Palpites da Rodada — Semana 5

Finalmente uma semana boa! Estamos voltando!

TM Warning
ZONA FA
17 min readOct 6, 2016

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Derek Carr na fúria do Metal!

Ser técnico da NFL deve ser uma profissão ingrata. Ela é a profissão de técnico mais difícil e complexa entre todos os esportes que eu acompanho: o nível de coisas diferentes que você precisa fazer e controlar simultaneamente é fora de série, mesmo com o altíssimo número de coordenadores e assistentes que compõem uma comissão técnica. Além disso, o técnico precisa acompanhar a trajetória de todos os 53 jogadores do seu elenco, saber quem cortar e quem manter, ajudar na hora de selecionar os prospectos para o Draft… e muitas vezes fazendo isso com um elenco que não foi ele que montou e que não é o mais adequado para o que ele quer fazer. O nível de dificuldade é fora de série — só ver o número de coordenadores extremamente bons e talentosos que fracassam quando assumem a posição de head coach.

E ainda assim, geralmente o técnico é o primeiro que roda quando o time não está indo bem. A segurança do trabalho é muito pequena, e todo ano cerca de 8 times mudam de técnico durante a temporada (ou ao seu término). Muitas vezes isso acontece de fato por causa de um trabalho que não foi bem feito, ou de um time que precisa/quer seguir em outra direção. Mas, em vários outros casos, é a velha história da corda estourando para o lado mais fraco: um time que não está jogando bem ou que está decepcionando em relação às expectativas procurando alguém para levar a culpa, ou simplesmente procurando a solução (que raras vezes é uma solução de fato) para tentar se salvar no curto prazo.

A temporada mal começou, mas já temos algumas conversas sobre técnicos aparecendo. Então é disso que vamos tratar hoje ao longo da coluna: quais são os técnicos que estão começando a sentir o machado se aproximando, e quais os motivos (certos ou não) para isso?

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Para quem não conhece, essa é minha coluna semanal onde eu dou meus palpites para todos os jogos da rodada. É um formato rápido e prático de falar um pouco sobre todos os jogos e times da semana, e abordar alguns assuntos relevantes sobre o momento da NFL, a rodada passada, algum jogador, ou coisa do tipo. E, para deixar mais divertido (ou seja, para eu errar e vocês rirem de mim), eu dou também meus palpites contra o spread, uma modalidade específica de apostas.

Para conhecer mais sobre o propósito dessa coluna, ver meus palpites para a rodada 1, ou então para entender o que diabos é essa tal de aposta contra o spread, você pode ler a minha coluna da semana passada. Para ver os palpites da rodada 2, o link é esse aqui. Para os palpites da semana 3, clique aqui. Para os da semana 4, clique aqui.

E por falar em spread, essa é uma boa hora de lembrar que essa coluna NÃO é um guia de em quem ou como apostar, é só uma brincadeira que eu comecei a fazer mas minhas colunas para deixar os palpites mais divertidos.

E lembrem-se, o mais importante: eu não odeio seu time só por que apostei contra eles. Sério!

Dúvidas, comentários ou sugestões? Deixe nos comentários, nos mande pelas nossas redes sociais (Twitter ou Facebook) ou mande um email para canalzonafa@gmail.com!

Nota: Spreads seguindo o consenso de Vegas no momento que eu comecei a coluna.

Palpites da Semana 5 da NFL

(Time da casa em caixa alta)

Times de bye: Chiefs, Jaguars, Saints e Seahawks

A vitória do Jaguars em Londres em cima do Colts no domingo de manhã, além de impedir um começo ainda mais desastroso do time de Jacksonville, pode muito bem ter salvo o emprego do técnico Gus Bradley.

Desde que chegou a Jacksonville como HC em 2013, depois de uma muito bem sucedida passagem como coordenador defensivo do Seattle Seahawks, Bradley tem um record bem ruim: são 13 vitórias contra 39 derrotas, um aproveitamento que está entre os piores da história da NFL. Depois dos altos investimentos e expectativas do Jags na offseason, e com uma semana de folga pela frente para preparar um substituto, um começo 0–4 nessa temporada poderia muito bem ter selado o destino de Bradley na Flórida.

