“Eu sempre trabalhei chapada, vocês é que nunca perceberam”

Capítulo II — O aroma que só os relacionamentos reduzidos a pó têm

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Ilustração: Marcos Keller

18 de novembro de 2016

“Conforme o delegado, apesar de o IML ter descartado inicialmente a hipótese de suicídio, foi encontrada uma carta de despedida no apartamento da vítima. No texto, endereçado à mãe, Maiara relata que estava muito triste pelo fim de um relacionamento. (…) ‘Nós colhemos depoimentos de familiares que disseram que ela estava depressiva. Não dá para descartar homicídio, mas são vários indícios que levam a gente a suspeitar de suicídio’, explica o delegado.”

Passaram-se 24h desde a notícia de que a polícia havia errado o nome da vítima e Galeno mudou de ideia quanto a se pronunciar ao Hora de SC sobre suas suspeitas. A verdade é que o delegado deu o prognóstico de suicídio assim que soube da morte. Parecia-lhe óbvio que uma garota de 1,59m de altura e mais ou menos 50kg teria se amordaçado, amarrado o próprio corpo e se enforcado, ainda por cima sentada sobre raízes de mangue pontiagudas e incômodas. Sua declaração ao jornal saiu ao final do dia, no qual colheram provas no apartamento e depoimentos dos familiares.

Natural de Brasília, o delegado tem uma aparência um tanto imponente, com um rosto arredondado e largo, cuja seriedade é ressaltada pelo cabelo raspado, por uma musculatura robusta ao mesmo tempo que magra, e um tom cético na forma como fala dos casos que investiga. E, em algum nível, esse conjunto de características impressionou a família da vítima; vieram das cidades catarinenses de Gaspar e Tubarão, onde nasceu Maiara, a mãe, Ilcilei dos Anjos, a prima mais íntima, Márcia dos Anjos, e o padrasto, Celso Besen. Este último foi o que mais se deixou levar pela incipiente narrativa policial, pondo-se à disposição inclusive como um guia pela vida de Maiara.

Galeno acompanhou a família até a kitnet em que a vítima morava: um conjunto de puxadinhos que foram costurados à estrutura original de uma casa de dois andares com o passar do tempo. A dona do local, Marta Regina Felisberto, morava no térreo junto à família, enquanto seus inquilinos residiam nos apartamentos acima. O acesso para o segundo andar era feito por uma escadaria de concreto que, segundo a dona, possibilita a qualquer um transitar sem chamar a atenção. A polícia arrombou a porta do apartamento e, junto a familiares e a Marta, deparou-se com um quarto caótico. Restos de cigarros de maconha esparramados pelo chão, outros preenchendo uma sacola, enquanto a geladeira emanava um cheiro de podridão da comida passada. A bagunça aumentou na mão dos policiais, que vasculhavam os pertences a esmo, sem muito cuidado ou metodologia aparente, como ressaltaram os familiares. E essa falta de organização fez com que quase deixassem passar um detalhe bem notado pela proprietária: um lençol cortado, ao lado de uma tesoura. A cor do tecido — para o desespero da mãe — era idêntica à daquele encontrado nos pulsos de Maiara.

Última casa na qual Maiara morou, no bairro Fazenda Max. Imagem: Google Maps

A prima Márcia, de 32, foi quem mais se incomodou com a atuação policial. Loira, com menos de um 1,60m de altura, corpo triangular e malhado, com rosto quadrado e de traços finos, Márcia tinha aparência e posicionamento de uma mulher amadurecida. Tentava segurar as pontas sem roubar o protagonismo. Não chorava igual sua tia e tampouco queria mostrar serviço igual o namorado dela, que palpitava sobre tudo o que via. Guardou, entretanto, suas críticas para quando fosse mais pertinente, discutindo futuramente com o delegado Galeno.

Além da maconha, que foi devidamente recolhida, e do lençol picotado reconhecido por Marta, os policiais encontraram uma Bíblia, marcada por uma folha de agenda, com um poema. Ilcilei reconheceu a caligrafia da filha. Ela escreveu assim:

“Desculpa por desistir!!! Eu queria tanto viver quem vive lute sempre por aquilo que lhe faz bem e que te traga alegria!!! Desculpa vida por não ser mais feliz, por não lutar mais Por desistir assim… Quero poder voltar mais feliz doque eu fui um dia!!! TE AMO…..”. Imagem: arquivo da família

Isso bastou para ratificar a opinião de Manoel Galeno de que se tratava de um suicídio.

Márcia já havia lido aquele mesmo texto anos antes mais de uma vez, inclusive. Via sua prima escrever poemas melancólicos em agendas e caderninhos. Aquele era só mais um, de muito tempo atrás, e só fazia sentido uma leitura fatalista para quem não conhecia sua vontade de viver. Por isso ela, assim como os outros familiares, não recebeu bem a declaração de Galeno à imprensa de que Maiara havia escrito um bilhete suicida, muito menos de que ele era pautado no término de um relacionamento, uma vez que o texto sequer cita terceiros.

Começou então a tomada de depoimentos dos familiares. Entrou na sala de Galeno a matriarca, Ilcilei Felisbino dos Anjos, uma mulher branca e loira, com um metro e meio de altura, de costas arqueadas e retraídas em uma melancolia que a persegue desde antes da morte da filha. Uma melancolia visível nas marcas de expressão sinuosas próximas dos olhos caídos. Marcas profundas, mas de aparência atenuada pela maquiagem pesada e os óculos escuros que tanto insiste em usar, mesmo em ambientes fechados. Sua voz é trêmula, perdida, e não é incomum suas frases serem entrecortadas por gaguejos e buscas por palavras mais complexas, as quais raramente encontra. Essa insegurança é disfarçada na tentativa de construir um distanciamento emocional e nas vestes caras. Ilcilei é o tipo de pessoa que, segundo familiares, não desce do salto nem para uma caminhada esportiva à beira-mar.

Além dela e do delegado, se encontrava na sala o escrivão Felipe Marisquirena Duarte. Ela começou dizendo que mantinha um bom relacionamento com a filha até meados de maio de 2016. Pois, nesse período, Maiara se tornou uma garota cada vez mais fechada — e até mesmo agressiva — , pois havia recém iniciado um relacionamento com um rapaz que Ilcilei viera a conhecer uma única vez. Segundo a mãe, ainda em depoimento, a filha morava sozinha na Região Metropolitana de Florianópolis há cerca de três ou quatro anos. Porém, em diferentes momentos, Maiara se recolhia para Gaspar, a fim de espairecer junto à família. Inclusive, a última vez que ela fizera isso foi na segunda metade de 2016, pouco antes de morrer, quando estaria perturbada por motivos que não quis revelar para ninguém. Ao fim, Maiara se mudou de volta para São José, com as duas primeiras parcelas do aluguel custeadas pela mãe. O último encontro que Ilcilei teve com a filha foi em 5 de novembro daquele ano, pouco tempo após descobrir, por meio de seu companheiro, Celso, que ela fumava maconha.

Celso Besen também deu seu depoimento. Ele é um homem alto e magro, albino, de cabelo amarelo-ovo, tem 60 anos de idade, 18 a mais que Ilcilei, o que é notável em suas rugas profundas. Na dinâmica do casal, é o mais proativo e, em alguns momentos, agressivo, principalmente no modo como exerce seu paternalismo.

Ele, assim como Ilcilei, avaliou ter uma boa relação com a Maiara. Ainda em confluência com o depoimento da parceira, disse que o que abalou sua relação com a enteada foi o novo relacionamento que ela assumiu. Celso se disse assustado com a efervescência da paixão dela por esse novo rapaz. Em seu depoimento, fica muito presente sua avaliação de que Maiara ficava triste com muita frequência — o que, revelou mais tarde em entrevista a esta reportagem, serviu de sinal também para que acreditasse na tese de suicídio.

23 e 24 de Novembro de 2016

No Restaurante Premiatto, no Continente Shopping, em São José, a colega Cassiana Soares e a dona do estabelecimento, Jaqueline Andersen, lembravam de Maiara como uma funcionária cada vez mais melancólica, sim, mas nem sempre assim. Nem por isso, também, completamente irresponsável e sem dedicação. Citaram no depoimento policial o comprometimento que, ao longo dos anos, decaía para um comportamento cada vez mais revoltoso. Batia bandejas diante dos clientes, não poupava palavrões em voz alta e era arrebatada por crises de choro inexplicáveis. Seu descontrole emocional tinha razões concretas, que escapavam a colegas em momentos de desabafo nos intervalos do expediente. Maiara falava de seu passado turbulento, de um momento presente atormentado e, principalmente, como fugia dele — pelo abuso de substâncias ilícitas.

