O TikTok envelheceu

Estudo mais recente mostra que quase 40% dos usuários da plataforma de vídeos nos EUA têm entre 30 e 40 anos. Em 2014, quando o Instagram vivia seu ápice, essa faixa representava 20% do público da rede. O aplicativo não é exatamente a página inicial para adolescentes que supomos que seja

Eduardo Mendes
5 min readFeb 27, 2024

Em 2014, a faixa 30 a 40 anos representava 20% dos usuários do Instagram. Este é considerado o último ano antes do início do declínio. Leia-se: após a compra pelo Facebook, hoje Meta, a rede passou a adicionar recursos como Stories e Reels, sinalizando que começava a envelhecer.

Afinal, à medida que seu público têm mais idade, o jogo se torna mais voltado para mantê-los do que para atrair novos.

Ao usar os dados como parâmetro, avançamos até 2024 para desmistificar a narrativa predileta dos marqueteiros sobre o TikTok e sua aura mágica que encanta a Geração Z. Retificando, os millennials.

Hoje, quase 40% dos usuários da plataforma de vídeos têm entre 30 e 40 anos. E há menos jovens no app do que no Instagram há dez anos.

Neste momento, o grupo demográfico de 30 a 49 anos do TikTok está crescendo mais rapidamente do que de 18 a 34 anos.

O estudo mais recente realizado pelo Pew Research Center nos Estados Unidos escancara um fato: o TikTok tornou-se velho!

Ao promover conteúdo longo, vídeos horizontais e comércio eletrônico, o TikTok adota a mesma cartilha de enshitificação usada pelo Instagram, e comprova o seu avanço de idade.

O brilhante cruzamento das informações e os insights instigantes foram trazidos por Ryan Broderick e Adam Bumas. Os escritores sobre o futuro da internet compilaram todas as pesquisas do Pew Research sobre o uso da mídia social desde 2005 para formatar o gráfico abaixo.

“Há uma quantidade surpreendente de evidências de que a maior parte da cultura da Geração Z é, na verdade, apenas a cultura da geração do milênio. Quase metade dos usuários do TikTok tem mais de 30 anos.”

Em seu auge, entre 2013 e 2014, o Instagram adicionava 16% de usuários entre 18 e 29 anos, até então o maior salto demográfico de uma rede social já registrado.

Agora, olhe para o TikTok: no período de 2021 a 2023, a rede observou um crescimento de 14% relativo a esta mesma faixa.

Fica evidente que aplicativo não é exatamente a página inicial para adolescentes que supomos que seja?

Como uma provocação, coloquei em tom de pergunta o que Broderick e Bumas concluíram a partir de sua minuciosa análise:

“Faz sentido que essas duas plataformas estejam envelhecendo de forma semelhante. Ambas são jardins murados de conteúdo visual que só funcionam realmente em dispositivos móveis. Ambas também pertencem a enormes conglomerados que passaram anos se defendendo da imprensa e do governo dos EUA.”

É provável que o boom do TikTok tenha surfado uma onda maior do que a do Instagram em termos de duração.

A repetição da história e os sinais do tempo, por sua vez, são novos elementos que corroboram o desgaste do atual formato das mídias sociais sustentado pelos implacáveis algoritmos.

E neste contexto, temos a Gen Z puxando o movimento rumo aos grupos fechados, enquanto os adolescentes gastam cada vez mais tempo no Roblox e Fortnite, mostrando que a próxima geração não rolará mais feeds estáticos.

Para os obcecados pela equação idade x comportamentos de consumo fica um aviso: o reinado do TikTok ( e mídias sociais) não é absoluto. E o Universal Music Group está aí para comprovar.

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Eduardo Mendes

Advisor for Culture and Innovation | Co-Founder na The Block Point | Web3 & New Technologies | Strategy, Research & Content | Sports | Entertainment | Media