E embora o trabalho de Bradley realmente não tenha sido especial, eu não sei se ele realmente é o culpado pelo começo ruim de Jacksonville. Bradley é um técnico defensivo que foi contratado para botar a defesa do time em ordem, e esse ano — a primeira vez que ele tem real talento defensivo no time com as chegadas de Jalen Ramsay, Dante Fowler e Malik Jackson — a defesa do Jags realmente parece ter dado um passo a frente: depois de quatro semanas, é 11th em DVOA defensivo. O problema do time tem sido claramente o ataque, que é 28th em DVOA e está dependendo de Blake Bortles (que não foi Bradley que selecionou com a terceira escolha do Draft) dar um salto de produção.

Você pode argumentar que Bradley não foi a escolha certa, e que talvez um técnico com características mais ofensivas seria o ideal para tentar transformar Bortles em um bom QB, ou mesmo que Bradley não tem sido parte da solução, mas não acho certo culpar o HC pelos problemas do time atualmente: ele está fazendo o que foi contratado para fazer com a defesa, e os principais problemas do time passam por um elenco fraco de talentos e mal montado.

NINERS sobre Cardinals
NINERS (+4) sobre Arizona

Eu sei que San Francisco é um time ruim e que acabou de perder NaVorro Bowman para uma lesão no tendão de Aquiles, mas eu simplesmente não me sinto pronto para apostar em Drew Stanton fora de casa num jogo noturno. A concussão de Carson Palmer em uma semana curta gera todo tipo de inconvenientes, e Stanton mostrou contra Saint Louis seus problemas. A defesa de San Francisco não é tão boa quanto a do Rams, mas deve ter Aaron Lynch (seu melhor pass rusher) de volta e Rashard Robinson tem parecido um legítimo steal na terceira rodada. Arizona não é tão ruim quanto seu record de 1–3 indica, mas tem alguns problemas legítimos atrasando a equipe, e a entrada de Stanton como QB titular não vai ajudar.

RAVENS sobre Redskins
RAVENS (-4) sobre Redskins

Não estou particularmente entusiasmado com qualquer um desses dois times — o Ravens é um time mediano que teve todos seus jogos decididos por 6 pontos ou menos e foi talvez o pior time 3–0 da história recente da NFL, e o Redskins é um time com uma defesa ruim que não convence. Nenhum é horrível, mas nenhum dos dois me parece bom. O Ravens provavelmente é um pouco mais balanceado e com potencial maior, então a aposta vai neles, mas não é o jogo que mais me entusiasma da rodada.

Patriots sobre BROWNS
Patriots (+10.5) sobre BROWNS

O Bills nos impediu de ver o Patriots com uma campanha perfeita sem seu QB Hall of Famer, mas agora Tom Brady está de volta e finalmente veremos do que o Patriots é realmente capaz. Se existe alguma preocupação em New England é a situação de Rob Gronkowski: depois de perder os primeiros dois jogos da temporada, Gronk voltou ao campo e tem sido usado quase que exclusivamente como um bloqueador, correndo apenas 16 rotas nesses jogos em meio a boatos de que sua lesão não está se recuperando tão bem como deveria. Isso não é tão problemático por enquanto porque o recém-adquirido Martellus Bennett tem jogado muito bem como TE principal da equipe, mas um Gronk saudável adiciona um novo nível para essa equipe e sua saúde é um fator muito importante para o Patriots sonhar com o quinto anel.

Eagles sobre LIONS
Eagles (-3) sobre LIONS

Jim Caldwell ainda não faz parte dessa coluna, principalmente porque ainda não vimos muitos boatos envolvendo seu nome, mas não me surpreenderia se ele entrasse aqui em breve. Dos jogos do Lions essa temporada, o que mais me impressiona é o baixo nível de técnicos envolvidos, e o quanto isso afeta Detroit. E, semana passada, Caldwell literalmente custou o jogo ao seu time quando chutou um FG da linha de 3 jardas numa quarta descida, uma decisão idiota que muitos times ainda fazem. Ao invés de aproveitar a rara boa posição que chegaram para anotar 7 pontos (e, diga-se de passagem, Detroit não voltou à red zone no resto do jogo), Caldwell se contentou com 3 pontos do FG, deixando 4 pontos na mesa (e Detroit perdeu por 3).

Caldwell é talvez o oposto do técnico injustiçado, que não é responsável pelos problemas do time mas é demitido mesmo assim por receber a culpa por uma campanha negativa: alguém que teve um ano positivo (2014) por fatores não relacionados a ele, e que por causa desse sucesso continua garantindo seu emprego mesmo sendo um técnico ruim e responsável por vários dos problemas da equipe.

