Palpites da Rodada — Semana 4

TM Warning
ZONA FA
Published in
18 min readSep 29, 2016

Descanse em paz, José.

Antes de começar a falar sobre futebol americano, queria tirar um momento para relembrar Jose Fernandez, o incrivelmente talentoso e carismático arremessador de 24 anos do Miami Marlins que faleceu domingo em um acidente de barco.

Fernandez era um incrível talento, sem dúvida — um dos melhores arremessadores do mundo e meu favorito para vencer o prêmio Cy Young de melhor arremessador da temporada. Mas não é esse o motivo pelo qual sentiremos sua falta. Sentiremos principalmente porque José era um jogador que personificava muitas das melhores coisas sobre esportes: sua alegria, seu amor pelo jogo, sua dedicação em campo, seu carisma. Alguém que viveu horrores na infância, que fugiu de Cuba aos 15 anos e que teve de mergulhar em alto mar para salvar a vida de sua própria mãe, José vivia e jogava com uma alegria extremamente genuína que era capaz de contagiar qualquer um, uma bola de energia capaz de lançar bolas impossíveis de serem rebatidas e depois dar risada disso.

Assistir Fernandez fazendo rebatedores de bobo era divertido, mas nem de longe tão divertido quanto ver alguém capaz de se empolgar feito uma criança quando um companheiro rebatia um Home Run, ou quando fazia uma jogada tão incrível que até os adversários não acreditavam. Sua personalidade e seu amor pelo baseball nos faziam lembrar das melhores coisas sobre esportes, e é extremamente doloroso saber que não poderemos mais ver essas demonstrações e partilhar essa alegria com ele. O mundo dos esportes fica mais triste sem José Fernandez. Assim como o mundo real.

Sua hora pode ter chegado cedo demais, mas se os tributos que eu vi nos últimos dias mostram alguma coisa, é que eu não sou o único que não vai esquecer de você tão cedo.

Obrigado, Fernandez. Descanse em paz.

— — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —

Então chegamos na semana 4 da NFL. Aos trancos e barrancos, mas chegamos.

Depois de três rodadas de futebol americano (e muitas lesões), nós temos cinco times que começaram o ano com três vitórias. Quatro deles são:

  • Um time que teve seu quarterback Hall of Famer suspenso por quatro jogos, jogou com seu QB reserva, viu esse reserva se machucar e teve que jogar com seu terceiro QB, um calouro de terceira rodada que nunca tinha antes recebido um snap com o ataque titular, por um jogo e meio.
  • O time que estava escalando como QB titular um segundanista escolhido na sétima rodada e que tinha como experiência profissional na NFL um único snap — que foi um kneel.
  • O time que perdeu seu Franchise QB antes da temporada começar e que só ganhou 50 jardas do seu ex-MVP running back antes que ele estourasse o joelho.
  • O time que mandou embora metade do seu time na offseason e está escalando de QB titular um calouro que veio da “Segunda Divisão” da NCAA e que era o terceiro reserva do time três semanas atrás.

E o outro é talvez o pior time a começar 3–0 do século XXI (mais sobre isso em alguns parágrafos). Pois é.

Isso é um lembrete de que futebol americano — como qualquer esporte — tem um lado bastante imprevisível. Existe um lado que é possível entender e até controlar, se você for um técnico ou um GM: você pode dizer o que em teoria você deve fazer para aumentar suas chances, que jogador é melhor para um certo esquema tático, e por ai vai. E bons analistas sempre tentarão olhar para esse lado e tentar racionalizar o máximo que for possível, separar o que veio de algo concreto e o que pode ter sido apenas algo vindo do acaso. Mas SEMPRE vai existir um elemento imprevisível ou aleatório, que pode gerar resultados dos mais diferentes que você pode imaginar, especialmente em amostras pequenas (e, só lembrando, uma temporada da NFL tem só 16 jogos).

Então lembre disso sempre que ouvir ou ler uma análise que não se concretizou, uma decisão que não deu certo, ou um resultado não bater com o que era esperado. As vezes não é porque o analista estava errado, a decisão não era a certa, ou mesmo que exista algo muito intangível que explique um resultado estranho. As vezes é simplesmente a aleatoriedade natural dos esportes.

O que, claro, não quer dizer que a análise ou decisão não POSSA estar errada — as vezes algum fator não foi levado em consideração, ou algum foi super ou subestimado. É sempre importante, ao invés de pensar primeiro na crítica, em entender o que realmente aconteceu, e qual foi o motivo por trás de um erro ou discrepância.

E agora levante a mão se você apostava que, depois de 3 semanas, os únicos times invictos da NFL seriam Patriots, Ravens, Vikings, Broncos e Eagles.

Ninguém? Ótimo. Vamos aos palpites.

— — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —

Para quem não conhece a coluna, essa é minha coluna semanal onde eu dou meus palpites para todos os jogos da rodada. É um formato rápido e prático de falar um pouco sobre todos os jogos e times da semana, e abordar alguns assuntos relevantes sobre o momento da NFL, a rodada passada, algum jogador, ou coisa do tipo. E, para deixar mais divertido (ou seja, para eu errar e vocês rirem de mim), eu dou também meus palpites contra o spread, uma modalidade específica de apostas.

Para conhecer mais sobre o propósito dessa coluna, ver meus palpites para a rodada 1, ou então para entender o que diabos é essa tal de aposta contra o spread, você pode ler a minha coluna da semana passada. Para ver os palpites da rodada 2, o link é esse aqui. Para os palpites da semana 3, clique aqui.

E por falar em spread, essa é uma boa hora de lembrar que essa coluna NÃO é um guia de em quem ou como apostar, é só uma brincadeira que eu comecei a fazer mas minhas colunas para deixar os palpites mais divertidos.

E lembrem-se, o mais importante: eu não odeio seu time só por que apostei contra eles. Sério!

Dúvidas, comentários ou sugestões? Deixe nos comentários, nos mande pelas nossas redes sociais (Twitter ou Facebook) ou mande um email para canalzonafa@gmail.com!

Nota: Spreads seguindo o consenso de Vegas no momento que eu comecei a coluna.

Palpites da Semana 3 da NFL

(Time da casa em caixa alta)

Times de bye: Eagles e Packers

Maior pena é não ver mais uma semana de Carson Wentz, talvez minha coisa favorita desse começo de temporada. Além disso, o Eagles é uma grata surpresa que eu realmente queria ver mais para poder continuar analisando o quanto desse começo arrasador é sustentável. Vamos ter que esperar uma semana. Nesse meio tempo, recomendo a leitura da excelente coluna do Pedro Pinto sobre o calouro.

BENGALS sobre Dolphins
BENGALS (-7.5) sobre Dolphins

Eu não me sinto bem apostando no Bengals a 7.5 pontos contra qualquer time nesse momento, porque existe uma chance desse time simplesmente não ser muito bom, especialmente ainda sem Tyler Eifert — Mike Zimmer e Hue Jackson, dois dos melhores coordenadores da NFL, saíram de Cincy para serem HCs em outras localidades e o time tem sentido bastante essas saídas. Mas por outro lado, também existe uma chance de que Miami seja simplesmente ruim, um time com alguns bons talentos mas cheio de buracos e extremamente propenso a erros e turnovers. Em um jogo de quinta a noite, que costumam ser mais feios, sinto que é o tipo de partida que os erros e turnovers do Dolphins custarão ainda mais caro que de costume.

Colts sobre JAGUARS
Colts (-2.5) sobre JAGUARS

Muito embora esse jogo seja mando do Jaguars, ele não é um jogo em casa para um muito necessitado time de Jacksonville — ele é em Londres, uma das minhas tradições favoritas que parecem sempre cair nos dias que eu sou obrigado a ser mesário em uma eleição.

E, como a NFL odeia ingleses, eles parecem sempre mandar os piores jogos para lá — embora para ser sincero esse jogo parecesse bom no papel antes da temporada começar. Mas Colts e Jaguars tem sido duas decepções nesse começo de ano, e infelizmente nenhuma parece aleatoriedade: o Colts ainda é um time muito mal montado que tem exposto demais seu Franchise QB, e o Jaguars continua uma zona com uma defesa um pouco melhor, mas que não é boa o suficiente para fazer a diferença ainda. Então eu estou apostando no time que tem o melhor QB, porque embora Luck tenha sofrido com TDs defensivos nas primeiras rodadas ele ainda é um dos melhores da liga (apesar da profunda falta de ajuda ao seu redor), e Blake Bortlesbem, ouça o Blitz! ZONA FA para os detalhes.

FALCONS sobre Panthers
FALCONS (+3) sobre Panthers

Isso provavelmente é um pouco injusto com Carolina, cujas duas derrotas vieram para dois dos times invictos da NFL (Broncos e Vikings), mas o time não tem realmente parecido tão bem esse começo de temporada em meio a lesões — inclusive de Cam Newton, que deve jogar domingo mas está um pouco baleado devido a uma lesão no tornozelo. Parece o tipo de time que vai estabilizar um pouco mais para frente.

Além disso, a linha ofensiva voltou a mostrar deficiências, e contra um time do Falcons que está redescobrindo seu ataque em torno de muitos passes para RBs — e portanto forçarão os fantásticos LBs de cobertura de Carolina (Keuchly e Davis) a ficarem mais próximos da linha de scrimmage em jogadas de passe — a falta de Josh Norman pode pesar um pouco mais do que o normal. Eu não estou convencido que o Falcons seja realmente pra valer, especialmente pela defesa fraca, mas o ataque parece legítimo e o jogo é em Atlanta.

Raiders sobre RAVENS
Raiders (+3) sobre RAVENS

Eu já comentei na introdução, mas agora vou falar diretamente: o Ravens de 2016 talvez seja o pior time da NFL a começar o ano 3–0 nesse milênio.

Em termos de saldo de pontos, o Ravens é na verdade o terceiro pior desde 2000: suas três vitórias vieram por combinados 13 pontos, um número bem fraco. Apenas dois times começaram o ano 3–0 e com saldo pior: o Redskins de 2005 (6 pontos) e o Jaguars de 2004 (7 pontos), em uma época de placares notoriamente mais baixos.

Além da diferença nas regras da época (e portanto dos placares e volumes ofensivos), o Ravens também se beneficiou de outra variável: calendário. Até aqui, as três vitórias de Baltimore se deram contra adversários que estão combinados 1–8 na temporada, o calendário mais fácil desse começo de ano. Esses outros times citados tiveram a vida menos fácil: o Jaguars de 2004 enfrentou apenas um time fraco, o 5–11 Titans (cujo técnico era… wait for itJeff Fisher!). Suas outras vitórias vieram contra um bom time do Broncos que terminou o ano 10–6 e um 9–7 Bills que teve o saldo de pontos de um time 11–5.

Já o Redskins de 2005 enfrentou um dos calendários mais difíceis possíveis: suas três vitórias vieram sobre um sólido 9–7 Cowboys (cujo técnico era Bill Parcels), um 11–5 Bears que venceu a NFC South e chegaria ao Super Bowl um ano depois… e os poderosos 13–3 Seahawks, que contavam com o futuro MVP da temporada (Shaun Alexander) e que foram ao Super Bowl daquele ano. Bem diferente do que o Ravens enfrentou até aqui.

E como esses times 3–0 se comportaram no resto do ano? Na verdade, o mais medíocre possível — eles combinaram para 13–13, com Jacksonville perdendo os playoffs e Washington perdendo a revanche para Seattle na segunda rodada da pós temporada. Duas temporadas não formam uma tendência, mas se elas nos mostram alguma coisa — que aliás é algo que já foi comprovado múltiplas vezes — é que as vezes saldo de pontos pode ser um melhor indicador de performance do que número de vitórias.

Então sim, eu não estou particularmente empolgado com o Ravens. O Raiders também não tem impressionado nesse começo de ano e precisa mostrar mais consistência dos dois lados da bola, mas são mais explosivos e tem um potencial maior que Baltimore — que me parece pronto para um choque de realidade.

Lions sobre BEARS
Lions (-3) sobre BEARS

Não estou particularmente animado para esse jogo. Chicago tem se mostrado bem ruim e, embora a entrada de Howard no time titular deva ajudar o jogo corrido da equipe, o time tem falhas demais e buracos demais. Detroit não é um grande time, especialmente na defesa, mas não acho que você precise ser um grande time nesse momento para bater um Chicago que já perdeu várias peças importantes nesse começo de ano (Cutler, Danny Trevathan, LaMarr Houston), e o ataque do Lions tem sido realmente interessante de se assistir com seus passes curtos e distribuição de bola.

TEXANS sobre Titans
TEXANS (-5) sobre Titans

Deuses da NFL, eu só tenho um pedido: por favor, não deixem o Titans terminar de destruir um dos meus prospectos favoritos dos últimos anos em Marcus Mariota.

