UX designer, pare de estudar Figma e conheça Antropologia.

Como o conhecimento de outras disciplinas te tornarão um designer melhor.

Alison Belo
UXPlore Brasil
4 min readJul 8, 2024

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Photo by BBC edited by Alison

Eu recentemente fiz um curso na Udemy chamado Antropologia, Inovação e UX Design e é sensacional, primeiro que o professor sabe muito dos assuntos que domina e passa o conteúdo de forma bem simples e didática e, este texto terá um pouco do meu conhecimento, da minha experiência em assistir todo o conteúdo e um pouco do resumo que eu escrevi no caderno (sim, caderno, como os antigos Astecas, me julguem), porém não vou resumir o curso em si, pois queria que você estudasse com ele também.

Primeiro o UX possui muitas disciplinas e vejo que muitos UXes mais juniores focam apenas nos conceitos visuais do UI design, porém para criar uma boa experiência para o usuário é necessário compreender O USUÁRIO.

Então alguns temas como antropologia ou outros já abordados aqui na UXplore, como Neurociência, autoconhecimento, inovação ou diferenças culturais acabam por ser negligenciados.

E como podem ver abaixo existem muitas disciplinas que envolvem nosso modo de trabalhar e vão desde matérias de exatas como engenharia elétrica, mecatrônica, até as de humanas, como a filosofia e sociologia.

E é claro que Antropologia também deve ser levada em conta aqui também, mesmo não vendo ela na imagem acima é válido compreender o humano e suas relações sociais.

Antropologia por ela mesma.

Antes de iniciar o tema, vale ressaltar que a antropologia, não lida com homens das cavernas como muitas pessoas pensam, inclusive eu pensei isso antes de fazer o curso citado acima, ela lida com o entendimento de como as pessoas de certos grupos segmentados vivem, se relacionam e interpretam de acordo com a própria ótica.

Ela busca o que é diferente nos grupos analisados de forma analítica, percebendo o outro como uma pessoa singular e subjetiva, com pensamentos, ações e visões de mundo próprias.

E a análise pode ser feita através de processos etnográficos, que são técnicas de pesquisa qualitativa. Ela envolve a observação direta e a imersão no ambiente natural das pessoas para entender seus comportamentos, necessidades e motivações.

Etnografia.

A etnografia é um método de pesquisa qualitativa que se concentra na análise da cultura e do comportamento de grupos específicos. Durante o processo, o pesquisador se envolve de forma imersiva, coletando e registrando informações detalhadas sobre as experiências vividas.

Diferentemente dos métodos quantitativos, a etnografia não se baseia em números exatos. Seu objetivo principal é capturar insights por meio das interações observadas durante a pesquisa. O pesquisador mapeia hábitos, crenças, valores e práticas do grupo estudado, compreendendo como as pessoas se comunicam e expressam suas ideias.

A antropologia no UX.

Quando o profissional de UX Design se dedica à criação de experiências para os usuários, combinando diversos elementos para desenvolver produtos ou serviços que atendam às necessidades e resolvam os problemas, é na Antropologia e seu processo etnográfico que podemos encontrar a base para iniciar o fluxo de descoberta desses elementos.

Pois em nossa área, a Antropologia tem papel de desafiar os designers a considerarem fatores culturais, valores e crenças dos usuários ao criar produtos e serviços. Ela nos lembra que não existem soluções universais, pois cada grupo segmentado tem suas próprias práticas e significados.

E na abordagem do design thinking.

O Design Thinking valoriza a compreensão profunda sobre as necessidades, desejos e comportamentos das pessoas, para isso essa abordagem combina três pilares em diferentes etapas do processo criativo: empatia, colaboração e experimentação para criar soluções centradas no ser humano.

Ao compreender a Etnografia e seus processos é perceptível a semelhança com o design thinking, claro que sua abordagem vem de uma linha de estudos diferentes, mas consegue ter um paralelo, pois na antropologia as pesquisas são feitas em campo, deve se ter empatia, porém busca análise de alteridade (A alteridade envolve o reconhecimento da individualidade e das especificidades do outro) em consequência, é colaborativa, é registrada e de lá se tira insights para realizar as experimentações.

Duplo diamante pela Council design

Dentro do duplo diamante, o foco principal está na primeira etapa, que se concentra no contexto e na compreensão do problema. Essa fase envolve a descoberta e a definição. No entanto, o processo também é naturalmente aplicável à segunda etapa do duplo diamante, focada em desenvolvimento e entrega.

Conclusão

Em resumo, tanto o UX Design quanto o Design Thinking têm como foco central o ser humano. Eles buscam compreender profundamente as necessidades, desejos e comportamentos das pessoas para criar soluções criativas para problemas complexos.

E a antropologia também tem o mesmo foco, o ser humano, o que é uma aliada para os processos que envolvem a área e oferecem insights que os UX designers usam para cumprir com a função de criar uma melhor experiência para o usuário.

Mas se você apenas estudar Figma e aprimorar suas habilidades de design visual sua interface ficará bonita e pouco usual, então é fundamental criar interfaces que combinem estética com dados profundos proporcionados pela pesquisa etnográfica.

Por fim, para iniciar o desenvolvimento de produtos e serviços, aprenda outras disciplinas, pois com mais conhecimento, melhor se tornará o seu design.

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Alison Belo
UXPlore Brasil

Sou UX Designer com formação em Marketing, com quase 3 pós graduações e pronto para ensinar e aprender muito mais.