Sobre o Eagles, 3 jogos são uma amostra pequena e que não devemos considerar conclusiva, mas confesso que estou cada vez mais crente que esse time é pra valer: a chegada de Jim Schwartz fez muito bem a uma linha defensiva bastante talentosa,Carson Wentz parece uma futura estrela a cada passe que lança, e sua vitória sobre o forte Steelers foi talvez a vitória mais impressionante que eu vi nessa temporada.

COLTS sobre Bears
COLTS (4.5) sobre Bears

Chuck Pagano é alguém que tem recebido sua parcela de culpa pela má fase recente do Colts, e ele merece: Pagano tem sido um técnico bastante fraco nos últimos anos, insistindo nos mesmos erros, se recusando a se adaptar quando necessário, e fazendo um trabalho muito ruim dentro dos jogos de colocar seu time na melhor posição para vencer. A meu ver, o Colts deveria mesmo explorar uma troca de técnicos para o futuro próximo, pois Pagano já deu o que tinha para dar.

Por outro lado, apesar disso tudo, eu também acho que Pagano recebe mais da parcela da culpa do que deveria, porque os problemas do Colts são bem maiores. Bill Simmons resumiu perfeitamente a questão em um tweet durante o jogo de domingo: “Como o Colts pode ter uma defesa fraca, uma péssima linha ofensiva, e quase nenhum jogador bom de skill position? No que eles gastam o seu espaço salarial?!”.

Em outras palavras, o Colts tem talvez a direção mais incompetente de toda a NFL, um time que deu a sorte de ver um dos melhores prospectos QBs da história do esporte caindo no seu colo, tiveram esse QB de elite preso a um contrato de calouro por quatro anos, e falharam espetacularmente em montar um time decente ao seu redor: desde que Andrew Luck chegou ao Colts, a defesa da franquia foi 31st, 16th, 13th, 13th e 30th em DVOA; e a linha ofensiva foi 23rd, 11th, 12th, 22nd e 30th. Desde Luck, as escolhas de primeira rodada do Colts viraram Bjorn Werner (já dispensado), Trent Richardson (uma das piores trocas da década) e Phillip Dorsett (que tem 9 recepções na temporada e é apenas o sexto jogador com mais recepções do time). Quase todas as grandes adições do time na free agency nesse período foram grandes fracassos, pois o time pagou caro demais por jogadores medianos que preenchiam uma necessidade, por veteranos que não renderam, e por ai vai. E agora com Luck ganhando um aumento significativo no seu contrato (e portanto menos dinheiro disponível para o resto do time), a margem de erro diminui e se torna ainda mais importante que um GM inteligente (que não é o caso de Ryan Grigson) ache valores melhores no Draft ou na free agency. Em uma nota relacionada, o Colts tem a terceira pior defesa e terceira pior linha ofensiva em DVOA da temporada até aqui. Tire suas conclusões.

Então sim, é verdade, o trabalho de Pagano não tem sido bom e ele precisa sair do Colts. Mas mesmo o melhor dos técnicos tem seus limites do que pode fazer com um elenco ruim, e Ryan Grigson — um dos piores GMs da NFL — precisa ir embora junto para o Colts ter esperanças de melhora.

DOLPHINS sobre Titans
DOLPHINS (-3.5) sobre Titans

Eu sei que estou batendo nessa tecla faz tempo — no Blitz! da semana passada, nos palpites da semana passada, no Blitz! dessa semana — mas enquanto Mike Mularkey continuar cometendo as atrocidades que está com Marcus Mariota — um grande talento e futuro da franquia — eu vou continuar destacando esse problema. Eu não sei qual seria a disposição da diretoria do Titans de demitir Mularkey ainda esse ano sendo que ele só virou HC oficialmente nessa offseason, mas se o contrato de apenas três anos que recebeu (o normal é quatro ou cinco) é um indicativo sua rédea é curta no Tennessee. O time não pode mais se dar ao luxo de continuar travando o desenvolvimento de Mariota dessa maneira, colocando-o em uma situação muito ruim para suas habilidades e sua evolução. Mularkey já parecia uma aposta ruim na offseason, e ela só parece pior a cada dia.

