Foto de Greg Rakozy no Unsplash.

Quais são as suas verdades?

Você sabe?

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Ando pensando muito nisso ultimamente. Quais são as verdades que eu tenho para mim e que, às vezes, nem eu mesma sei? Quais são as coisas que eu acredito sobre mim, sobre os outros e sobre o mundo? E aqui não estou falando sobre acreditar que a terra é redonda ou plana, ou sobre acreditar em criacionismo ou no Big Bang. É mais sutil. Falo aqui daquelas crenças base que formam a minha personalidade. Que verdades são essas?

Por exemplo, descobri recentemente que eu tinha como verdade para mim que eu sou uma chata e que ninguém tem interesse em conversar comigo sobre os assuntos que eu realmente gosto de conversar. Claro que tem duas ou três pessoas que são próximas à mim e que eu consigo sentar e ter longas conversas. Mas descobri que tenho a crença de que as demais pessoas irão me achar uma chata se eu começar a falar sobre os livros que eu li, um novo chá que comprei, ou sobre os insigths de autoconhecimento que tive.

De repente, eu só estou conversando com as pessoas erradas. Ou, talvez, essa crença está tão arraigada em mim que, mesmo quando as pessoas estão interessadas no que eu estou dizendo, eu acho que não. Mesmo quando as pessoas dão sinais claros de que estão interessadas na conversa, uma parte de mim fica extremamente desconfiada de que há algo errado. Como pode alguém estar interessado no que eu estou falando? É sério isso? Não é pegadinha?

Talvez quem me conhece pode achar estranho eu ter essa crença. Talvez pode ser que nunca tenham notado nenhum sinal de que eu ache que as pessoas não têm interesse no que eu falo. Mas isso é por causa do que eu falei lá no início. É sutil. É tão sutil que eu mesma não percebi isso durante longos anos. Eu só sabia que eu preferia nunca colocar minha opinião, nem iniciar uma conversa. Eu preferia ficar sempre na minha, sem falar muito. Por muito tempo acreditei que fosse só a minha introversão mesmo. Nem desconfiei que fosse uma crença que tomei para mim como “a verdade”.

E como, então, que eu percebi isso? Como eu percebi que para mim, bem lá dentro, essa era uma crença base que “estruturava” minha personalidade e meus comportamentos habituais? Recentemente, junto com minha vontade de escrever, veio minha vontade de falar, minha vontade de ser ouvida. E como isso não era algo comum para mim, fui em busca da parte de mim que costumava ficar em silêncio, fui atrás de entender essa parte que abafava minha voz quando eu tinha vontade de falar. Já falei aqui dos exercícios para abrir o peito, de como entrei em contato com minha dor ao fazer isso, do processo que faço quando encontro dentro de mim um desconforto, ou um sentimento ou pensamento “negativo”. Contei tudo isso por aqui não por ter lido em um livro e achado interessante. Contei porque eu realmente escolhi passar por esses processos e todos eles me levaram a um conhecimento maior de mim mesma e achei interessante compartilhar essas experiências.

E foi a partir de um desses “exercícios” de autoconhecimento que comecei a perceber que nem todas as “verdades” que norteiam a minha vida são exatamente aquelas que eu gostaria que fossem. Algumas, como essa que citei acima, quando vistas de perto, não fazem sentido algum e, com certeza, não são o tipo de crença base que eu quero para construir minha vida.

Porém, não é tão simples assim se livrar de uma crença há tanto tempo estabelecida. Saber da existência dela com certeza é o primeiro passo. A partir de agora, em cada momento que percebo que ela está rondando, já fico alerta. Como segundo passo, comecei a colocar essa crença à prova. A cada vez que minha vontade inicial é silenciar, me desafio a falar. Pago para ver se meus temores se concretizarão. De um modo geral, em grande parte das vezes, esse medo de não ser ouvida desaparece feito fumaça. Percebi que essa “verdade” que criei pra mim não é nem um pouco verdadeira.

A partir disso, me surgiram algumas dúvidas. Quais outras verdades carrego comigo e não tenho consciência? Quais são os hábitos que eu tenho que se baseiam em uma “(in)verdade”? Quais aspectos da minha personalidade surgiram a partir de crenças que eu nem sei que tenho? Quais comportamentos eu continuo a ter por causa de algo que eu passei a acreditar em algum momento da minha existência?

Sigo minha vida com esses questionamentos à vista.

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Míriam Medeiros Strack
Introverso

Escritora, professora, bailarina, artista. Falo sobre consciência emocional, consciência corporal e autenticidade. Insta: @miriam.mest