Crônicas do Tempo 16:00 — Para onde vou?

Bruno Oliveira
Reflexões
Published in
3 min readSep 17, 2020

Havia uma pedra no meio do caminho. Chega um momento que o caminho, que sempre foi o mesmo, apresenta seus obstáculos. A famosa crise dos trinta anos, é aquele momento que nos questionamos o que fizemos da nossa vida, para onde devemos ir…. É como se estivéssemos atravessando o oceano: primeiro, começamos a nadar próximo da margem e quando olhamos para trás, ainda avistamos a praia, as pessoas e toda a costa; depois de um tempo nadando, olhamos para trás e ainda avistamos o continente, com um pouco menos de resolução e algumas sombras; e por fim, quando nos distanciamos o suficiente, olhamos para trás e só vemos o mar, olhamos para frente e só vemos o mar, olhamos para o lado e só vemos o mar… o meio do caminho é o momento mais dolorido, onde não há vestígio da partida e nem esperanças da chegada.

Como já diria o gato da Alice, se não há um objetivo, qualquer caminho serve. Por isso estamos vendo vários jovens adultos em busca do seu propósito, todos chegaram no meio do oceano e encontram-se a deriva. Apenas um propósito, uma bussola, vai indicar o caminho para casa. Mas no fim, o objetivo de todos é ir embora para Pasárgada, como já diria Bandeira: “lá sou amigo do rei, lá tem a mulher que eu quero, na cama que escolherei”. O que nos move é a potência da vontade, o puro desejo de ter e/ou ser algo, buscamos nosso próprio horizonte.

Poemas que abordam estas temáticas:

  • Deriva: divagar é uma terapia, andar a deriva pela rua é uma arte, um ato de coragem. Estar a deriva é viver o sonho dos poetas malditos, praticar o flâuner. É estar disposto a observar, ouvir e experimentar.

Perambulo em beats
quando os bits e bytes me deixam
vagueio as plataformas
que os vagões não habitam

  • Janela: Em um mundo repleto de opções, a angústia nos faz sofrer. Encaramos o mundo e suas opções através de uma janela — as vezes aberta, as vezes fechada.

A dor é inevitável, normalmente pontual
mas o sofrimento é opcional
a janela me faz sair de casa, antes vazia
e que agora recebe visitas frequentes da alegria

  • Necessidade: o que nos far nos mexermos é o sentimento de falta, a necessidade de ter algo. Puro desejo, vontade como representação.

Necessidade é aquilo que vem
a metade que falta em mim
quanto mais vasta é essa ausência
mas vasto será o meu coração

“Dá-me luz, ó Deus do tempo […]A gente quer ver, o horizonte distante” (Los Hermanos — Horizonte Distante)

Este post faz parte de uma série de posts denominados “Crônicas do tempo”, um compilado de poesias já publicadas neste espaço e uma dissertação a respeito de uma característica ou fenômeno do tempo. Ao total, serão 24 textos (referentes às 24 horas do dia) e o grande objetivo é registrar uma resposta para algo que as pessoas sempre me perguntam: por que o tempo é tão importante para você? Tentarei responder nessas 24 crônicas (que não são exatamente crônicas).

“Ei dor, eu não te escuto mais, Você não me leva a nada” (Jota Quest — O Sol)

Crônica Passada:

Crônica Futura:

“Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar” (Paulinho da Viola — Timoneiro)

--

--

Bruno Oliveira
Reflexões

Auditor, escritor, leitor e flanador. Mestrando em TI, tropecei na bolsa de valores. Acredito nas estrelas, não nos astros. Resenho pessoas e o tempo presente.