Os apontamentos de quem nos lê

Conselho de leitores da Beta redação avalia nossos repórteres

Reportagens Acadêmicas
Redação Beta
10 min readMay 28, 2019

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Equipe da Beta Redação da editoria Geral (Foto: Eduardo Zanotti/Beta Redação)

Apresentamos aqui a coluna do Ombudsman da Beta Geral. Nas próximas publicações vocês irão acompanhar a opinião de um grupo de leitores e ver o que eles acham a respeito das nossas produções, semana a semana.

Nosso conselho voluntário de leitores é formado por:

Marcelo Fiori, 38 anos, jornalista graduado pela Unisinos em 2009. Atua em jornal impresso desde 2001, como repórter. De 2012 até hoje, tem atuado como sub-editor de jornal diário (impresso e online) e editor de jornal semanal. Paralelamente a essas atividades, atua, desde 2010, como assessor de imprensa de órgão público e também como freelancer na área privada.

Deyzi Botesini, 21 anos, técnica em informática pela Escola Técnica Estadual de Portão (ETEP) e cursando design na Feevale. Atualmente atua como Chefe de Serviços de Informática da Prefeitura Municipal de Portão.

Denis Machado, 23 anos, jornalista graduado pela Unisinos em 2019. Repórter e fotógrafo no Jornal Ibiá — jornal impresso de Montenegro — desde agosto de 2017.

Luís Santos, 56 anos, técnico em contabilidade pela Escola Técnica de Contabilidade (ETC, atualmente Gustavo Schreiber) e técnico em tornearia mecânica pelo Senai. Lojista autônomo desde 1998 até 2017. Anteriormente trabalhou no banco Meridional de 1989 até 1998. Atualmente está aposentado.

Ubaldininha Torres Luize, 56 anos, licenciada em história pela Unisinos. Atua como Técnica Administrativo em educação no Instituto Federal do Rio Grande do Sul há mais de cinco anos.

Nesta primeira leitura do material publicado pela Beta Geral, ainda que os colegas tenham caprichado bastantes nos seus textos, os leitores apontaram a necessidade de melhorar o formato e a revisão de ortografia e pontuação.

Algumas informações também precisam ser checadas e corrigidas, pois ou não estão muito claras, ou há erros apontados pelos leitores. Mas, em geral, as matérias foram elogiadas, e fica a sugestão de usar mais fotos e fontes. Confira as opiniões do nosso conselho para cada uma das produções da Beta Geral desta semana.

Certificados de coragem humanizam atendimento médico na infância — Felipe Silva e Renata Garcia

O leitor Denis Machado gostou da matéria dos colegas e apontou alguns detalhes que podem ser melhorados na questão estrutural do texto.

“Gostei da matéria e achei o assunto bem interessante. Tenho algumas ressalvas na questão de estrutura do texto, apenas. Achei o primeiro parágrafo um pouco desconexo e, apesar de entender o objetivo dele, penso que seria mais interessante colocar as informações que estão ali no decorrer da narrativa da ida do menino ao médico (que está bem legal aliás. Uma pena não termos mais fotos dele). Outra coisa que me incomodou, por estar no título, é que a explicação do que é um “certificado de coragem”, não veio mais para o início do texto. A última retranca, também, me pareceu um pouco deslocada do restante do material (talvez reflexo da matéria feita em dupla) e poderia ser repensada” afirma.

Uma das fotos utilizada na matéria dos colegas. ( (Foto: Felipe da Silva/Beta Redação)

Denis Machado ainda salienta alguns momentos pontuais da matéria: “É legal entrar ali […]’, brinca Daniel”. Quem é Daniel? Ele é um médico? Um paciente que também tentou encorajar o menino? “Recorreram a Duda”, por mais que saibamos que o nome da prima de Ismael é Eduarda, não acho certo usar apelidos, não somos íntimos da pessoa, tanto o repórter quanto o leitor.

