(Vetores: FreePik/ Imagens: Fernando Stankuns, Arte Fora do Museu e Governo do Estado de São Paulo)

Longe do Trio de Ferro

Lucas Rubio Ayres
Adeptos & Apaixonados

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Entre meados de 1910 e 1920, três clubes paulistanos dominaram o cenário do futebol paulista. Eram os que tinham mais recursos, melhores jogadores e uma certa atenção do público geral, até porque torcida ainda era algo em desenvolvimento no País. Assim, praticamente revezavam-se como campeões do Campeonato Paulista. Por isso, Esporte Clube Corinthians Paulista, Palestra Italia e Club Athletico Paulistano receberam o apelido “Trio de Ferro”.

A tríade, então, que gerou o nome “Trio de Ferro” não tinha o tradicional São Paulo Futebol Clube? Mais ou menos. O Paulistano, que inclusive era o mais vitorioso entre os três — muito por conta dos gols do craque Arthur Friedenreich -, encerrou seu departamento de futebol em 1929, devido a contrariedade ao profissionalismo no esporte ,que teve em 1933 o marco definitivo de seu início no Brasil. No entanto, de alguns dos cartolas do extinto futebol do Paulistano, nasceu o São Paulo Futebol Clube.

O Paulistano “morreu” em 1929. Em 1930, o Corinthians conquista o Campeonato Paulista. Em 31, o São Paulo. Em 32 o Palestra Itália. Renasce o Trio de Ferro? Mais ou menos. Para todos efeitos, o Trio de Ferro Paulistano que conhecemos começou somente em 1942, quando o Palestra Italia mudou seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras. Neste ano, o time alviverde foi o campeão paulista, superando o Corinthians, campeão de 1941. Então, em 1943, o ciclo completo: São Paulo campeão paulista.

Nos 74 anos seguintes, Corinthians, Palmeiras e São Paulo dominaram o cenário paulista e o nacional. Juntos, somam 208 títulos. Os três clubes estão muito bem colocados em diversos rankings de clubes brasileiros: os mais valiosos (1º Corinthians); com mais títulos brasileiros (1º Palmeiras); com títulos internacionais (1º — São Paulo); com maior receita (1º Palmeiras).

Todos os anos de conquistas e de sucesso financeiro e midiático geraram uma aura sob as equipes. Esse gigantismo do Trio evoca paixão, fanatismo, abnegação. Os três somam mais de 50 milhões de torcedores e contam com três das maiores torcidas organizadas do Brasil. Em 2017, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, lideraram, respectivamente, as médias de público do Campeonato Brasileiro.

Como você imagina um torcedor do Trio de Ferro? Um homem? Um cara jovem? Membro de organizada? Um cara que vai a todos os jogos, sabe tudo do time e só pensa nele? Um cara com tatuagens do distintivo, com uma extensa coleção de camisas, com pôsteres, quadros e artigos diversos do clube espalhados pela casa?

Pense de novo. Torcedores como esse ou esses acima existem, são apaixonados, legítimos, mas não são os únicos. Entre cinquenta milhões, existem todos os tipos de torcedores do Trio de Ferro, com paixões, fanatismos e sentimentos para com os clubes tão fortes quanto os estereótipos citados acima. É nessa faixa que trabalha a série “Longe do Trio de Ferro”, com torcedores “incomuns”, dos três maiores clubes da cidade de São Paulo, cada um com uma identidade, um jeito de torcer longe do que se espera.

São quatro textos, quatro perfis jornalísticos sobre Nayara, Larissa, Antonio e Fernando, torcedores de Corinthians, São Paulo e Palmeiras. Um deles só escuta os jogos de seu time; outro nunca teve uma camisa do clube, porque não quis; outro foi obrigado a decorar os jogadores e escalações do time quando era pequeno; outro começou a torcer para o seu time sem mais nem menos.

Descubra-os:

A série “Longe do Trio de Ferro” é parte da publicação Adeptos e Apaixonados, esta que é parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da UNESP. Você pode conferi-lo aqui ou aqui.

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