenção aos mapas e GPSs por lá, faz uma baita diferença!
O calor constante e a alegria daquele povo me pegaram desprevenida e me fizeram sentir uma saudade danada de casa. Em muitos aspectos, a Colômbia e o Brasil têm muito em comum. Depois de estar lá, finalmente entendi porque tantos brasileiros que conheço viajaram para a Colômbia e se encantaram pelo país, a cultura e principalmente o povo.
A inovação em forma de cidade
Medellín é uma cidade impressionante e, mesmo sem ser a capital do país (de Bogotá só conheci o aeroporto durante a conexão), abriga grande parcela da população e é um dos pilares da economia. Mais que uma cidade, se transformou em uma metrópole onde o trânsito, os prédios e o dinamismo 24 horas por dia me fizeram lembrar muito de São Paulo. Mas diferentemente da minha cidade natal no Brasil, Medellín é mais colorida e inclusive foi reconhecida como um dos municípios mais inovadores do mundo.
Por vários anos, o governo e a sociedade civil trabalharam para incentivar o crescimento da cidade abraçando novas maneiras de fazer as coisas. No transporte, entretenimento, educação e no fomento aos empreendimentos de Medellín é possível vislumbrar uma eficiência e uma criatividade impressionantes. A cidade respira cor, tecnologia e mescla modernidade com tradição embaixo de um imenso sol.
Antes do início da conferência, eu e uma colega uruguaia que também havia ido pela conferência decidimos aproveitar ao máximo os poucos dias que tínhamos para turistar! Esses foram os lugares que conhecemos em Medellín, munidas de um mapa que aberto era maior que nós duas juntas, garrafinhas de água e tênis confortáveis para caminhar:
Parque de los Pies Descalzos (os três Parques são espaços enormes com jogos e atividades interativas pra se divertir de uma forma diferente)
Metro Cable (uma das inovações de Medellín está no transporte público com esses grandes teleféricos que conectam o alto dos morros com as principais ruas da cidade. Um dos objetivos era a maior inclusão das pessoas que moram nas favelas com a parte central da cidade de forma eficiente e sustentável)
A noite em uma balada-móvel
Para aproveitar o pouco tempo livre que tínhamos, caminhamos mesmo! No fim do dia lembro de sentir os pés moídos e a pele queimada de sol. Mesmo cansadas, resolvemos conhecer mais da noite colombiana e fizemos um passeio promovido pela organização da conferência: uma noite em uma Chiva.
Uma Chiva é uma espécie de caminhoneta super colorida e decorada com muitas luzes. Na parte de atrás estão organizadas vários assentos em filas. Na frente, conduze o motorista. E em todas as esquinas há auto-falantes. Basicamente, é uma balada sobre rodas!
Os convidados sobem, o motorista dirige e por onde quer que você passe, as pessoas vão virar a cabeça para ver aquela monstruosidade de luzes, sons e cores. Com esse meio de transporte inusitado e cantando os reggaetons da moda, passeamos pela cidade. Nem preciso dizer que terminamos a noite numa boate — que nem de longe era tão cool quanto a Chiva 😀
Próxima parada: Guatapé
Guatapé está localizado nas proximidades de Medellín. Enquanto a metrópoles é imensa, dinâmica e barulhenta, o povoado de Guatapé é muito mais tranquilo e sereno, ainda que igualmente colorido. Nossa primeira parada aí foi eco-friendly: subimos andando os mais de 600 degraus da escadaria da Piedra del Peñol até chegar ao pico e admirar a vista. O contato com a natureza foi impressionante, embora nessa experiência eu tenha descoberto que meu fôlego é mais limitado do que pensava!
De aí almoçamos e fomos visitar o pueblito paisa de Guatapé. Detalhe: fomos em uma mini-chiva (sim, elas existem!).
O povoado representou mais da tradição colombiana com sua hospitalidade, beleza e alegria. A vida no povoado parece de mentirinha, com suas casas de boneca e ruas enfeitadas. Minha sensação foi de que entrava em uma cidade inventada, parte de uma história de contos de fada. Simplesmente encantador!
Quem levei na mala (e no core)
Minhas companheiras de viagem nessa pequena aventura foram duas amigas que comigo eram parte da delegação de Uruguai na conferência internacional. Foi lindo compartilhar essa experiência com elas e surpreender-nos juntas. Rimos muito, provamos sabores novos, dançamos e conversamos sobre a vida. Às vezes não há nada melhor que se perder por aí com alguém que você gosta!
Assim como na maioria dos lugares que tive o privilégio de conhecer, a grande patrocinadora dessa aventura foi minha mãe, então não poderia deixar de mencioná-la! Desde que tinha 13 anos e me aventurei para fora do Brasil pela primeira vez, mami sempre me apoiou e me ajudou de todas as maneiras que podia. Sem ela, nada disso seria possível! Então sinto que cada viagem que faço, levo ela comigo num cantinho da mala.
5 coisas random que nunca vou esquecer…
- Detalhes do pueblito paisa
Encontrei faróis, dragões, flores e milhares de outros desenhos feitos com a tinta mais chamativa possível. Embora passamos somente algumas horas em Guatapé, eu fiquei impressionada com a variedade de detalhes que enchiam de cor uma cidade que, do contrário, seria completamente normal. - Crepes & Waffles
Talvez esse restaurante não seja muito representativo da cultura local (perdão colombianos), mas meu trio de amigas se viciou nele! Além do ambiente lindo, o Crepes & Waffles serve os waffles e crepes (deeer!) mais deliciosos que já provamos! Comemos aí duas vezes e foi uma festa de massas e recheios.
- Bandeja paisa
Para ser justa, também provei um prato super típico da Colômbia e achei uma delícia! Com pedaços de carne, feijão negro, ovo e muitas outras coisas, a bandeja paisa é um requisito se você gosta desse tipo de comida. - Clima
O calor colombiano contagia o humor e a disposição das pessoas. Me senti abraçada por esse calor, literalmente, e foi ótimo voltar a viver em um local quentinho depois de vários dias gélidos no sul do continente. - Amabilidade das pessoas
Os colombianos que conhecemos estavam sempre dispostos a ajudar e fazer-nos sentir em casa. Foi um lugar onde nos sempre nos receberam com um sorriso no rosto. Não conseguíamos evitar de sorrir também :)
Se quiser continuar conhecendo mais sobre esse incrível país, leia o relato da Mari, uma amiga que também sentiu na pele todo o encanto colombiano.
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