O que é Design Centrado no Usuário e qual seu valor para empresas e projetos

Pravy
7 min readAug 9, 2023

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Quantas vezes você adquiriu um produto e não sabia ao certo como utilizá-lo? Ou, ainda, quantas vezes você adquiriu um produto e, no fim das contas, ele não desempenhava a função esperada? Quando compramos um produto, esperamos que seu uso seja intuitivo, de fácil compreensão, e que — no mínimo, sua função primária proposta seja desempenhada com êxito. Para isso, seu design precisa ser bem planejado e deve priorizar o usuário.

Design Centrado no Usuário (DCU; em inglês, User Centered Design) é uma abordagem importante para todas as etapas de planejamento de um projeto, desde a concepção de sua ideia até o lançamento. Sua adoção e aplicação são necessárias para o desenvolvimento de produtos que atendam às demandas e vontades de usuários e clientes.

Neste artigo, vamos falar sobre o conceito de Design Centrado no Usuário, como se diferencia e conversa com outros conceitos — como Design Centrado no Ser Humano e UX Design — e quais são os benefícios para usuários, empresas e projetos.

O que é Design Centrado no Usuário

Como disse Steve Jobs, “design é função e não forma”. Você pode estar se perguntando: o que isso quer dizer? Bom, todas as ferramentas que utilizamos em nosso dia a dia têm uma função, ou seja, servem para alguma coisa. No entanto, é a forma como essas ferramentas são desenvolvidas que vai dizer se elas cumprem bem sua função ou não. O design das ferramentas, sejam elas físicas ou digitais, precisa ser bem pensado para atender às necessidades das pessoas que vão utilizá-las.

Quando falamos sobre design, não estamos falando apenas sobre aparência. É claro que é importante criar produtos que chamem a atenção e encham os olhos, mas mais importante ainda é criar produtos úteis, funcionais e fáceis de usar. E essa é uma diretriz básica do conceito de Design Centrado no Usuário.

Em resumo, DCU é o processo de desenvolvimento de design que coloca as demandas e os desejos dos usuários no centro da tomada de decisão, envolvendo, para isso, a realização de pesquisas, testes com protótipos e ajustes contínuos baseados nas necessidades dos usuários.

A diferença entre Design Centrado no Usuário e Design Centrado no Ser Humano

Em determinados contextos e cenários, essas duas abordagens podem ser compreendidas de maneira similar, entretanto, existe uma pequena diferença entre elas.

Quando o assunto é Design Centrado no Usuário, é necessário considerar um grupo específico de pessoas, suas necessidades, seus hábitos e suas preferências.

Já o Design Centrado no Ser Humano (Human Centered Design) adota uma abordagem mais abrangente ao centrar-se em questões como percepções pessoais, ergonomia, cognição e sociologia.

Imagem com uma única pessoa em foco. Tal pessoa encontra-se em um contexto de grupo

É um olhar sobre a forma como as pessoas percebem, interpretam e interagem com produtos. Além disso, essa perspectiva não se limita apenas ao indivíduo isolado, mas também abrange os grupos de pessoas que estão de alguma maneira envolvidos e influenciam a relação do indivíduo com o produto, ou seja, os stakeholders.

Em ambos os casos, o consumidor está no centro do processo, mas, enquanto o Design Centrado no Ser Humano considera as características e percepções de pessoas e seus grupos de uma maneira mais ampla e social, o Design Centrado no Usuário tem o usuário final e sua experiência como foco.

Se pensarmos que todo usuário do seu produto é um ser humano, mas que nem todo ser humano é usuário do seu produto, é possível perceber a importância de compreender a fundo para quem você está desenvolvendo.

Os princípios do Design Centrado no Usuário

De acordo com Don Norman, pesquisador, professor e escritor especialista em design, são quatro os princípios do DCU:

  1. Resolver a raiz do problema.

Para Norman, é necessário encontrar o problema certo durante o processo de desenvolvimento de um projeto. Muitas vezes, o problema que está te fazendo quebrar a cabeça é apenas um sintoma do problema básico e central. Então, concentre seus esforços em entender qual é a raiz do problema. Se conseguir resolvê-la, provavelmente, os sintomas vão desaparecer, mas seja paciente, porque isso pode não ser tão simples e fácil de fazer.

2. Ter foco nas pessoas.

Além disso, é importante pensar não somente no usuário final, mas também em todas as pessoas envolvidas na utilização do produto. Independentemente do que você fizer, sempre pense nas pessoas.

3. Ter abordagem sistêmica.

Outro ponto que não deve ser esquecido é a abordagem sistêmica. Você tem que pensar em tudo como um sistema. Além das pessoas, tenha em mente também todas as etapas que fazem parte do processo para garantir, assim, uma otimização global.