VIKINGS sobre Texans
VIKINGS (-6.5) sobre Texans

Semana passada, o Titans teve a chance de deixar a AFC South muito interessante (e eu digo isso no no mau sentido) com uma vitória sobre o Texans. Ambos os times ficariam 2–2, Colts e Jaguars estariam 1–3, e a divisão continuaria ruim, mas pelo menos equilibrada. Mas o Texans saiu com a vitória, abriu 2 jogos de vantagem pela divisão, e parece mesmo ser o time superior na AFC South… o que não é dizer muito dada a concorrência. O ataque ainda não parece ter acordado esse ano, e a defesa acabou de perder JJ Watt para a temporada. Não estou convencido de que o time será bom, ou mesmo tão bom quanto ano passado. Especialmente indo a Minnesota enfrentar uma defesa do Vikings que está sendo um pesadelo para ataques adversários. Eu não acho o Texans ruim, a defesa tem sido sólida e o ataque tem potencial, mas preciso ver mais de Lamar Miller (3.8 Y/A) e Brock Osweiller (6.5 Y/A, mais INT que TDs) antes de escolher o Texans sobre um adversário forte como o Viking fora de casa.

STEELERS sobre Jets
STEELERS (-7) sobre Jets

Depois de uma vitória convincente sobre o Chiefs, a fraquíssima atuação do Steelers contra o Eagles parece cada vez mais um ponto fora da curva, e o Jets deve ser a próxima vítima. LeVeon Bell está de volta e parece que nunca esteve fora, e o Steelers mostrou bastante criatividade na hora de usar seu All-Pro RB em conjunto com a ótima temporada de DeAngelo Williams: Bell muitas vezes alinhou como slot receiver quando Williams alinhava como RB, o que colocava dois de seus melhores jogadores ofensivos em campo ao mesmo tempo e criava um missmatch com algum linebacker marcando Bell. Ainda que não seja a melhor forma de usar o RB em grandes volumes, mostra a criatividade e versatilidade por trás de talvez o ataque mais perigoso da NFL.

Also, Ryan Fitzpatrick tem 9 interceptações nos seus últimos dois jogos. Isso não vai ajudar o Jets a ganhar muitos jogos. Fitzmagic tradicionalmente sempre teve muitos problemas com turnovers e parecia ter contornado esse problema nas últimas duas temporadas, e é sempre possível que isso seja apenas uma aberração causada por uma amostra pequena sem maior significado(lembra em 2010, quando Peyton Manning teve uma sequência de três jogos com surreais 11 interceptações?), mas se Fitz está voltando ao seu velho hábito de entregar a bola para o adversário isso pode ser um problema grande para o resto da temporada do Jets, que não é tão ruim quanto sua campanha indica mas que está rapidamente se colocando em uma situação muito desfavorável.

BRONCOS sobre Falcons
BRONCOS (-5.5) sobre Falcons

O Falcons tem sido um time realmente empolgante nas primeiras semanas, com Matt Ryan liderando a liga em praticamente todas as estatísticas ofensivas possíveis (Aproveitamento, jardas, jardas por passe, TDs, jardas por passe ajustadas, QBR, QB Rating…) e tendo o melhor ataque da liga até o momento em DVOA. Esse ataque é legítimo, e eu imagino que serão um bom desafio para uma excelente defesa de Denver que secretamente ainda não enfrentou um ataque realmente bom(Denver teve o sexto calendário mais fácil em termos de ataques adversários).

Mas tem o outro lado da moeda: a defesa do Falcons é muito fraca, especialmente na frente, com seu pass rush inexistente. O Broncos não tem um grande ataque, e não é um time desenhado para TER um grande ataque, mas é um ataque que domina a linha de scrimmage, não comete erros, e parece bem equipado para controlar o jogo. Essa vantagem nas trincheiras do Broncos vai favorecer um controle maior da partida, segurando o relógio e mantendo o forte ataque do Falcons no banco. No fim do dia, Denver é um time simplesmente mais completo e balanceado que Atlanta. Mas é um bom jogo, e um bom desafio para ambos os times depois de ótimos inícios.