“Gostei do texto. Achei informativo”, afirma o leitor Luís Santos.

Já para o leitor Marcelo Fiori, faltou a fala de algumas pessoas, ainda que tenha achado a matéria interessante por mostrar “o outro lado da moeda da assistência na rede pública de saúde, que se destaca pelos problemas, não pelo que dá certo. O texto poderia ser enriquecido como uma avaliação do próprio SUS no que se refere à influência que a humanização tem trazido ao tratamento dos pacientes. Achei estranho não haver a opinião das pessoas que se utilizam do SUS, principalmente dos ambulatórios e outros espaços onde há o programa de humanização. A descrição de ambientes e reação da criança é ponto positivo, porque permite ao leitor projetar-se na cena”, opina.

“Tema muito interessante. O texto foi escrito com muita sensibilidade e clareza”, afirma a leitora Deyzi Botesini.

Confira a matéria aqui

Oficinas de arte levam direitos ao cárcere — Deivid Duarte

O leitor Denis Machado elogiou bastante a matéria do colega, porém teve um pequeno probleminha com o título. “Talvez o problema seja eu, mas demorei a entender o título. Sobre a matéria, destaco a sensibilidade do repórter na narração, que está bem bacana, embora, em alguns trechos (especialmente a abertura), isso fique um pouco exagerado. Bem bonita a iniciativa de fazer uma arte para os 'olhos' da reportagem. Ficou, mesmo, muito legal. No geral, texto bem escrito e apuração bem feita”, relata.

O leitor Marcelo Fiori também elogia a matéria do colega, principalmente a forma como ele escreveu o texto e a perspectiva apresentada. “O repórter nitidamente imprimiu seu estilo pessoal ao texto, o que sugere um movimento em busca da conquista do leitor, o que é válido. A história em si rendeu bastante por tratar do 'lado B' do sistema carcerário, que sempre está em pauta, mas pelo aspecto negativo de sua condição falimentar no Rio Grande do Sul. Ressalta-se também o olhar de compreensão do repórter, que fugiu do clichê de achar que 'bandido bom é bandido morto', e narrou que há outras realidades dentro da Cadeia Pública. Tem-se, com isso, o mérito de surpreender o leitor, algo cada vez mais difícil com tanta informação nas mais variadas plataformas. Trazer informações assim enriqueçam a bagagem de conhecimento do leitor e, por consequência, rompam mais algumas barreiras do preconceito e da ignorância”, elogia.

Uma das fotos utilizadas na matéria. ( (Foto: Carmela Grüne/Acervo Pessoal)

Para a leitora Deyzi Botesini, o texto começou bem, porém o autor acabou perdendo o rumo ao longo da escrita. “Os primeiros parágrafos estão muito bons, porém, do meio para o fim parece apenas que foi 'copiado' e 'colado' dos links”, opina.

A leitora Ubaldininha Luize achou o texto bem informativo, porém acredita que o final foi um tanto repentino: “O texto está bem escrito, com dados informativos relevantes, mas o final é abrupto. O final de um texto deve ser um fechamento, um arremate que nos diga ces´t fini, e o texto não tem isso, é como pudéssemos virar a página e continuar lendo…”, comenta.

Já o leitor Luís Santos acha que a matéria poderia ser utilizada em outras mídias. “Gostei do texto. É um assuntos que poderia ser tratado em um documentário”, opina.

Apontamento do ombudsman: Interessante revisar um dado - 71,4% (71,9% homens e 62% mulheres” […]). Estes 71,9% se referem aos 71,4? Pois esse cálculo não fecha, a não ser que haja outro fator que estejamos ignorando.

Confira a matéria aqui

Elas querem programar — Gabriela Stähler

O leitor Denis Machado elogia bastante o texto, mas mudaria o título. “Achei o tema interessante e a matéria muito bem desenvolvida, com um texto fluído e bom de ler. Minha única sugestão seria mudar o título para um formato mais noticioso”, sugere.

