Leitura recomendada para esse 8 de março: “Para Educar Crianças Feministas”

Começar um livro novo é uma das maneiras de lutar nesse Dia Internacional da Mulher

Regiane Folter
Revista Subjetiva

--

“Para Educar Crianças Feministas” nasceu como uma carta. A autora, Chimamanda Ngozi Adichie, decidiu atender a um pedido de sua amiga Ijeawele que logo se tornaria mãe. Ijeawele perguntou à sua amiga, uma conhecida ativista nigeriana que promove a igualdade de gênero, como poderia criar sua filha com um enfoque feminista. Chimamanda respondeu e suas 15 recomendações para uma criação feminista da bebê Chizalum passaram de uma carta cheia de carinho e sororidade a um incrível livro que alcançou muitas outras pessoas no mundo.

Com um tom sereno e amoroso, que deixa mais que visível a relação de companheirismo entre as duas mulheres, a autora explica sua visão sobre o feminismo. Com dicas simples, Chimamanda sugere distintas ações que sua amiga poderia tomar para transmitir a Chizalum a importância de acreditar na igualdade entre homens e mulheres e, principalmente, a importância de acreditar nela mesma. De uma maneira singela e ao mesmo tempo forte, a autora expressa um ponto de vista que pode ser aplicado por mães e pais para educar seus filhos com foco em igualdade, diversidade e amor-próprio. Além disso, é uma obra que eu pessoalmente recomendo à qualquer pessoa, mãe ou não, que queira aprender mais sobre o feminismo.

Chimamanda comenta na introdução do livro que o ato de criar uma criança é extremamente desafiante, e ela mesma viveu essa experiência como mãe algum tempo depois de mandar a carta que seria a base dessa obra. Mas sua mensagem final é que, por mais difícil que seja, é fundamental começar a educar as próximas gerações de uma maneira distinta, aceitando a complexidade que implica educar um filho num mundo claramente marcado por definições de gênero. Se cada um de nós incorporar o feminismo e transmiti-lo àqueles ao nosso redor, mais chances temos de um dia alcançar um mundo mais justo, aberto e diverso.

Ler “Para Educar Crianças Feministas” me emocionou em muitos momentos. Cada um dos pontos traz uma mensagem de resistência e me identifiquei com vários deles porque minha mãe, muitas vezes sem perceber, transmitiu a meu irmão e eu muitos dos valores que o livro traz. Me lembrei de momentos chave na minha vida, que na ocasião talvez não parecessem tão significativos, mas que na realidade foram determinantes para transformar-me na pessoa que sou hoje.

Para que você sinta um gostinho dessa incrível obra, um livro pequeno cujo valor é proporcionalmente inverso à sua quantidade de páginas, deixo aqui pedacinhos de “Para Educar Crianças Feministas”. São partes que eu grifei no meu livro e traduzi (tenho o livro em inglês) para sempre poder voltar e rever facilmente a maneira feminista de encarar qualquer situação:

“Faça junto. (…) Chudi deveria fazer tudo que a biologia permite — o que significa tudo menos amamentar. (…) E por favor rejeite a ideia de ‘ajuda’. Chudi não está te ajudando ao cuidar da filha dele. Ele está fazendo o que deveria fazer.”

“Ensine Chizalum que a ideia de ‘papéis de gênero’ é totalmente sem sentido. (…) ‘Porque você é uma menina’ nunca é razão para nada. Nunca.”

“Os papéis de gênero estão tão enraizados em nós que frequentemente vamos segui-los mesmo quando eles vão contra nossos desejos verdadeiros, necessidades e até mesmo nossa felicidade. Eles são muito complicados de ‘desaprender’, então é muito importante que você tente garantir que Chizalum rejeite esses conceitos desde o início.”

“Ser feminista é como estar grávida: ou você está ou você não está. Ou você acredita na total igualdade entre homens e mulheres, ou você não acredita.

“Ensine Chizalum a ler. Ensine ela a amar livros. (…) Livros vão ajudá-la a entender e questionar o mundo, vão ajudá-la a expressar-se em qualquer coisa que ela decida ser — uma chef, uma cientista, uma cantora, qualquer profissão se beneficia das habilidades que a leitura gera.”

“Nunca fale sobre casamento como uma conquista. Encontre a maneira de deixar claro para ela que casar-se não é uma conquista, e nem algo a que ela deveria aspirar. Um casamento pode ser feliz ou não, mas não é sinônimo de sucesso.

“Ensine ela a rejeitar a ideia de ‘todos devem gostar de mim’. O trabalho dela não é fazer com que os demais gostem dela, o trabalho dela é ser ela mesma, uma pessoa honesta e consciente da humanidade das pessoas. (…) Ensine ela a ser honesta, amável e corajosa.”

“Nunca, nunca mesmo, conecte a aparência de Chizalum com sua moralidade. Nunca diga a ela que usar uma saia curta é ‘indecente’. Faça da aparência uma questão de gosto e beleza ao invés de uma questão de decência ou não.”

“Rodeie Chizalum de um montão de tias, mulheres que possuem qualidades que você gostaria que ela admirasse.”

“Ensine a ela que seu corpo pertence a ela, e somente a ela.(…) Ensine ela a rejeitar a conexão entre vergonha e a biologia feminina. Por quê somos criadas para falar sobre a menstruação em voz baixa?”

“Ensine a ela que NÃO é papel do homem ser o provedor da casa.”

“Ensine Chizalum sobre diversidade. Faça do diferente algo comum. (…) Ela precisa entender que as pessoas escolhem diferentes caminhos para seguir no mundo, e que desde que um caminho não machuque aos demais, eles são válidos e devemos respeitá-los.”

Gostou? Deixe seus aplausos, eles vão de 1 a 50, e seu comentário!

Nos acompanhe nas redes sociais: FacebookTwitterInstagram

Cansado do aplicativo do Medium? Nós temos a solução!

Conheça também a nossa revista gratuita em formato digital.

Quer compartilhar seus textos e não sabe onde? Entre no nosso grupo publico!

Faça parte do nosso time.

--

--

Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros