Diário de Leitura #8: O Mito da Beleza, Naomi Wolf — Para além do mito da beleza

O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contras as mulheres foi o primeiro livro de Naomi Wolf, publicado em 1991 e relançado no Brasil em 2018. Wolf é uma escritora reconhecida por trabalhos sobre feminismo e democracia. A equipe do Más Feministas Podcast está realizando uma leitura compartilhada de O Mito da Beleza. Nesta oitava e última parte, comentaremos o capítulo Para além do mito da beleza.

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Naomi Wolf apresenta o último capítulo com um tom de manifesto, reconhecendo a urgência de uma nova perspectiva sobre a concepção de beleza. Desse modo, além de retomar os principais pontos abordados ao longo do livro, ela sugere caminhos para rejeitar e combater o Mito da Beleza.

Segundo Wolf, precisamos aprender a separar nossa aparência do ideal de beleza, descobrindo que qualquer mulher pode se sentir bonita independente da aparência ou dos padrões fixados. Precisamos romper com o sentimento de culpa, resistir aos ataques contra nossa imagem e elaborar rituais desvinculados dos padrões de beleza para enfim celebrar os diferentes ciclos da vida de uma mulher. Precisamos estar alertas para evitar tomar parte de métodos sutis de propagação do Mito da Beleza:

Sempre que rejeitamos uma mulher na televisão ou na imprensa, ou não prestamos atenção ao que diz, porque nossa atenção foi distraída por seu tamanho, sua maquiagem, suas roupas ou seu penteado, o mito da beleza está operando com máxima eficiência (Pág. 394)

Wolf reforça que classificar alguém como bonita ou feia é um ato político. Portanto, é fundamental combater o Mito da Beleza por meio do ativismo: boicotar e propor alternativas contra a moda e as propagandas que nos ofereçam falsas promessas de inclusão, exigir imagens bidimensionais de mulheres (não apenas nas propagandas, mas também nas narrativas de ficção) e assumir um olhar crítico diante de imagens que exploram sexualidade e violência.

Para Naomi Wolf, precisamos mudar as regras, não nossa aparência.

Wolf também sugere a participação dos homens na luta pela desestruturação do mito da beleza. Ainda que sejam os principais beneficiados na relação de poder sustentada pelos padrões de beleza e de obediência impostos às mulheres, é importante perceber que homens também podem sofrer os efeitos do Mito da Beleza, especialmente na forma de competição sexual. Em outras palavras, homens acabam envolvidos em disputas pelo título de mais viril, aquele “tem mais mulheres” ao seu dispor.

Um incômodo de Wolf é revelado quando rejeita a possibilidade de “implorar” para que sejamos incluídas na moda e na propaganda. Tendo em vista a complexidade desta questão, fica aqui o nosso alerta: é importante, sim, que sejamos vistas, mas precisamos ter cuidado para não esquecer que o maior interesse do sistema é ele mesmo.

Por fim, Naomi Wolf nos convida a refazer nossos vínculos com outras mulheres, abandonando rivalidades e o medo de que uma delas use sua beleza contra nós. Desse modo, mudamos a forma de encarar outras mulheres e, principalmente, de enxergar a nós mesmas. Que possamos seguir, juntas e em luta, por “ um futuro no qual estejamos maravilhosamente vivas”.

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