Devemos nos preocupar em facilitar o caminho para que as pessoas cheguem ao resultado final. Para isso, não é necessário focar nos detalhes de uma ferramenta, por exemplo. Eles precisam ser compreensíveis, é claro, mas o foco deve estar no objetivo de uso do seu produto ou serviço para as pessoas.

4. Realizar testes rápidos e contínuos.

Por fim, realize testes rápidos e contínuos para coletar feedbacks e aprimorar seus processos sempre que for necessário. As necessidades dos usuários não são imutáveis, portanto, o desenvolvimento de seus projetos também não deve ser.

A importância do DCU e seu valor para empresas

Além dos benefícios que o DCU entrega aos usuários, como a democratização da tecnologia, a simplificação dos processos no dia a dia e a economia de tempo, essa abordagem também agrega muito valor para as empresas.

Como uma das principais diretrizes de DCU é ouvir os usuários sobre suas necessidades, seus desejos e suas opiniões, ao colocar esses feedbacks em prática a tendência é criar produtos de maior qualidade. Por sua vez, produtos que satisfazem seus usuários geram uma percepção melhor de marca para a empresa que os produz, aumentando o seu valor percebido. Produtos melhores, de uma marca de alto valor, tendem a vender mais, o que gera aumento de receita.

No mesmo sentido, os processos de DCU também prezam pela otimização de tempo e recursos, reduzindo os custos e aumentando a produtividade da equipe.

O relatório The New Design Frontier, desenvolvido pela InVision em 2019, já demonstrava o impacto e a relação entre as práticas de design e o desempenho dos negócios:

Gráfico da The New Design Frontier, desenvolvido pela InVision em 2019, demonstrando resultados de investimento em Design nas empresas
The New Design Frontier, InVision (2019)

As empresas de nível 1 são aquelas focadas apenas nos aspectos visuais do design, ou seja, aquelas que ainda não consideram o design como função e sim como forma.

Por outro lado, as empresas de nível 5 demonstram uma solidez abrangente em todos os aspectos da maturidade, destacando-se pelo grande envolvimento do design na estratégia organizacional. O design nessas empresas proporciona insights profundos empregando técnicas de pesquisa exploratória do usuário, análises de tendências e previsões que avaliam a adequação do produto ao mercado.

A relação entre os conceitos de Design Centrado no Usuário e UX Design

Outro conceito que está correlacionado ao Design Centrado no Usuário (DCU) é o UX Design (Design de Experiência do Usuário).

UX Design tem como objetivo criar uma experiência positiva para o usuário em relação a um produto.

Por consequência, um Design Centrado no Usuário vai garantir uma melhor Experiência do Usuário.

No entanto, enquanto UCD envolve a realização de pesquisas com usuários e testes com protótipos, UX está mais focado na criação da experiência positiva de interação por si só.

Protótipo desenhado em caderno

Em resumo, o UX Design pode fazer parte do processo de Design Centrado no Usuário, e ambos são importantes para garantir que as necessidades do usuário sejam atendidas.

Algumas referências bibliográficas

Para se aprofundar em todos os assuntos que abordamos ao longo deste artigo, separamos três indicações de leituras:

“Com diretrizes práticas e percepções provenientes de sua própria experiência, o autor Travis Lowdermilk mostra como a usabilidade e o design centrado no usuário irão mudar, de forma dramática, a maneira como as pessoas interagem com seu aplicativo.”

“Por que alguns produtos satisfazem os consumidores, enquanto outros os deixam completamente frustrados? Em O design do dia a dia, o especialista em usabilidade Donald A. Norman analisa profundamente essa questão, mostrando que a dificuldade em manipular certos produtos e entender seu funcionamento não é causada pela incapacidade do usuário, mas sim por uma falha no design do que foi fabricado.”

“Quantas vezes você se sentiu perdido em um site? Quantas outras falhou ao tentar entender como funcionava um aplicativo? Na maioria das vezes, a culpa não é sua. Muitos são os sites ou aplicativos com falhas de desenvolvimento que dificultam sua compreensão e uso.”

O cliente deve, então, ser o ponto focal de todas as tomadas de decisão envolvendo a criação de produtos e experiências. Essa é, inclusive, a definição do conceito de Customer Centricity, que, apesar de ter suas próprias especificidades, também conversa bastante com as ideias de Experiência do Cliente e, claro, Design Centrado no Usuário.

Na Pravy, ajudamos líderes visionários a inovar, criando e amplificando produtos digitais com propósitos autênticos, que geram novos níveis de impacto econômico em suas empresas, na sociedade e no planeta. Fazemos isso através de metodologias e frameworks humanizados e avançados de Tecnologia e Design, como o UCD.

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