IX. Indústria 4.0 e coronavírus: oportunidades e desafios

Maria Luiza Artuzo
Revista Jabuticaba
Published in
4 min readJun 11, 2020

Declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde(OMS) em 30 de janeiro de 2020, a doença causada pelo novo coronavírus coloca em pauta a utilização das tecnologias anunciadas pela Quarta Revolução Industrial, em prol da manutenção da saúde e da economia.

A definição de Indústria 4.0, foi apresentada pela primeira vez na Alemanha, em 2011, na principal feira de tecnologia industrial do mundo: a Hannover Messe. O conceito foi desenvolvido por um projeto do governo alemão cujo objetivo era confirmar os ganhos da utilização da tecnologia nos processos de produção e comercialização de produtos e serviços.

Nesta nova etapa da evolução industrial, os meios de produção e consumo, são impulsionados através da automação dos processos fabris e do compartilhamento de dados. O principal objetivo dessas facilitações é obter Ganhos de Escala para a empresa.

A adoção de linhas de produção automatizadas, permite a construção de um banco de dados em tempo real , conferindo maior flexibilidade e rapidez na tomada de decisões relacionadas à empresa . As chamadas Fábricas Inteligentes, através de sistemas ciber-físicos, permitem que toda a informação necessária durante a fabricação de determinado produto seja compartilhada através da Internet das Coisas¹, o que configura um processo auto organizado, que elimina a necessidade contínua de mão de obra humana e possíveis processos sujos².

Empresas que já operam nesta realidade virtual sofrem de maneira mais tênue os impactos do distanciamento social causado pela pandemia da Covid-19, ao passo que, podem continuar — mesmo em menor volume — fornecendo seus produtos e/ou serviços de maneira remota.

Fonte: https://bityli.com/ZA7cQ

A utilização de banco de dados foi fundamental na luta contra o coronavírus na ilha de Taiwan, à leste da China. Antes mesmo da China declarar o surto da doença, Taiwan mobilizou o Comando Central Nacional de Saúde (NHCC), a fim de reunir informações e determinar ações rápidas para uma possível epidemia. Desde então, as fronteiras passaram a ser controladas e as pessoas que entravam no país, eram submetidas a um formulário online, específico para identificar possíveis sintomas da Covid-19. As informações eram coletadas e reunidas em uma base de dados, que ficava à disposição dos médicos para agilizar o atendimento nos centros de saúde.

A partir do cruzamento dos dados, que apontavam as demandas do sistema de saúde e os dados da imigração,Taiwan foi capaz de identificar quais eram os indivíduos que necessitavam de atendimento prioritário e os possíveis portadores da doença, que por sua vez, eram orientados para quarentena domiciliar. A antecipação das medidas de contenção com base nas estatísticas coletadas, permitiu a Taiwan frear a disseminação do vírus, sem fazer uso de medidas mais severas de isolamento social.

Além da inteligência artificial, a Impressão 3D é uma das tendências da Quarta Revolução Industrial. Desenvolvida pelo engenheiro Chuck Hull no Estado da Califórnia (EUA), a prototipagem rápida tem sido uma grande aliada ao combate ao Coronavírus. A escassez de respiradores para o tratamento da doença, motivou diversos colaboradores a desenvolverem equipamentos médicos através da impressão 3D.

A grande vantagem da impressão em 3D em relação à produção convencional é o tempo. Em Brescia, na Itália, a impressão 3D foi a alternativa utilizada para salvar vidas diante à escassez de válvulas para bombas de oxigênio e a impossibilidade de requerer os equipamentos aos fornecedores no curto prazo.

Válvula original à esquerda e válvula a partir da impressão 3D à direita ( Fonte: https://bityli.com/7Jmb7 )

No Brasil, a produção de protótipos de ventiladores pulmonares tem sido mobilizada para suprir a demanda crescente desses equipamentos no tratamento da Covid-19. Apesar de não substituir permanentemente os dispositivos convencionais, as peças impressas constituem uma saída rápida e eficiente para suprir a demanda desses equipamentos.

O cenário econômico atual emerge oportunidades, desafios e inseguranças à sociedade. Apoiar-se na tecnologia para soluções rápidas e inovação, tem sido o grande diferencial para as empresas na atual crise do Coronavírus. Em relatório publicado no dia 6 de maio de 2020, o Fórum Econômico Mundial afirma que “o futuro pertence àqueles que são capazes de gerenciar incertezas e inovar rapidamente” e que devemos nos beneficiar da tecnologia para contornar esta crise.

¹ O termo Internet das Coisas faz referência à interconexão entre objetos físicos do dia a dia e a capacidade de transmissão de dados em tempo real. Para mais informações — https://bityli.com/NSvro

² O termo “processos sujos” faz referência à processos custosos para a empresa, com menor eficiência.

Este texto faz parte do projeto Revista Jabuticaba e dá continuidade a uma série especial de textos relacionados à pandemia do coronavírus.

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Maria Luiza Artuzo
Revista Jabuticaba

Estudante de Economia na Universidade Federal de Juiz de Fora — Campus GV