Segundo o depoimento, a Pituquinha, como o pessoal do shopping a chamava — por causa do cabelo amarrado de lado — , soava cada vez mais como outra pessoa, estranha, incógnita. Frisaram: Maiara fumava maconha todos os dias e, nos dias ruins, fumava mais ainda. “Você tá usando droga demais”, diziam, quando estavam diante de uma de suas condutas erráticas. Ao que alegaram, certa vez, ouvir de resposta: “Eu sempre trabalhei chapada, vocês é que nunca perceberam.”

Porém, antes fosse só maconha que Maiara usasse em excesso. Contou às duas que, quando ia nas festas rave nos dias de folga, se entupia de ecstasy e baforava lança-perfume, só por diversão. E que chegou até a utilizar crack por dois meses, mas que teria conseguido abandonar o vício sozinha. Ela inclusive chegou a usar esse envolvimento com drogas para amedrontar a chefe e os colegas. “Sabe com quem eu ando, né?”, disse quando pediu demissão.

Mas a verdade é que para Maiara, esse abuso não tinha origem na vontade de se sentir descolada, como é com a maioria dos jovens, mas na necessidade por suporte para carregar o peso das negações de sua própria vida: uma de abandonos e tristezas.

Isso começou já em 1994, no seu primeiro ano de vida, quando o pai, Darci Adriani De Pieri, encontrou Ilcilei em sua porta, com aquela criança no colo, e recusou a reconhecê-la como filha. Levou as duas de volta pra Gaspar imediatamente, para que Maiara jamais aparecesse diante dele, muito menos o chamando de pai. Comprou essa negação pagando àquela mulher aproximadamente R$ 3 mil para que jamais fosse atrás dele na Justiça — acordo que se mostrou impossível de manter quando se era uma mãe solteira. Depois disso, ele viu Maiara no máximo umas três vezes na vida, como contaram os parentes maternos da garota.

Quando procurado pela reportagem, Darci, que não compareceu ao enterro, disse:

“A gente até fica mal [com a morte] e tal, é a filha do cara, né. Mas eu não posso falar muito dela, não, mal vi a menina.”

Para tocar a vida adiante, Ilcilei usou esse dinheiro para dar de entrada na construção de uma casa. Abriu também uma lanchonete em Laguna com sua irmã. Se administrar um negócio era difícil, ser mãe (e pai) de primeira viagem não ajudava. Quando Maiara fez dois anos, teve de mandá-la aos cuidados da avó. Dizia ela que manter a criança por perto a atrapalhava nos negócios. Alguns familiares já acham que o problema era outro, não com a filha, mas com ela própria — uma crise diante do espelho: Ilcilei não gostava que Maiara a chamasse de mãe em público porque, na sua cabeça, isso reduziria o interesse de outros homens.

De volta à Gaspar, teve que lidar com a dualidade da avó, Sebastiana. Era uma mulher que mesmo tendo sido abandonada pelo marido alcoólatra, tinha o coração tão grande que não via problema em acolher mais uma criança, tendo criado em torno de 12, entre netos e filhos. Seu jeito carinhoso, entretanto, contrastava com sua intransigência e rigidez nos costumes morais, altamente influenciados pelo seu cristianismo fervoroso. Nisso surgiram atritos entre as crenças da avó e a personalidade liberta de Maiara.

Na cidadezinha, foi criada até os 12 anos, até ser mandada de volta para morar com a mãe. O motivo: foi flagrada cheirando cola de sapateiro com alguns colegas da escola. Se a conduta já é polêmica o suficiente para o mal-falar de alguém, imagine isso numa cidade de 66 mil habitantes.

Esta foi uma das escolas na qual Maiara estudou durante sua infância em Gaspar. Imagem: Eduarda Hillebrandt

Aos 14 anos, Maiara fumou seu primeiro baseado, na frente da casa da avó. Aquilo passou a ser estresse demais para a cabeça da matriarca, que pediu que Ilcilei voltasse a cuidar de sua filha. Mãe e filha voltariam a morar juntas. Mas Maiara já tinha gravado no coração uma distância muito maior do que os 229 km que sempre a separou daquela que a via uma vez por mês e preferia não ser chamada de mãe.

Ela a chamava de Leide, e quando mais fria, Ilcilei, porque era assim que qualquer um a chamava.

