Como é trabalhar como UX Designer, por Fabricio Teixeira

William Oliveira
Training Center
Published in
6 min readApr 20, 2017

Esse post é parte de uma série de entrevistas para o Training Center sobre o que um profissional pode dizer sobre sua área de atuação visando mostrar para outras pessoas como é trabalhar no que fazem, esclarecendo para algumas pessoas se elas se dariam bem trabalhando na área ou mesmo só para mostrar para outras pessoas como é trabalhar com isso.

Introdução

Fabricio Teixeira é head de User Experience (UX) na R/GA San Francisco e trabalha há 12 anos na área, desenhando experiências digitais que sejam fáceis de usar, intuitivas e acessíveis aos usuários. Também é o fundador do uxdesign.cc, a maior publicação sobre UX no Medium.

Como você conheceu a área de UX?

Sou formado em Publicidade e na época da faculdade eu não fazia ideia do que era Experiência do Usuário (UX). Fiquei sabendo de uma vaga de estágio em UX na AgênciaClick, uma das maiores agências digitais do Brasil, e quando li a descrição comecei a desconfiar que aquilo era para mim: os maiores requisitos da vaga eram capacidade de organização e bom senso.

Algumas semanas depois já estava apaixonado por aquilo e comecei a devorar todos os livros sobre o assunto que encontrava pela frente. Os anos seguintes foram de muito trabalho, auto-didatismo e coragem (de estar trabalhando em uma profissão que ninguém entendia direito ou sabia se iria “vingar”). Hoje em dia UX é uma das profissões mais procuradas do mercado de design digital, em todo o mundo.

Como foi o seu primeiro trampo?

Como estudante de Publicidade, sempre tinha tido vontade de trabalhar em grandes agências, e na época da faculdade User Experience nem passava pela minha cabeça. Só depois de um tempo fui entender que era sim possível juntar essas duas coisas.

Tive muita sorte de começar na AgênciaClick (hoje conhecida como Isobar), que foi a minha maior escola em UX. A Click foi a primeira agência brasileira 100% digital, pioneira em vários aspectos dessa indústria — inclusive a pioneira em ter um grupo dedicado de profissionais de UX dentro da Criação. Minha grande mentora na época foi a Juliana Constantino, que liderava o time de UX dentro da agência e sempre foi minha maior referência de profissional de UX criativo.

Nos 5 anos que fiquei por lá lançamos os tipos mais incríveis de ideias: de websites, a aplicativos de celular, passando por games, plataformas de ecommerce, design de caixas eletrônicos, campanhas de lançamento de produtos — até provas interativas que os participantes do Big Brother Brasil tinham que enfrentar ao vivo na televisão.

Por lá fiquei vários anos, até receber uma oferta de trabalhar com UX nos EUA — onde estou há 7 anos.

Quais são as skills de quem trabalha nesta área?

Organização e bom senso são essenciais para trabalhar com UX. Você está constantemente lidando com grandes volumes de informação, e nessa hora é preciso saber se organizar por conta própria.

Depois disso, uma das habilidades fundamentais de UX é saber se colocar no lugar do seu usuário; afinal, é para ele/ela que você está desenhando aquele produto. Você precisa ter facilidade em entender do que as pessoas precisam, o que elas estão sentindo/pensando, quais as motivações que as levam a agir, e até as dificuldades que elas enfrentam quando estão interagindo com uma experiência digital como um site ou um app.

Ah, e é claro, por se tratar de uma função de Design, você precisa conhecer e saber aplicar os princípios básicos de design gráfico, para que o trabalho que você produz seja legível, claro e conciso.

Quais são os principais desafios da área?

O principal desafio da área é entender que você não é o seu usuário. Designers mais inexperientes costumam desenhar interfaces que eles gostariam de usar eles mesmos, mas se esquecem que os produtos que eles estão desenhando serão utilizados por uma audiência muito mais diversa e muito menos experiente com tecnologia. E isso tem um impacto enorme na forma como você desenha aquela experiência — no tom de voz que usa, na identidade visual, na organização da informação, na hierarquia, no fluxo de navegação, etc.

E não adianta: por mais que você esteja lendo isso aqui na minha entrevista, você só vai realmente entender o que isso significa depois de muitas horas participando de testes de usabilidade (sessões onde sentamos ao lado do usuário e observamos ele interagir com algo). Quanto mais você observa as pessoas interagindo com o produto que você desenhou — e vê essas pessoas tendo dificuldades em realizar tarefas que, na sua cabeça, pareciam simples –, mais você desenvolve sua habilidade de empatia e de prever o que as pessoas precisam.

Quais são as principais recompensas da área?

A principal recompensa é criar produtos e serviços que vão ajudar pessoas a fazerem algo com facilidade, sem confusão e sem perda de tempo seja fazer uma transação no internet banking, comprar um móvel novo para a casa delas, interagir com os amigos online, preencher um formulário, requisitar um serviço — a lista é enorme.

Pense em quantas vezes interagimos com o computador e o celular no decorrer do dia. Agora pense que para cada um dos websites, aplicativos e ferramentas que a gente toca durante o dia, algum UX Designer esteve lá pensando em como nos tornar mais eficientes e em como tornar as coisas mais fáceis para a gente.

Você pensa em mudar de área?

Não penso em mudar de área, de forma alguma. É claro que, à medida em que você assume posições mais altas em uma empresa, você precisa começar e pensar em todos os aspectos do negócio — não apenas na experiência do usuário. Hoje em dia meu time é formado não apenas de UX Designers, mas também redatores, motion designers, designers de interface, planejadores, pesquisadores, desenvolvedores. Mas ainda assim, focar na experiência do usuário acima de qualquer outro aspecto é a minha missão e o que me dá prazer no dia-a-dia.

Por que alguém deveria se tornar um(a) UX Designer?

Muita gente entra em contato comigo em dúvida sobre assumir uma posição de Designer de Experiências (UX Designer, que tende a focar mais na lógica do produto) ou Designer de Interfaces (UI Designer, que tende a focar mais no visual do produto).

Acho que a principal pergunta a ser respondida aqui é: você gosta de lidar com pessoas? De ouvir o que elas têm a falar? De discutir, brainstormar, de apresentar algo para os usuários e colher feedback? E de apagar tudo e começar de novo? Se sim, UX é para você.

Mas se o seu estilo é mais sobre colocar os headphones e passar horas deixando o design impecável e bem acabado, então o melhor caminho é o UI Design.

No fim do dia, essas duas versões da profissão de Designer têm uma coisa em comum: a sensação de colocar um produto na rua e ver as pessoas interagindo com ele é indescritivelmente boa. De valer a pena todas as longas noites de trabalho, todos os rascunhos jogados fora, e todos os acertos e erros realizados no meio do caminho.

Este foi um post sobre como é trabalhar como UX Designer, porém temos também sobre como é trabalhar como Consultor de TI, por André Baltieri, outro sobre UX Design, por Leandro Lima, Coordenador de Sistemas, por Jhonathan Souza Soares, Analista de Qualidade, por Érik Patekoski, Full-Stack Developer, por Ana Eliza, JavaScript Developer, por Júlia Rizza, Front-End Developer, por Fernando Daciuk e muitos outros. Confere lá!

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William Oliveira
Training Center

Engenheiro de software frontend, escritor do livro O Universo da Programação (http://bit.ly/universo-da-programacao), periférico e bissexual