Coisas que aprendi fazendo hamburgers #2

Beto Galetto
5 min readMar 1, 2016

Há um tempo atrás, resolvi começar anotar algumas ideias/reflexões/tetos que ia tendo conforme me aventurava nessa coisa de “ser dono da própria vida” (spoiler: é uma ilusão). Queria tentar me entender melhor e, quem sabe, transformar tudo em textos pra dividir com outras pessoas que estivessem num momento parecido com o meu.

Assim surgiu o primeiro texto da série “Coisas que aprendi fazendo hamburgers” (que não sabia se ia virar uma série ou não) e este é o segundo. Sendo mais de um, acho que já dá pra chamar de série. :)

A coisa mais difícil de todas.

Se você parar pra pensar, uma pessoa pode fazer praticamente qualquer coisa hoje em dia.

Sabe aquela ideia maluca que poderia virar um puta filme? Com os emails certos, ela pode chegar no J.J. Abrams ou no Christopher Nolan. Imaginou cozinhar com um cara muito foda em outro lado do mundo? De repente aquele seu amigo tem um amigo que tem um amigo…

Claro que algumas parecem mais impossíveis que outras. Criar um carro autoguiado certamente deve ser foda pra caralho. E descobrir coisas acontecendo no espaço há mais de um bilhão de anos luz daqui? Mas, guess what?

O que eu quero dizer é: as ferramentas estão TODAS ali, em algum lugar. Pessoas, dinheiro, matérias-primas, conhecimento, etc. Tem jeito pra tudo. A única coisa que falta (e, ao meu ver, é a mais foda de conseguir e faz toda a diferença) é a motivação pra juntar todas as peças e fazer algo acontecer.

Essa pilha que te faz virar noites, perder a vergonha e tentar o não-tentado é o melhor e mais incrível ~superpoder que alguém pode ter. E todo mundo tem. Basta descobrir o jeito certo de ativar.

The mind is the limit. As long as the mind can envision the fact that you can do something, you can do it, as long as you really believe 100 percent. — Arnold Schwarzenegger

Muita gente tem adotado o discurso “encontre uma paixão e pronto, você nunca mais vai trabalhar na vida” e coisas do gênero. Provavelmente eu já tenha dado essa ~dica, inclusive até mais de uma vez. Mas, com o tempo, tenho visto cada vez mais que o que interessa não é paixão e sim o quanto você se interessa por algo e o quanto acredita no que faz. E isso vira motivação, aquilo que te faz tirar a bunda da cadeira e fazer as coisas acontecerem.

Telling someone to “Follow their passion” essentially is just a different way of saying “Well I don’t know, it’s your problem lol.” — Tobias van Schneider

Foi assim comigo na propaganda. Num certo momento, me dei conta que não acreditava mais no que fazia nem no formato que trabalhava. Depois disso, nada no mundo me fazia querer sair da cama e gastar meus dias fazendo isso. Lembro que um chefe que tive em um dos primeiros estágios me disse que, se um dia ele acordasse e o primeiro pensamento na cabeça fosse a hora de voltar pra casa, algo estava errado. E isso ficou martelando na minha cabeça desde então.

Claro que, para algumas (muitas, talvez) pessoas, dinheiro funcione como uma motivação. Contas pra pagar, coisas novas pra comprar ou até aquele sonho da aposentadoria tranquila, quando finalmente vai dar pra aproveitar a vida naquele cruzeiro da CVC. Possivelmente acreditar nessa compensação financeira no fim do mês seja um mecanismo que as faça se mexer. Mas não era meu caso. Não sei se invejo elas, mas o mundo parece mais fácil sob essa ótica.

Mas e aí, o que fazer quando acaba a motivação? Certo que devem existir um milhão de coisas. No meu caso, foi trocar de profissão. Adiantou? Muito, mas tem vários momentos punks e mil coisas chatas pra caralho que vão continuar aparecendo pelo caminho.

Cozinhar, por exemplo. Parece algo super legal, não? Passar o dia preparando comida pra pessoas legais que certamente vão amar tudo que você faz. Um dia, quem sabe, você acorde famoso, apareça em programas de TV, escreva mil livros e fique rico. Não que isso seja impossível, mas já parou pra pensar, por exemplo, naquela parte em que você tem que dissecar receitas e achar o custo exato de cada ingrediente, pra depois calcular o valor de um prato levando em consideração impostos, perdas, salários, luz, etc.? Ou naqueles dias em que tudo parece dar errado?

Junte a isso o fato de estar tentando ter um negócio próprio pela primeira vez. Como sair da cama todos os dias e fazer algo acontecer quando tudo só depende de você? Como enfrentar falta de grana? Como lidar com a burocracia? Como não se sentir uma fraude? Como fazer coisas quando você não faz a menor ideia de onde começar?

Uma das coisas que tem funcionado e não me fez desistir até agora é acreditar sempre no que faço. Isso implica em dizer vários “nãos” por aí (o que nem sempre é fácil) e muitas vezes até enfrentar situações difíceis, mas foi o caminho que achei pra tentar continuar seguindo.

— “Tá, mas tem certeza que a gente não tá falando de paixão? Se eu amo o que faço, com certeza não vou me importar com a parte chata.”

Pode ser, mas e se for uma paixão platônica? O que te faz pedir o telefone daquele crush no colégio não é o amor, é a motivação, é acreditar que vai dar (#VaiDar). Só que arrumar essa motivação, muitas vezes, é a coisa mais difícil de todas. Depois, dá-se um jeito no resto.

— “Mas e como eu arrumo motivação?”

Também tô tentando saber. Tem gente que tenta focar em quanto falta ao invés de quanto já fez. Tem gente que prefere comemorar pequenas vitórias. Tem gente que prefere fazer mil listas pra ver o que já fez. Outros preferem não fazer nenhuma lista. Tem gente que acredita que uma força divina vai ajudar. Outros preferem simplesmente não pensar.

Se alguém tiver sugestões, deixe aqui nos comentários!

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Você pode ler os outros textos da série aqui, aqui, aqui e aqui.

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