Empreendedorismo e Tecnologia: desafios e vivências de um Dev

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soluises
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9 min readFeb 26, 2019

Um pouco sobre a experiência de desenvolver e empreender na Impacto Maker.

Antes de começar o texto em si, gostaria de agradecer aos organizadores do Soluises pela oportunidade. Só tenho duas palavras para dizer: para, béns.

Primeira Oficina de Férias da Impacto Maker — 2017

Olá jovens de todas as idades! pra quem não me conhece me chamo Atmos Maciel.

Eu, quando acordo de manhã.

Eu desenvolvo/ ̶f̶a̶ç̶o̶ ̶g̶a̶m̶b̶i̶a̶r̶r̶a̶s̶ ̶c̶o̶m̶ ̶c̶ó̶d̶i̶g̶o̶. Atualmente eu trabalho como CTO na Impacto Maker e como DBA (Database Admin) no Grupo Ceuma. Estou contente e um pouco nervoso por escrever este texto, talvez, quem sabe, eu consiga compartilhar algumas ideias que sempre quis compartilhar.

Como não sei fazer muitos rodeios, vou tentar ser o mais sucinto possível e ir direto aos pontos.

Ninguém tem coragem de falar mas eu falo: programador não sabe empreender (mas sabemos fazer ótimos memes sobre isso ;) ), na verdade tenho descoberto que o programador, pode ser desenvolvedor e assim ir escalando na sua jornada… é isso, todo dev passa por uma jornada. Acontece que o trabalho do desenvolvedor não é entender sobre negócios/empreendedorismo e sim ser capaz de entender e implementar processos e tecnologias que melhor irão resolver determinados tipos de problema.

Quando se é da área de desenvolvimento, não saber empreendedorismo ou dos mínimos detalhes do processo do negócio não é um problema é uma escolha, e cada um escolhe o que quer/precisa saber ou não.

Eu acho extremamente importante que desenvolvedores participem do negócio no qual estão trabalhando, que sejam capazes de entender e participar das tomadas de decisão, dessa forma, é possível pensar soluções tecnológicas melhores. No fim das contas as decisões tomadas hoje à respeito da tecnologia envolvida no seu produto, vão impactar diretamente na escalabilidade e no time que o desenvolve. Da mesma forma que o Éfrem Maranhão Filho acredita que o empreendedor não deveria ser um analfabeto digital, eu acredito que desenvolvedor não deveria ser um analfabeto em negócios ou empreendedorismo, etc.

Optimus: Mercado / Bumblebee: programador que manja dos código

Assim, eu escolhi entender sobre empreendedorismo, negócios, inovação(que não necessariamente tem haver com tecnologia)… é isso que tenho vivido nos últimos meses e é um pouco desta trajetória que quero compartilhar aqui e o que tenho aprendido com ela.

Então… Eu estou no mercado de tecnologia desde 2013 e no de desenvolvimento desde 2015. Bem novinho ainda, nada comparado a alguns monstros de mais de 10, 20 anos de mercado com quem eu converso por aqui. Já fali um negócio de desenvolvimento… Em fim, não vou falar da minha carreira aqui... Mas como já falei em outro artigo anterior, a comunidade me deu a possibilidade de absorver e de aprender com gente melhor do que eu e dessa forma ganhar uma certa visão além do alcance. Claro que eu soube me aproveitar disso, eu sempre procurei conversar com gente melhor do que eu, andar junto, ficar por perto e assim aprender coisas que eu jamais aprenderia na faculdade por exemplo.

As vezes um almoço, vale mais que um mês de aula na faculdade.

Durante esse tempo acabei me envolvendo com Startups através de várias iniciativas locais (que não vou citar para não cometer o pecado de esquecer alguma) e também com vários temas relacionados a empreendedorismo e inovação. Participei de um Startup Weekend, eventos e também trabalhei alguns meses em outra Startup. Enquanto isso acontecia em 2017 a Gabi Mercedes me apresentou a ideia inicial da Impacto Maker e desde então tenho trabalhado na empresa com ela, tem sido minha principal vivência no momento.

Isso tudo continua moldando o profissional que eu sou. Tudo isso tem custos, desafios, problemáticas, vantagens e aprendizados que eu vivo no meu dia a dia. Eu não vou saber separar tudo isso em categorias, por isso vou separar em temáticas de coisas que tenho estudado e feito no meu dia a dia para conciliar o Trabalho na Impacto Maker, emprego e estudos.

