A Economia do Gosto
L/R é o novo produto da M-S Live. Poderia chamá-lo de a primeira newsletter da promotora de eventos, mas usarei a oportuna nomenclatura sugerida na edição de apresentação: curadoria de conteúdo.
Mensalmente, a comunidade amante da música eletrônica receberá artigos e notícias sobre cultura, experiência, criatividade e comportamento circundantes a este meio.
O nome remonta à curiosa divisão que se estabeleceu, especialmente, em eventos eletrônicos: letf, right (direita/esquerda). Os lados antagônicos abrigam tribos distintas e independentes. Neste novo canal, porém, “os diferentes pontos de vista não se anulam: eles se somam, enriquecem e trazem profundidade para a conversa.” Ótima percepção!
A M-S Live está estabelecendo um novo ponto de contato gerador de valor para seus fãs. A excelência dos conteúdos veiculados no Instagram, agora, ganham uma roupagem mais refinada e profunda via e-mail.
São pouco mais de 24 mil seguidores na rede social. Para aqueles acostumados com os números inflados de seguidores e curtidas, pode soar como pouco expressivo. Porém, é uma métrica irrelevante, convenhamos, considerando o verdadeiro impacto da marca para o fandom que aprecia o som mais underground e suas dezenas de sub gêneros.
Ao longo de 2022, já havia notado como a M-S Live definiu uma estratégia de conteúdo anti- clickbait em sua rede social principal. Ali, existem boas histórias e informações relevantes que promovem uma conexão autêntica de sua base com os eventos produzidos.
A L/R, portanto, é mais uma boa extensão desta proposta.
A novidade apresentada pela M-S Live na última terça, 19, nos ajudará a entender o que é Economia do Gosto. Para Daisy Alioto, a inventora da irreverente expressão, à medida que o conteúdo se torna ainda mais prevalente, o gosto se tornará a nova moeda. É um argumento convincente, concordam?
“Mais plataformas de mídia serão necessárias para selecionar o que vale a pena prestar atenção, seja essa curadoria de cima para baixo (editores) ou de baixo para cima (UGC)”, justificou Alioto.
Ao readaptar o argumento da insider, temos a M-S Live como uma plataforma de entretenimento e experiências responsável pela seleção dos bons conteúdos para sua audiência.
Lembram-se que a empresa refere-se a sua newsletter como uma “curadoria de conteúdos”?
A Economia do Gosto pode ser entendida como uma confluência de novos formatos que irão determinar as relações entre marcas e público na próxima década. Em suma, temos uma convergência da economia do nicho e do movimento rumo às comunidades restritas onde encontramos pessoas que compactuam das mesmas preferências.
“O futuro incerto dos feeds em todos os lugares, parece um bom momento para dar um passo para trás e imaginar o que pode estar à frente. Para fazer isso, é útil olhar para o passado.”
O conselho dado por Declan McGlynn nos propõe a revisar a experiência nos primórdios da internet para entender por que iniciativas como a da M-S Live são relevantes para o fandom na era em que o conteúdo é abundante e escravo da ditadura algorítmica.
“Até aquele momento, a maioria dos principais sites eram simplesmente links para outros lugares. Foi pura curadoria — você experimentou a internet pelas lentes de uma pessoa ou organização em quem confiava e, por sua vez, eles cresceram em sua influência ao enviar tráfego para outros blogs e sites”, explicou o jornalista de tecnologia e de música eletrônica.
Então, para onde vamos a partir daqui? Com o algoritmo funcionando tão bem para atenção e retenção, estamos presos a For You, para sempre? Como será o futuro da curadoria personalizada? Para os questionamentos, McGlynn tem uma resposta ainda cercada por incertezas:
“A caixa de entrada, depois de todo esse tempo, ainda é um lugar bastante sagrado — congelado no tempo, em vez de um fluxo interminável de banalidades movido a FOMO. Mas também é isolado, sem o contexto social que pode dar às recomendações um novo nível de significado. Dito isto, encaminhar e-mails foi a primeira iteração da viralidade online — talvez seja hora de trazer de volta os grupos de e-mail. Ou isso é basicamente o que os boletins são?”
A L/R desponta como mais um canal de sugestões, sim, porém cercado pelo contexto de uma marca cuja reputação alavancou uma base fiel que caminha para se consolidar como uma comunidade. E é lá onde as interações, de fato, acontecem.
Talvez, o próximo passo seja evoluir o modelo da atenção para a intenção respaldada pelo gosto em comum do seu fandom. E o que isso significa? A comunidade também assume o papel da curadoria.
“Seja construindo e engajando sua própria comunidade, ou afiliando-se e apoiando outras comunidades, as marcas precisam estar prontas e dispostas a ceder o controle sobre a história e a mensagem aos membros da comunidade e confiar que seguirão isso”, ponderou o insider Tom Vandendooren.