Porque o que Tennessee está fazendo é três níveis além de estúpido. Além de entregar seu time jovem e em evolução nas mãos de um técnico ruim como Mike Mularkey, eles estão traçando o pior caminho possível com Mariota. O ex-QB de Oregon é um dos talentos mais únicos a vir para a NFL em algum tempo, com um conjunto de habilidades bastante particular e peculiar, e se um time está selecionando esse jogador na segunda escolha do Draft você TEM que montar um time ao redor dele que jogue para suas forças, que o coloque em situações de shotgun, simplifique as leituras e deixe seu talento natural e físico destruírem as defesas. Ao invés disso, o Titans deu controle do time a um técnico que forçou Mariota a se adaptar a um esquema totalmente oposto ao que seria ideal para suas habilidades, jogando muito mais atrás do center, e isso tem ameaçado levar a carreira de Mariota por um caminho bem complicado. E não é como se estivessem fazendo isso para se adaptar a um esquema ofensivo de um técnico consagrado, como Belichick ou até alguém como Mike Shananan: é Mike Mularney, pelo amor de Larry Bird!

Seria uma outra história se o Titans buscasse apenas desenvolver mais Mariota para se adaptar a outro estilo de jogo para balancear melhor seu jogo, misturando situações mais simples de shotgun e com ataques mais abertos com algumas outras jogadas mais “tradicionais” atrás do center, talvez até mesmo simplificando esse tipo de jogada para fazer uma “mistura” de estilos que Mariota poderia usar para ir gradualmente se adaptando a fazer as duas funções quando necessário. Mas o que o Titans está fazendo não é isso: eles simplesmente pegaram um esquema “tradicional” pronto e encaixaram seu QB lá, sem adaptação, sem nenhum tipo de preparo que facilitasse a compreensão e evolução de Mariota. E, pelo menos até aqui, os resultados tem sido bem preocupantes, e não é difícil observar que o segundanista tem parecido MUITO mais confortável em situações de pouco tempo no relógio ou situações óbvias de passe onde pode jogar com mais velocidade a partir de formações mais abertas. Uma das decisões mais idiotas que eu vejo nos últimos anos por parte de uma franquia.

Quando falamos de Draft e prospectos, nossa mania é focar demais no talento dos jogadores apenas, e negligenciamos demais a importância do crescimento e desenvolvimento desses talentos uma vez que chegam na NFL. É muito fácil rir hoje que Alex Smith foi escolha #1 em um Draft que teve Aaron Rodgers, mas parte do que fez de Rodgers tão bom e quase acabou com a carreira de Smith foi a situação extremamente oposta que os dois encontraram nos profissionais: Rodgers ficou três anos aprendendo sem pressão atrás de um Hall of Famer, jogando sempre no mesmo esquema tático, com os mesmos coordenadores, com os mesmos jogadores ao seu redor, com enorme continuidade… enquanto que Alex Smith teve 9 coordenadores ofensivos nos seus primeiros 8 anos de NFL (você leu certo), foi jogado no fogo logo de cara sem estar pronto, jogou durante anos atrás de uma horrível linha ofensiva sem quase nenhum talento no corpo de recebedores, e nisso foi desenvolvendo maus hábitos, perdendo a confiança, sofrendo com lesões e por ai abaixo. Só quando Harbaugh chegou e criou ao seu redor uma situação favorável que jogava pelos seus pontos fortes que Smith se transformou em um QB titular perfeitamente viável. Rodgers era melhor que Smith desde o começo? Provavelmente sim, mas se você troca os dois de situação no Draft de 2005 não existe a MENOR chance de que a carreira dos dois tivesse se desenrolado da mesma forma.

Eu espero que o Titans perceba isso a tempo, e corrija o enorme erro que cometeu. Mariota é um talento grande demais, único demais e divertido demais para ser estragado dessa maneira.

PATRIOTS sobre Bills
PATRIOTS (-4.5) sobre Bills

Boa parte das casas de apostas não abriu esse jogo devido à incerteza sobre quem será o quarterback de New England nesse jogo, mas eu não me importo: eu estou indo de Patriots não importa se o QB seja Garoppolo, Brissett ou Julian Edelman. Depois das últimas três semanas — e particularmente depois do que Bill Belichick fez com o Texans quinta feira passada — eu simplesmente não vou mais apostar contra New England. Eu pessoalmente espero que Edelman seja o QB da partida. Seria absurdamente divertido imaginar isso, e as possibilidades que isso abriria nas mãos de um coordenador ofensivo com a criatividade e genialidade de Josh McDaniels são ilimitadas.

E além disso, Bill Belichick vencendo Rex Ryan com um WR escolhido na sétima rodada jogando de QB titular seria a coisa mais Bill Belichick de todos os tempos.

