Angela Mansim
Revista Passaporte
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2 min readNov 16, 2021

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De fato sou uma Angela antes e depois da Ásia. O maior continente do mundo transformou precisamente a minha esperança, a minha fé e a minha maneira de se relacionar com as pessoas e seus mundos.

Tive um primeiro mergulho nesse oceano em 2015 quando dei aulas de inglês e artes no interior da Tailândia. A primeira experiência durou 3 meses, mas 3 anos depois, em 2018, voltei e fiquei deliciosos 3 anos.

Voltei para a Ásia de mala e cuia. Sem emprego, com 7 quilos de bens materiais e um computador que tinha 10 anos. Os primeiros 6 meses foram loucos. A minha crença no dinheiro e a minha mente estava focada na escassez. Pensava que todos queriam me sabotar.

Mas um dia, exatamente em um fatídico momento pagando um estacionamento que custava 50 centavos de real, tomei consciência da minha mente medíocre. Todos ao meu redor só queriam me presentear.

Compartilhavam da sua comida, me levavam para lugares que eu não conhecia, me ajudavam como podiam. As pessoas presenteavam com o que tinham. E não me faltava nada.

O problema era a minha mente. Eu criei esta realidade árida que só existia dentro da minha cabeça. Uma realidade que eu cresci cultivando no Brasil: egocêntrica e medíocre. Onde se dar bem é estar na frente do outro.

A maior diferença entre o ocidente e o oriente não é a sobrevivência, mas a maneira de sobreviver.

Enquanto o ocidente faz o seu porque não tem para todos, o oriente divide para ter para todos. Essencialmente, essa é a maior diferença entre escassez e abundância.

O mundo está repleto de recursos, mas vivemos culpando terceiros pela falta de acesso ao invés de confiarmos na abundância e compartilharmos o que temos hoje.

Foi exatamente isso que eu fui buscar na Ásia. Um mundo de ponta-cabeça, uma maneira completamente diferente de viver.

Sou uma brasileira, cidadã do mundo que encontrou um lar no oriente.

A gente não é obrigado a morar em um lugar só →

A gente não é obrigado a venerar o nosso país →

A crença nas fronteiras a materialização da estupidez humana →

A crença linear no tempo é a própria estupidez humana →

Enquanto uns dormem, lá outros vivem.

Enquanto é sábado, lá é domingo.

Enquanto uns oram para Jesus, lá para o Trimurti.

Enquanto uns valorizam a individualidade, lá a comunidade.

Existem muitas maneiras de viver.

Não há certo, nem errado.

Eu fui. Eu vi.

Não preciso mais acreditar em uma única maneira. Isso não é tudo.

Fico feliz que concluí a minha busca.

Daqui para frente é só acreditar.

Instagram meu.

“Man cannot discover new oceans unless he has the courage to lose sight of the shore” — Andre Gide.

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Angela Mansim
Revista Passaporte

Designer de textículos. Livre & maluca, amém. Instgrm: @angelamansim.