Já a leitora Deyzi Botesini acha que o texto está muito embasado na opinião das fontes. “O tema escolhido é muito bom, mas foi escrito em excesso com as opiniões das entrevistadas, passando a impressão de que não foi feita uma pesquisa muito aprofundada sobre o assunto”, diz.

Uma das fotos que a colega usou para ilustrar sua matéria. (Foto: Gabriela Stähler/Beta Redação)

O leitor Marcelo Fiori concorda que poderia ter fala de especialistas do meio. Ele também acha que o texto ficou um tanto repetitivo e que o título poderia ser melhor "para 'convidar' o leitor a embarcar na leitura, porque diz muito pouco. A pauta, de um lado, tem o mérito de abordar mais um aspecto da vida em que a mulher é subjugada, mas, de outro, insiste no discurso um tanto repetitivo de que o gênero feminino é capaz de desenvolver determinada habilidade ou tem determinadas competências. Será mesmo que é preciso dizer mais uma vez que elas são capazes? A reportagem poderia ter dado voz a profissionais de RH que enaltecessem as vantagens do trabalho feminino ante o masculino neste campo de atuação,” opina.

“Matéria bem escrita, informativa e objetiva, sem 'blábláblá' desnecessário. Um sopro de ar na Beta Redação. Parabéns à autora!”, elogia a leitora Ubaldininha Luize.

O leitor Luís Santos também elogia bastante a matéria da colega. “Gostei do texto, pois é uma mistura de história com informações sobre determinada área. Achei diferente”, afirma.

Confira a matéria aqui

Comunidade assume a gestão de Hospital em Taquari — Murilo Dannemberg

“Bom trabalho de desenvolvimento da pauta, apuração e escrita. Após ler a matéria, só me pergunto se não fica um pouco forçado dizer que a 'comunidade assume a gestão…'. Mas é minha única ressalva. O trabalho do repórter está muito bom”, relata o leitor Denis Machado.

Ubaldininha Luize elogia: “Mais uma matéria redondinha e sem erros ortográficos. Bem escrita, objetiva e informativa. O autor escreve bem e, pelo visto, os professores da disciplina 'acordaram' e estão trabalhando direitinho”, afirma.

Já o leitor Marcelo Fiori discorda de Ubaldininha. “Reportagem mal executada, porque não traz a opinião de quem se utiliza dos hospitais citados. Não basta dizer que há um esforço de algumas forças da cidade para a entidade manter-se de portas abertas. Também não fica bem explicado por que os hospitais que atendem usuários do SUS enfrentam tão severa crise. No caso de Taquari, não há números em que a matéria se baseia. A pauta ficou com viés oficial, com falas de autoridades e lideranças somente. Do ponto de vista da revisão gramatical, também há falhas. Em mais de uma vez cita-se valores monetários, mas não a moeda. Há, ainda, constante repetição de palavras (gestão e hospital), como no parágrafo a seguir: 'A alternativa foi implementar uma gestão pública com participação popular. Desde novembro de 2018, uma equipe formada por dez voluntários tem feito a gestão administrativa do hospital. O modelo de gestão adotado no Hospital São José segue o mesmo modelo implantado no município de Feliz e executado no Hospital Schlatter', critica.

Confira a matéria aqui

Na ponta dos dedos — Vanessa Fontoura

“Gostei do texto, direto e informativo”, relata Luís Santos.

“Tema relevante e com abordagem satisfatória. Texto bem escrito, embora o final seja abrupto. Poderia trazer mais dados sobre a população cega no Brasil, o acesso a escolas especiais e como se dá a inclusão nas escolas regulares”, sugere Ubaldininha Luize.

Para o leitor Denis Machado o assunto da matéria é interessante, porém a repórter poderia deixar mais bem explicado alguns pontos e cuidar um pouco melhor do texto. “Gostei de saber mais sobre o tema, mas acho que a repórter poderia ter ido mais além no explicar como se dá esse aprendizado. O texto ainda está com alguns problemas de repetição de palavras e poderia fluir melhor com um trabalho mais apurado de edição. As fotos também não estão muito legais”, opina.

