Crônicas do Tempo 18:00 — Das saudades que temos
A saudade é o preço que se paga por momentos inesquecíveis. E normalmente ela tem nome, sobrenome, altura, cheiro, calor e as vezes um sorriso inesquecível. Dá um calor no coração quando ouvimos de alguém que fizemos falta. A saudade é um espaço no coração, com alguns nós na garganta, que comumente só é preenchido por lágrimas. As vezes suspiros. Nada que um abraço não cure, mesmo depois de tanto tempo. Quando sinto saudades, carrego o pedaço de alguém comigo — é estar perto e longe ao mesmo tempo.
Há quem diga que saudade é uma palavra que só exista na língua portuguesa. Como se a última flor do lácio trouxesse consigo esse sentimento de falta, de ausência desde os primórdios. Quase como se a saudade tivesse nascido dos fados portugueses, cantado pelas mulheres que esperavam seus maridos voltarem (ou não) das grandes navegações. Ou no meme do Drauzio Varella, né minha filha? Nunca saberemos a origem, nem serei prepotente de monopolizar a saudade apenas nas terras lusófonas. A saudade é universal.
Poemas que abordam estas temáticas:
- Caixeiro do Tempo: o tempo nos faz viajar pelas nossas próprias lembranças. Todos os lugares que passamos passam como um filme. Vários universos em um único lugar — nós mesmos.
O tempo entrou pela janela
matizou minhas saudades
provocou meus fios brancos
revelou meus contrastes
transformou-me em aquarela
- Casa Vazia: As vezes nos sentimos como uma casa vazia. E procuramos dentro dos nossos quartos lembranças e momentos para dialogar conosco.
Fico alheio a mim
A saudade torna-se presente
Passo nos quartos vazios
Na esperança das lembranças conversarem comigo
- Sonhos & Barros: As saudades que temos são abstratas e podem se manifestar em sonhos. Os objetos e alegorias que aparecem no mundo Onírico, como se estivessem num poema de Manoel de Barros, nos são familiares e representam parte do que somos ou já fomos.
Ontem, eu tive um sonho
era sobre o nada
e sobre isso, tenho autoridade
Este post faz parte de uma série de posts denominados “Crônicas do tempo”, um compilado de poesias já publicadas neste espaço e uma dissertação a respeito de uma característica ou fenômeno do tempo. Ao total, serão 24 textos (referentes às 24 horas do dia) e o grande objetivo é registrar uma resposta para algo que as pessoas sempre me perguntam: por que o tempo é tão importante para você? Tentarei responder nessas 24 crônicas (que não são exatamente crônicas).