Foque You!

O principal desafio que eu tenho hoje em dia é o de manter o foco. Isso não tem haver somente com os negócios. Mas com tudo na minha vida. Eu sou desenvolvedor e sinceramente, eu amo meu trabalho. Posso ter errado em quase tudo na minha vida, mas pelo menos acertei no trabalho (tem seus problemas, mas nada é perfeito). Como desenvolvedor eu tenho sempre que estar estudando, a tecnologia evolui de forma exponencial e se você não estuda fica para trás, o grande problema é querer estudar tudo de uma vez. Então basicamente o que eu faço é estudar:

as tecnologias que vão gerar valor para o negócio que eu estou trabalhando e as que eu uso para construir o que eu faço.

Já fui muito pior. Eu acho que todo desenvolvedor passa pela sina de querer estudar tudo ao mesmo tempo, de cair na síndrome do impostor… eu já passei por isso também. Mas com o tempo eu aprendi e me conter, mas isso fica para um outro artigo.

O foco não tem haver somente com os estudos, também tem haver com o trabalho. Eu me divido em uma jornada dupla. Tenho que aprender e me dividir entre a necessidade/emprego (Ceuma) e o propósito (Impacto Maker) dessa forma, aprender a alinhar os dois foi essencial para minha saúde mental e capacidade de produzir. Esse processo tem funcionado pra mim por enquanto.

No momento em que escrevo este texto, eu tenho total convicção que uma hora somente a Impacto Maker vai estar no meu radar de foco. Eu tenho pensado formas de otimizar ainda mais o processo de entregas para a Impacto Maker, por isso o trabalho remoto tem se mostrado uma possibilidade tentadora para se abraçar, eu tenho estudado sobre o tema com afinco, pois conheço os desafios de trabalhar remoto. Tudo que me aproxima da Impacto, me torna mais performático. Mas isso só é possível, porque eu tenho um time enxuto e capaz de performar à distância.

Disciplina

Eu só consegui melhorar minha capacidade de aumentar o foco, quando consegui me disciplinar. Mesmo estando longe do ideal eu melhorei bastante. A pressão de querer rodar um negócio me ajudou nisso. Disciplina e foco andam de mãos dadas e apesar de parecer um clichê ter disciplina faz toda diferença na hora do resultado.

Eu vou citar algumas coisas que me ajudaram no processo para desenvolver minha disciplina:

  • Fazer exercícios: eu corro entre 1 a 3 vezes por semana de manhã, longe do ideal, mas já tenho resultados, agora é somente questão de evolução.
  • Foque no que é bom e delegue o resto (outro clichê?): tá ok eu não tenho moral pra delegar muita coisa para alguém. Mas o que eu posso automatizar? Eu tento olhar para as tarefas da seguinte maneira: Eu posso delegar? Não. > Eu posso Automatizar? Não. É Urgente? Não. > Demora mais de 30 mim? Não. Faça isso. Se não ficou claro, então cabe em outro artigo.
  • Organização simples: chega de muitas ferramentas. Escolhi uma, no máximo três para gerenciar tudo que eu faço. No meu caso, Gitlab para projetos de Software, Trello e Calendar para todo o resto. De manhã eu anoto do Trello no papel o que tenho que fazer no dia e faço. De noite eu reviso se fiz o que tinha que fazer. Meu estudos eu também organizo em cards. Então estão atrelados a uma tarefa.
  • Reduzir contextos: isso tem haver com dizer não também, sabe aquele freela tentador que aparece? Não. No momento estou confortável aonde eu estou e apesar de dinheiro a mais nunca ser ruim, eu me pergunto se esse job que aparece não vai me custar mais caro no futuro. Deixar de ficar à frente do PHP Maranhão também foi estratégico. Eliminar grupos de chats, remover apps, determinar períodos específicos do dia ou da semana para redes sociais. Tudo isso tem sido importante e tem gerado resultados pra mim.

Autoconhecimento

Engraçado, a algum tempo atrás eu achava tudo isso besteira…

Ser desenvolvedor não é tão simples pra todo mundo. Existem vários fatores que podem determinar o sucesso de um desenvolvedor e o foco é apenas um deles. Posso estar errado, mas assim eu penso.

