Jogos Completos

lucas rodrigues
Tendências Digitais
3 min readNov 23, 2018

Durante muito tempo, a indústria dos games costumava segregar os gêneros. RPGs, FPS, jogos narrativos. Hoje vemos um caminho diferente sendo tomado, alguns misturam elementos de jogos entre si, como por exemplo: Overwatch, um FPS com elementos de RPG, uma jogabilidade com mecânicas frenéticas misturado com personagens com habilidades específicas. Há um abismo de diferença entre este tipo de FPS, que tem uma intensa profundidade de cada personagem para um jogo como Counter-Strike, onde todos são iguais e no máximo, as armas mudam.

Hoje em dia, temos uma imensidão de jogos que apresentam vários desses aspectos para um único protagonista, sem deixar uma experiência cinematográfica de lado e contam uma ótima história. Um bom exemplo a ser dado neste contexto é “Horizon Zero Dawn”, onde você controla Aloy em um mapa mundo aberto pós-apocalíptico mas que não deixa a linearidade da história ser perdida. No game em questão, é possível tornar a protagonista em diferentes tipos de guerreira. Ela pode utilizar armas de longo, curto e médio alcance, as possibilidades são várias dentro do contexto do jogo. É possível focar em habilidades únicas como ser um profissional em longas distâncias ou ser um jogador versátil e utilizar todas as ferramentas que o jogo propõe. Durante o combate, Horizon Zero Dawn se assemelha muito aos antigos RPGs, que haviam pausas entre os ataques, dessa forma quando você está lutando com um inimigo poderoso, é possível abrir o menu e trocar de ferramentas, como se a personagem trocasse de armas durante o combate.

Apesar dessas características, Horizon se destaca, não pela sua jogabilidade, mas também pelos cenários de tirar o fôlego e pela sua história que, apesar de se perder em alguns momentos, mantém um padrão incrível para um jogo de tantas possibilidades.

Nesta mesma onda de games, um que chama atenção é God of War, que de Hack n’ Slash passou a ser um jogo de paisagens contemplativas, porém com possibilidades muito semelhantes às do jogo anterior. Kratos já não é mais um personagem raso, que simplesmente busca vingança sobre os deuses, agora ele é humano, sensível e coerente na medida do possível. O jogo te dá a possibilidade de, como nos jogos anteriores, ser um rushador esquentadinho, porradeiro de primeira ou, dependendo do tempo disponível (temos uma campanha que dura em média 30h aqui), pode-se optar por ser um jogador tático, utilizando feitiços estrategicamente e contra-ataques, que variam de acordo com cada inimigo.

Inicialmente este jogo recebeu algumas críticas, dizendo que a magia de God of War teria sido perdida ou que o real trunfo do jogo, que era simplesmente sair por aí batendo em algumas criaturas peculiares, agora se tornará um jogo estratégico e “difícil”. Bom, GoW conta com diferentes dificuldades, sendo que a primeira delas é semelhante à de ver um filme, com poucas lutas e, quando presentes, são até fáceis. Ao meu ver, este game superou completamente seus antecessores e apresentou um Jogo Completo para todos os públicos, desde os que só gostam de bater até os que leem todos os diálogos, pesquisam referências e easter-eggs, apertam todos os botões ao mesmo tempo ou decoram todos os combos e controles do jogo, podendo até mesmo derrotar o boss mais difícil do game inteiro (e olha que são muitos) em apenas 38 segundos, na última dificuldade do jogo, onde basicamente um sopro do inimigo diminui sua barra de HP pela metade.

Outro ponto importantíssimo para abordar é que estes jogos gigantes, apesar da linearidade da história, são altamente exploráveis. GoW apresenta cavernas e artefatos escondidos em quase todos os cantos do mapa, missões secundárias bem ao estilo RPG, ajudando NPCs e coletando recompensas. A grandeza da narrativa leva o jogador a imaginar muitas vezes que está em um mundo aberto, porém caso seja um objetivo platinar o game (completar todas as missões primárias, secundárias, terciárias, etc) o jogador acaba se deparando com as limitações do enorme mapa em questão. Em Horizon é perceptível o mesmo sentimento, afinal, um jogo “infinito” é praticamente impossível, dada as limitações humanas e à péssima tentativa de abordar um game com esta particularidade, como foi “No Man’s Sky”.

Reações ao jogar No Man’s Sky.

Se os games continuarem seguindo este caminho, acredito que no futuro um “Sword Art Online” possa se concretizar, visto que já temos alguns testes imersivos com interações muito significantes para a área, como a Vacina VR, comentada por Thainara Meneghelli.

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