Seahawks sobre JETS
Seahawks (-2.5) sobre JETS

Pra falar a verdade, eu não acho que o Jets seja um time ruim. Eu até acho que eles são bons, e o jogo de domingo passado foi uma aberração. A defesa é boa, e com seus WRs saudáveis Fitzpatrick é um QB capaz de fazer os passes certos e conseguir boas atuações.

Mas eu também acho que Seattle é um time bem forte, ainda que a linha de frente do Jets deva ser um bicho diferente do que foi o Niners semana passada: foi muito fácil para a linha ofensiva fraca de Seattle abrir caminho para o jogo terrestre e manter a pressão (quase inexistente) longe de Wilson. A linha do Jets é bem melhor e vai ser um desafio maior, e vai ser interessante ver como um Seattle que teve muita dificuldade com boas linhas defensivas até aqui lidam com essa pressão. Mas no final do dia, Seattle é o melhor time, e como eu disse semana passada, eles sempre começam o ano devagar e vão melhorando com o tempo.

REDSKINS sobre Browns
Browns (+7.5) sobre REDSKINS

Eu não acho que o Redskins deva ser favorito por 7.5 pontos sobre nenhum time a essa altura. Além disso, embora o Browns seja inegavelmente um time ruim, eu acho que ele talvez seja melhor do que algumas pessoas imaginam. Eles não tem o tipo de coesão, continuidade e consistência para serem um time melhor — e isso não é um problema, já que é primeiro ano de um projeto de reconstrução — mas o time tem certos talentos que estão começando a ficar mais confortáveis. O calouro Cody Kessler teve uma boa estréia semana passada, e Terrelle Pryor teve um jogo incrível e mostrou o que sua versatilidade tem a oferecer para o time — ouça o Blitz! para os detalhes. E para boas análises de NFL. Sério, vai lá e ouve, é curtinho. Eu espero. A coluna não vai a lugar nenhum.

(Em tempo: Pryor tem parecido bem bom de WR, apesar das rotas ainda meio brutas, e parece ter sido um bom achado do Browns).

O Browns ainda tem muitos passos antes de ser um time bom, mas tem mostrado que pode ser um time decente em pequenas doses, ainda que sem a consistência para transformar isso em vitórias. Não acho que o Redskins deva receber 7.5 pontos nessa partida.

Broncos sobre BUCCANEERS
Broncos (-3) sobre BUCCANEERS

Embora eu ache que a performance de domingo passado de Trevor Siemian não tenha sido tão impressionante quanto seus números indicam, e falei a respeito no Blitz! — sério, você não ouviu ainda?! — a verdade é que ver Siemian soltando o braço e mostrando confiança em passes mais longos foi um sinal muito bem vindo. O Broncos não espera que Siemian vença jogos para eles, e o time não foi montado para isso — ele é montado para vencer com sua fantástica defesa e seu jogo terrestre. Mas quando o adversário consegue tirar o ataque terrestre e o Broncos precisa de mais volume ofensivo, é bom que Siemian esteja confiante para fazer algumas jogadas nesse contexto. Domingo Siemian completou seu PRIMEIRO passe de 20+ jardas na temporada, e embora o Broncos não quer que ele tenha que estar em situações onde precise fazer esses passes (o segundanista tem dado bastante sorte com passes passíveis de interceptação não sendo aproveitados pela defesa), volta e meia ele vai ter que fazê-los. E, se domingo é indicativo de alguma coisa, é que confiança não está faltando para o garoto — e as vezes isso é meio caminho andado. Um bom sinal.

Já o Bucs nas últimas semanas parece ter voltado a ser o que eu esperava: um time bastante talentoso mas que não conseguiu juntar tudo isso em performances consistentes, e que continua atirando no próprio pé. A defesa de Denver vai fazer da vida de Winston um inferno, e é o pior inimigo possível para um ataque que comete tantos erros. A única forma do Bucs parar Von Miller é com outra tempestade de raios.

CARDINALS sobre Rams
CARDINALS (-8) sobre Rams

O Cardinals me confunde. Eles deveriam ser bons, ainda que alguma regressão era esperada. A derrota para o Patriots na semana 1, ainda que fosse um time desfalcado, não pareceu tão ruim depois que Jimmy G destruiu o Dolphins e Arizona destruiu o Bucs na semana 2… e dai eles apanharam do Bills. Funhé.