Conhecer a si mesmo é dos fatores que podem determinar isso. Tem um monte de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Você tem que entregar as demandas do trabalho (afinal te pagam pra isso, e é isso que um bom dev faz), você tem outras demandas por fora (não é o meu caso, mas acontece com outros devs), tem que entregar as demandas da Startup, tem que estudar pra se manter atualizado, tem que se especializar, vender, ler, falar pra namorada que vai chegar mais tarde no sábado porque tem que trabalhar até mais tarde… se você tem filhos adicione mais outros vários pontos aqui.

Ainda perguntam porque a gente não vive sem café…

Autoconhecimento é um processo, é importante porque pode ajudar a moldar a disciplina que você precisa ter para levar negócios em paralelo, “vai ser necessário para lidar com o tempo, dedicação, energia e as interrupções que você pode enfrentar em um dia.”

“… É uma questão de começar a perceber como você quer viver e o que é necessário para fazer isso acontecer. Por exemplo, você quer trabalhar dez horas por dia para ganhar muito dinheiro ou trabalhar quatro horas, viver com menos e ter mais tempo livre? Esses são os resultados que devemos estar em busca.”, Officeless.

Fazendo Refuctoring

p.s: refuctoring é o processo de pegar um pedaço de código bem projetado e, através de uma série de pequenas mudanças reversíveis, torná-lo completamente insustentável para qualquer um, exceto você.

O Refuctoring, para mim, acontece na minha vida, quando eu não digo não. A relação com a pessoa pode acabar se corroendo e nada terminar da melhor forma que poderia.

Vou dar um exemplo: a alguns meses atrás a Andreia da Ela faz me pediu ajuda para um problema que ela estava tendo com um formulário de um projeto interno do NEC Ceuma. Eu falei que ajudaria ela. Mentira. Eu não fiz isso. Não porque não queria, sério eu queria mesmo. Mas eu tinha tantas outras coisas pra fazer… Porquê eu falei que sim? Porque eu não tinha começado e exercitar minha disciplina. Acabei não dando atenção e o time passou. Depois de algum tempo eu recriei o formulário usando outra tecnologia. E talvez ela só saiba disso quando ler este artigo. Eu me convenci de que fiz alguma coisa. Mas isso não foi bom. Desculpe Andreia. Se quiser usar o novo formulário ta lá no github a gente pode mexer no tempo livre, dessa vez, só quando der :) , caso não, vida que segue.

Saber dizer Não é salutar, isso não mata ninguém. Conserva relacionamentos e salva trabalhos.

Conclusão

Tenho aprendido muito na minha jornada como dev empreendedor e saber que a tendência é, cada vez mais deixar de ser dev para ser empreendedor ainda é uma coisa que me causa certas dúvidas, mas eu tenho que aprender a conviver com isso, para alguém da minha idade, colher esses frutos está sendo valoroso. Ter noção dos riscos, saber conhecê-los e enfrentá-los é algo determinante nessa jornada. Para minha sorte eu gosto de desafios.

Todo o processo é uma mudança de postura, diante do meu trabalho, dos meus negócios, amigos, diante da comunidade… Uma vez que a gente sabe aonde quer ir.. é só ir, caindo, levantando, mas indo. Levar essa rotina não é fácil pra mim. Ainda apanhando demais, erro demais. Estudo demais. Mas na moral, não tô nem aí. Tento aprender o máximo possível e é isso.

Não fui muito técnico neste artigo pois a proposta não era essa. Mas se quiserem conversar mais sobre algo específico, só falar comigo pelo Telegram.

O importante é o Fazejamento. Agora, levante-se e vá beber água, me preocupo contigo.

Até mais jovens!

Atmos Maciel é cofounder e CTO na Impacto Maker e uma dos responsáveis por responder todos os famosos “chamados para o NTI” do Grupo Educacional CEUMA. Sempre foi muito envolvido com comunidades de tecnologia e de uns tempos pra cá, com as empreendedorismo também. Atmos é o tipo de pessoa que aceita beber uma cerveja numa segunda feira (e as vezes, bate o recorde de maior conta do bar).

Essa é uma série de textos que são publicados mensalmente para falar das startups e experiências incríveis dos membros da SOLuíses, quer saber mais?

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Curadoria feita com muito ❤ por Lai Amorim.

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