DALLAS sobre Bengals
DALLAS (+1) sobre Bengals

Eu não estou totalmente convencido de que Dallas é BOM, mas certamente é um time que parece ter encontrado seu ritmo. A defesa é fraca, mas não terrível, e o ataque tem conseguido consistentes avanços consistentes atrás da já conhecida dominação da sua linha ofensiva, e ótimas temporadas de calouro de Ezekiel Elliott e Dak Prescott. Seu calcanhar de Aquiles é a falta de explosão no ataque — contra San Francisco Prescott não teve nenhum passe de mais de 20 jardas no ar, e 17 de seus 23 passes viajaram menos de 9 jardas — mas não sei se Cincinnati é o time certo para explorar essa deficiência. Como é muito difícil dominar a linha contra a forte OL de Dallas para quebrar esse estilo ofensivo, o melhor a fazer é se contentar que o ataque de Dallas não deve anotar tantos pontos na partida, e vencer o jogo do outro lado da bola… mas o ataque de Cincy não está convencendo até aqui, ainda mais agora que Tyler Eifert deve perder mais tempo com lesões. Esse jogo pode cair para qualquer lado — eu só não estou convencido que Cincy é um time melhor que Dallas para o Cowboys ser a zebra mesmo jogando em casa.

Bills sobre RAMS
Bills (+2.5) sobre RAMS

Não existe nada mais enganador do que o Rams atualmente, com uma campanha de 3–1 e vitórias sobre Seahawks e Arizona. Mas o Rams não é um bom time, especialmente seu ataque, que tem o segundo pior DVOA da temporada. Los Angeles tem vencido jogos muito apertados principalmente por conta de erros bizarros de seus adversários ou lances fora de seu controle, e dificilmente isso vai se manter. Além disso, todo mundo sabe que o Rams vai terminar o ano 7–9 e Jeff Fisher vai manter inexplicavelmente seu emprego mais uma vez. Já houve um técnico mais medíocre e incapaz de evoluir seus times ou conseguir bons resultados, mas que manteve seu emprego tantas vezes seguidas? Eu diria que não.

Já o Bills teve seu próprio drama de técnicos mais cedo no ano, com um começo de temporada decepcionante que chegou a ameaçar o técnico Rex Ryan. Buffalo ao invés disso demitiu Greg Roman, seu coordenador ofensivo, o que parecia bizarro considerando que o ataque tinha sido um dos melhores da NFL em 2015 e tinha acabado de anotar 32 pontos em uma boa defesa do Jets. Parecia o tipo de decisão despropositada de achar um primeiro bode expiatório antes de chegar no próprio técnico. E dai o Bills respondeu… vencendo o Arizona Cardinals e o New England Patriots, esse último o primeiro shutout que New England sofreu em casa desde 1993. Considerando as dificuldades de Arizona e que Jacoby Brissett era o QB do Patriots, isso talvez não seja tããão impressionante quanto parece no papel… mas ainda é impressionante.

Ainda assim, o emprego de Ryan não me parece seguro — se essa boa fase passar, a instabilidade vai voltar tão rapidamente quanto “passou”. E embora Rex tenha vários problemas (em particular sua insistência ano passado em adaptar uma defesa que era das melhores da NFL a um sistema novo que não era o melhor para o elenco que tinha em mãos), uma campanha medíocre esse ano não necessariamente significa que tem a ver com um trabalho ruim de Rex Ryan: Karlos Williams (o melhor RB do time em 2015) não está mais em Buffalo, Sammy Watkins (o melhor WR) está lidando com múltiplas lesões e perdendo tempo significante, Marcell Dareus perdeu os primeiros 4 jogos da temporada suspenso, Cordy Glenn perdeu tempo machucado, as DUAS primeiras escolhas de Draft do time esse ano (e dois jogadores em posições chave para a franquia) não jogarão essa temporada… são fatores demais (e fora do controle do técnico) agindo contra uma boa campanha da equipe. Eu entendo a insatisfação de Buffalo com mais uma temporada medíocre (se chegar a isso), e entendo que Rex Ryan é o tipo de HC que pode ficar cansativo e que tem de fato seus erros, mas não acho que 2016 seria um bom parâmetro para julgar o trabalho de Rex em caso de fracasso.

RAIDERS sobre Chargers
RAIDERS (-3.5) sobre Chargers

Se o Raiders talvez seja um time mediano escondido atrás de uma boa campanha — junto do fato de que TODOS seus jogos foram decididos por uma posse de bola, embora eu ache que o Raiders é um time melhor do que isso que simplesmente ainda não jogou o que pode — o Chargers pode muito bem ser o oposto: um bom time escondido atrás de uma campanha ruim. San Diego está 1–3 em meio a múltiplas lesões e problemas (Joey Bosa, Keenan Allen, Danny Woodhead, Jason Verrett, etc) apesar de um saldo de pontos positivo e do surreal fato de que, nas suas três derrotas, o time liderou todas elas no quarto período. Nessa temporada, San Diego já entregou vantagens de 21, 6 e 13 pontos no segundo tempo para Chiefs, Colts e Saints, respectivamente, a última delas de forma bizarra: foram três turnovers em cinco minutos no quarto período. Isso obviamente é muito ruim, mas se eles estão tendo tantas chances de vencer jogos, é porque alguma coisa certa eles estão fazendo também. Um pouco mais de sorte e o Chargers poderia estar 4–0.

