Crônicas do Tempo 18:00 — Das saudades que temos

Bruno Oliveira
Reflexões
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2 min readSep 22, 2020

A saudade é o preço que se paga por momentos inesquecíveis. E normalmente ela tem nome, sobrenome, altura, cheiro, calor e as vezes um sorriso inesquecível. Dá um calor no coração quando ouvimos de alguém que fizemos falta. A saudade é um espaço no coração, com alguns nós na garganta, que comumente só é preenchido por lágrimas. As vezes suspiros. Nada que um abraço não cure, mesmo depois de tanto tempo. Quando sinto saudades, carrego o pedaço de alguém comigo — é estar perto e longe ao mesmo tempo.

Há quem diga que saudade é uma palavra que só exista na língua portuguesa. Como se a última flor do lácio trouxesse consigo esse sentimento de falta, de ausência desde os primórdios. Quase como se a saudade tivesse nascido dos fados portugueses, cantado pelas mulheres que esperavam seus maridos voltarem (ou não) das grandes navegações. Ou no meme do Drauzio Varella, né minha filha? Nunca saberemos a origem, nem serei prepotente de monopolizar a saudade apenas nas terras lusófonas. A saudade é universal.

Poemas que abordam estas temáticas:

  • Caixeiro do Tempo: o tempo nos faz viajar pelas nossas próprias lembranças. Todos os lugares que passamos passam como um filme. Vários universos em um único lugar — nós mesmos.

O tempo entrou pela janela
matizou minhas saudades
provocou meus fios brancos
revelou meus contrastes
transformou-me em aquarela

  • Casa Vazia: As vezes nos sentimos como uma casa vazia. E procuramos dentro dos nossos quartos lembranças e momentos para dialogar conosco.

Fico alheio a mim
A saudade torna-se presente
Passo nos quartos vazios
Na esperança das lembranças conversarem comigo

  • Sonhos & Barros: As saudades que temos são abstratas e podem se manifestar em sonhos. Os objetos e alegorias que aparecem no mundo Onírico, como se estivessem num poema de Manoel de Barros, nos são familiares e representam parte do que somos ou já fomos.

Ontem, eu tive um sonho
era sobre o nada
e sobre isso, tenho autoridade

“Vejo o tempo passar / E o amor repousar em mim / Isso é felicidade” (Maria Rita — Chama de Saudade)

Este post faz parte de uma série de posts denominados “Crônicas do tempo”, um compilado de poesias já publicadas neste espaço e uma dissertação a respeito de uma característica ou fenômeno do tempo. Ao total, serão 24 textos (referentes às 24 horas do dia) e o grande objetivo é registrar uma resposta para algo que as pessoas sempre me perguntam: por que o tempo é tão importante para você? Tentarei responder nessas 24 crônicas (que não são exatamente crônicas).

“Eu tô com uma vontade danada de te entregar todos beijos que eu não te dei” (Rubel — Quando bate aquela saudade)

Crônica Passada:

Crônica Futura:

“Saudade eu te matei de fome / E tarde eu te enterrei com a mágoa” (Rodrigo Amarante — Irene)

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Bruno Oliveira
Reflexões

Auditor, escritor, leitor e flanador. Mestrando em TI, tropecei na bolsa de valores. Acredito nas estrelas, não nos astros. Resenho pessoas e o tempo presente.