A leitora Deyzi Botesini gostou da forma como a matéria foi produzida, porém não gostou muito do título, que considerou “clichê, mas o texto foi bem desenvolvido e explicado, não sendo muito extenso e de fácil compreensão”, afirma.

A autora decidiu utilizar essa foto para ilustrar um dos livros disponíveis para leitura em Braile ( Fonte: Elias Sperandio/Studio Braille).

Para o leitor Marcelo Fiori, a pauta deveria ter seguido outro rumo, pois a matéria parece mais um relato da personagem. “A reportagem é excessivamente centrada na entrevistada Gislaine. Está mais para um relato de caso de uma estudante com deficiência visual do que propriamente a abordagem de um assunto de maior envergadura, que seriam as dificuldades que os alunos de escolas públicas enfrentam para ter acesso ao ensino. Houve, portanto, uma inversão de propósito: a pauta deveria ter desenvolvido o assunto sob uma ótica mais panorâmica, e aí o relato de Gislaine entraria como um exemplo. Em síntese: o assunto em si tem sua relevância e merece debate, mas o ângulo do texto não está adequado. A questão tem potencial para ser muito mais problematizada e, assim, trazer a opinião de especialistas”, opina.

Confira a matéria aqui.

O rapaz com as caixas de sapato — João Rosa

“Texto muito bonito, assim como as fotos. Trabalho sensível e bem produzido pelo autor. Só precisa de uma boa revisada na pontuação. Estão faltando várias vírgulas, por exemplo, inclusive na linha de apoio”, afirma o leitor Denis Machado.

A leitora Ubaldininha Luize também encontrou vários erros no texto além de não ter gostado da matéria do repórter. “Quando o autor salienta: 'O par de muletas deitados na via…' primeiro o erro crasso, o particípio deitado refere-se ao par, portanto dispensa o plural; ao referir-se 'na via', passa a ideia de que os objetos estão largados no meio da rua ou dos trilhos — é uma imagem estranha, irreal. Uma hora o autor fala que o personagem é de Esteio, em outra o chama de canoense… E que título ridículo!Resumindo: matéria piegas, mal escrita e com muitas palavras empregadas de forma equivocada. O autor tenta construir um texto elegante, mas resta pretensioso e pomposo. Leitura chata e cansativa. Dispensável,” critica.

Já a leitora Deyzi Botesini gostou bastante da matéria do colega. “Ótimo texto. Muito emocionante com relatos pessoais enriquecedores. Escrito de forma informal, parecendo um diálogo com o leitor. Muito bom!”, elogia.

Outro leitor que gostou do texto do colega foi o Luís Santos. “Gostei da história, acho que ela caberia muito bem em um documentário. Quanto ao texto, achei muito longo”, comenta.

O leitor Marcelo Fiori gostou da matéria e sugeriu pontos do texto que poderiam ser melhorados, que em sua opinião ficaram faltando:

“A reportagem é interessante ao dar voz a um 'invisível', contando um pouco da rotina de alguém que vive de pedir esmolas. O texto teria ficado mais rico caso tivesse contado em mais detalhes os fatores que levaram o entrevistado a 'parar' na rua. Por que, afinal, não seguiu com os estudos, se há escolas públicas para todos? Por que não procura trabalho formal, se as empresas precisam de PCD? Por que não um encontro na casa do entrevistado, para conhecer a efetiva realidade em que vive? Este tipo de matéria também é a deixa para se falar das políticas públicas que deveriam ajudar os excluídos a encontrar oportunidades, promovendo inclusão social. E onde está a fala da Prefeitura de Esteio, explicando os motivos da falta de uma simples gaze?”, questiona.

Confira a matéria aqui

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Eduardo Zanotti da Silva, 26 anos, jornalista.