Somado à fraca campanha de 2015 (4–12), o começo 1–3 do Chargers e a natureza dessas viradas voltaram a colocar o HC Mike McCoy nas conversas para primeiro técnico a ser demitido na temporada. E embora o trabalho de McCoy não esteja sendo bom e eu acho que faça sentido uma troca de técnico em caso de mais uma temporada perdida, eu me pergunto se as vezes o técnico não recebe críticas em excesso quando algo da errado. É possível que tenha algo errado com o plano de jogo do Chargers nesses momentos decisivos — e de fato eu acho que McCoy deveria mudar um pouco suas chamadas e ser mais agressivo — mas não é como se técnico algum no mundo instruísse seus jogadores a sofrerem fumbles em momentos decisivos. Tem coisas que estão além do controle de um técnico ou de um GM, e podem acabar afetando resultados (e portanto nossa percepção). É importante conseguir separar as coisas para ter um julgamento mais preciso de se um técnico deve ou não continuar no cargo.

Além da segurança de Mike McCoy, eu acho que esse jogo deve ser interessante: o Raiders será o melhor adversário que o Chargers enfrentou no ano até aqui, e com exceção do Falcons (que venceu Oakland) San Diego deve ser o melhor adversário do seu rival também. Vai ser uma amostra interessante desses dois times enfrentando adversários mais fortes, e se San Diego está apenas tendo muito azar ou se tem algo mais por trás.

PACKERS sobre Giants
PACKERS (-7.5) sobre Giants

Lembra quando Odell Beckham Jr era um dos jovens jogadores mais divertidos e carismáticos da NFL? Como as coisas mudam rápido, não? Agora OBJ é mais visto como uma diva de cabeça quente que é fácil de se tirar do jogo, que perde mais tempo brigando do que jogando. OBJ ainda é um grande jogador e um grande talento, mas os CBs adversários descobriram o quão fácil é provocá-lo e estão usando isso (com sucesso) a seu favor. Também não ajuda o estado do resto do time: apesar de todas as adições da offseason, o Giants ainda é apenas 21st em DVOA defensivo, o jogo terrestre continua inexistente, e Eli Manning voltou aos velhos hábitos de lançar interceptações e perder de vista alvos livres. Não tem sido uma temporada divertida para o Giants até aqui, e isso parece ter aprofundado os problemas de Bechkam. Já teve gente (estupidamente) sugerindo que o Giants deveria se livrar do jogador (como se fosse culpa dele que a defesa tem sido péssima nos últimos tempos), o que é besteira, mas um Beckham nervoso e encrenqueiro é um Beckham menos produtivo, e New York tem precisado urgentemente dessa produção.

PANTHERS sobre Buccaneers
Buccaneers (+7.5) sobre PANTHERS

O palpite mais estúpido da rodada, porque ele depende inteiramente de Cam Newton estar recuperado de uma concussão e jogar o Monday Night Football, uma informação que não temos hoje. Cam saiu ao final da partida contra Atlanta semana passada depois de sofrer uma concussão, e a notícia mais recente é de que Newton não foi liberado para voltar aos treinos ainda. Ou seja, ninguém faz ideia se o MVP vai jogar ou não segunda feira — tanto que, com UMA exceção, Vegas não está aceitando apostas para esse jogo. Se Newton não jogar, a aposta vai no Bucs. Se jogar, fica no Panthers. Mas como a regra da coluna diz que eu tenho que dar meu palpite até quinta feira (e usando as linhas de quando eu comecei a escrever), fica aqui o registro da situação bizarra do momento. Então eu dividi a diferença, apostando no Panthers mas apostando que o Bucs vai cobrir o spread. A sorte está lançada.

Record Semana 4: 10–5
Record Semana 4(Spread): 9–6

Record 2016: 35–28
Record 2016 (Spread): 24–39

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Blog brasileiro sobre esportes americanos. Economista de formação. Sabermetrista por paixão. Opiniões pra toda ocasião. Irritante. Às vezes sai algo que presta.