Um momento de coragem ou Uma pessoa amada

Marcela Leon
Design pra Vida
Published in
3 min readMay 8, 2018

Quando se trata de um desafio de escrita onde você é juiz e avaliador, estudos apontam que existe uma possibilidade latente de alteração das regras do jogo durante o andamento do mesmo.

Uma vez dito isso, estejam cientes de que a regra hoje permite que dois temas sejam abordados num mesmo texto para o #desafio30diasdeescrita proposto pelo Tales Gubes e o Ninho de Escritores.

Falar de amor significa se expor — na verdade, hoje em dia só de falar, qualquer coisa, estamos sujeitos à exposição potencializada pelo alcance que nossas palavras ganham com a internet, mas vamos deixar isso para outro tema — significa dar a cara à tapa em uma situação de alta vulnerabilidade. Desta forma, falar sobre uma pessoa amada pressupõe se colocar vulnerável. E se colocar vulnerável, por sua vez, implica em ter coragem.

Falar de amor em um contexto social onde vemos a fluidez das relações, onde os atalhos pros encontros amorosos estão na tela do celular — com aplicativos para todos os gêneros e opções sexuais —, demanda coragem.

Falar de amor quando estamos todos voltados para o eu, o indivíduo, e passamos por mudanças econômicas e sócio-culturais que potencializam ainda mais esse distanciamento do nós e do coletivo, pede coragem.

Falar de amor para uma sociedade que está aprendendo a lidar com as questões de gênero e aceitação da diversidade, sendo esse amor hétero-normativo ou qualquer outra forma de amor, precisa ter coragem.

Falar de amor quando estamos discutindo ser feminista como a "pessoa que acredita na igualdade social, política" e após anos de aprendizado de quais seriam os papéis de homens e mulheres nas relações afetivas, exige ter coragem.

Falar de amor quando somos bombardeados por mensagens histéricas sobre a felicidade permanente, seja nos meios de comunicação tradicional, seja na linha do tempo das atividades da sua rede social, necessita coragem.

Falar de amor quando não faltam opções — na verdade nos sentimos cada vez mais ansiosos pelo volume de escolhas disponíveis e o sentimento de não ter a certeza de fazer a melhor escolha — para todas as ocasiões, desejos e objetivos, busca por coragem.

Falar de amor quando já nem se sabe mais sobre o que é o amor, pois estamos entre a desconstrução do amor romântico e uma nova configuração de amor, que seja coerente com todas as outras mudanças que estamos vivenciando, requer coragem.

Implicar, demandar, pedir, precisar, exigir, necessitar, buscar ou requerer. Falar de amor é um ato de coragem.

Desafio 30 dias de escrita — Ninho de Escritores

Ninho de Escritores
  • esse devaneio faz parte da série 2018 de textos que me comprometi a compartilhar na jornada de Design da Vida. Se ainda não teve a oportunidade de ler os anteriores: Desenhando a minha bússola, Vestindo minhas orelhas de girafa, Jogabilidade e Letra por Letra; escolha um lugar gostoso e mergulhe comigo :)
  • quer conhecer o meu #laboroflove — aquele projeto que conto com brilho nos olhos e sorriso na alma — vem ouvir o Baseado em Fatos Surreais, um podcast que conta histórias de outras mulheres, em primeira pessoa, com empatia, intimidade e leveza ❤
  • ah, e não custa lembrar: gostou do texto? te fez pensar? clica nas palmas, compartilha com alguém que você acha que vai se beneficiar de alguma forma e me ajude na motivação para continuar na minha meta de 2018 ;)

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Marcela Leon
Design pra Vida

oi! eu sou criadora e produtora do podcast de histórias Baseado em Fatos Surreais. tô no www.papodeprodutora.com.br compartilhando sobre produção em áudio 😉