Entre todos os problemas de Arizona — Mathieu (previsivelmente) não está 100% depois de voltar de mais um ACL rompido, a secundária tem buracos a serem explorados, alguns jogadores mais velhos estão caindo de produção — o mais preocupante é Carson Palmer. Depois de uma temporada nível MVP (teve meu voto) com 63.7%, 8.7 Y/A, e um ratio TD/INT acima de 3, Palmer tem sofrido muito para replicar esses números esse ano: 57.3%, 7.4 Y/A e 5 TD contra 4 interceptações. E não é como se essa queda de performance fosse aleatória — Palmer já teve uma péssima produção nos playoffs do ano passado. Ainda é pouco para entrar em pânico, mas é um mau sinal se você é torcedor do Cardinals.

Por outro lado, a “explosão” ofensiva do Rams me parece uma grande enganação: os 4 TDs vieram em duas bolas longas com falhas da defesa, um retorno defensivo, e um TD com campo curto depois de uma interceptação. Quando o Rams precisou mover a bola consistentemente, voltou a ter problemas, e a defesa de Arizona é melhor que a do Bucs. Então eu acho que é um bom jogo para Arizona fazer o que fez na semana 2: se recuperar de uma derrota ruim. Não sei se isso me deixaria mais ou menos confuso.

CHARGERS sobre Saints
CHARGERS (-4) sobre Saints

Isso é uma decepção para mim, que esperava que o Saints fosse um time bom esse ano. O Chargers — que aliás eu tinha apostado pra vencer a AFC West — tem uma desculpa: eles perderam uma penca de jogadores por causa de lesão, inclusive um dos seus mais importantes em Keenan Allen. O Saints simplesmente continua com uma defesa que é uma atrocidade. Drew Brees consegue solucionar vários problemas com um time, mas não todos. E eu definitivamente não quero passar mais tempo que o absolutamente necessário falando desses dois times, então vamos para o próximo.

Cowboys sobre 49ERS
Cowboys (-2) sobre 49ERS

O 49ers é oficialmente um time ruim, toda a boa primeira impressão causada contra o Rams foi pro saco. Já está mais do que claro que Gabbert não é capaz de fazer o ataque funcionar, e a defesa — apesar das boas peças — não tem um jogador capaz de colocar pressão nos QBs adversários com Aaron Lynch suspenso. O time foi surrado pela segunda semana seguida atrás de um ataque inoperante, e já passou da hora de Chip Kelly e a diretoria de San Francisco admitirem que uma mudança de QB é necessária.

Já o Cowboys não é bem um time bom, mas também não é ruim. Ele é… médio. A defesa é fraca, mas não horrível, e o ataque, embora não seja dos mais explosivos, tem mostrado alguma consistência atrás de Dak Prescott e Ezekiel Elliott. Junto com o Ravens, é um favorito para ser o “Bom Time Ruim” da temporada: aquele time que não é bom, mas que consegue uma boa campanha e boas vitórias porque ganha de todos os times ruins do seu calendário. E o 49ers é um desses times ruins.

STEELERS sobre Chiefs
STEELERS (-4.5) sobre Chiefs

Agradeço à semana 3, quando o Steelers sofreu uma derrota impressionante para o Eagles e o Chiefs forçou 8 turnovers do Jets, por ter feito dessa linha só -4.5 apesar do Chiefs estar com metade do time machucado, do Steelers ter sido o melhor time da NFL nas duas primeira semanas,ainda contar com Big Ben e Antonio Brown e ainda contar com a volta de LeVeon Bell, e do jogo ser em Pittsburgh. Essa linha me parece pelo menos um ponto baixa demais.

VIKINGS sobre Giants
VIKINGS (-5) sobre Giants

O ataque anêmico do Vikings e a propensão do Giants a jogos apertados (todos os jogos de NY foram decididos por três pontos ou menos) me fazem pensar duas vezes nessa linha de 5 pontos, mas não tem como contornar o seguinte fato: a defesa do Vikings é legítima, e uma das melhores — se não A melhor — da NFL. O Vikings tem se protegido atrás dela, e ela tem dado bons resultados, inclusive forçando turnovers, touchdowns defensivos e ótimas posições de campo. Eu não sei quanto tempo Minny consegue vencer com essa fórmula, mas dentro de casa, não vou ser eu a apostar que para agora.

Record Semana 3: 6–10
Record Semana 3 (Spread): 4–12

Record 2016: 25–23
Record 2016 (Spread): 15–33

--

--

TM Warning
ZONA FA

Blog brasileiro sobre esportes americanos. Economista de formação. Sabermetrista por paixão. Opiniões pra toda ocasião. Irritante. Às vezes sai algo que presta.