Havia muitos conflitos na nova casa, em Tubarão. Conviver com a mãe e o padrasto era tempestuoso demais. Principalmente, pelas brigas constantes com Celso, que criou para si uma narrativa de vítima de um ódio gratuito por parte da enteada. Não conseguindo obedecê-los, em 2009, Maiara decidiu morar com a pessoa que mais lhe entendia, a prima Márcia, em Sombrio (SC). A ela confidenciou que o desgosto por Celso tinha origem em fatos até hoje obscurecidos, sobre os quais só soube dizer “eu tenho meus motivos, prima, ele não é o que parece”.

Era com Márcia que dividia as dúvidas da vida: o que é menstruar, como se vestir, andar, falar e se tornar mulher. Foi ela, também, que tentou afastá-la dos vícios. Um dia, soube que Maiara estava com o namoradinho, o segundo maior traficante da cidade, alguns anos mais velho que ela. Encontrou-a fora de si, ao lado dele. O sujeito dizia que estava tudo bem. Pelo entorpecimento de Maiara, não estava. E se dependesse de Márcia, ficaria pior — iria chamar a polícia se sua prima não saísse dali naquela hora.

A menina, que tinha 15 anos e havia recém começado um relacionamento com a cocaína, estava sendo arrastada pela rua. Maiara protestou, xingando a prima, e apanhou. Um tapa só, na cara, feito a criança que era. O suficiente pra calar a menina e gravar na mente da prima a dor de bater em alguém que era quase uma filha.

“Tu nunca mais me faz passar por isso outra vez,” Márcia vociferou.

Mas a dor de Maiara era mais profunda do que um tapa poderia alcançar. Ela nunca conseguiu abandonar as drogas.

Maiara em sua infância. Imagens: arquivo da família

Um ano depois, em 2010, a jovem se mudou para a região da Grande Florianópolis. Longe da família, dividia suas moradas temporárias com outras meninas, com as quais aos poucos construía amizade. Ainda menor de idade, fazia bicos em lojas de sapato, restaurantes e onde mais fosse possível, bancando sua independência da família e livre para tomar suas próprias decisões. E decidiu que fumaria um, sim, sozinha ou com os carinhas de bicicleta que só queriam conversar, de boa, sem maldade alguma, claro. Decidiu também que não devia nada a eles e que Tiago, aquele rapaz com quem ficou por uma semana, já parecia bom o suficiente pra morar junto naquele mesmo ano. A relação foi boa, tinha carinho, mas nem por isso pouco atrito, e quando ele a contrariava, fazia sentido para Maiara chorar, espernear, bater o pé. Terminaram um ano depois e ela tocou a vida adiante, sozinha, como sempre foi.

Até que em dezembro de 2012 apareceu um ex namorado chamado Luiz Eduardo Domingues e tudo deu ruim, de um jeito que ela nunca conseguiu esquecer. O relacionamento foi conturbado, com muitos abusos — que você entenderá no próximo capítulo. Assim, o término, que se deu no início de 2013, coincidiu com o desemprego e uma necessidade de fuga para Gaspar. A cidade é um pedaço de terra cortado por um riacho e marcado pelo ar cinzento e denso, típico município pequeno em que o coração é a igreja localizada no ponto mais alto. E assim sendo, não comportava as necessidades por substâncias que Maiara vinha nutrindo há anos, como explicou sua prima Géssica, de quem se aproximou nesse período. Difícil comprar drogas numa província. “Normalmente a gente nem saia muito em Gaspar, não tinha festa, nada.”

Durante esse período, Maiara trabalhou com facção manual para o tio, que pagava um valor meramente simbólico, sem horário fixo, até que ela foi para uma empresa na qual foi registrada. O pouco dinheiro que ganhava tinha um fim muito claro: tirar carteira de motorista e comprar uma motinho — um desejo longínquo, que a acompanhou por toda a vida, nunca se concretizando. Infelizmente, a grana não ficava na poupança, parando nos cofres de boates como o El Fortin, a mais de 70 km de distância. A sede pela liberdade arranhava a garganta de Maiara, desnorteada ainda pelo relacionamento passado. Os doces e o lança-perfume da boate não a satisfaziam cem porcento, e a saudade de um pó amigo foi batendo. Houve noites em que Maiara chamou conhecidos de Palhoça pelo Facebook, suplicando por cocaína. Chegou a se oferecer para comprar dez gramas, porém não tinha dinheiro pra tanto e, mesmo que conseguisse um preço bom, o qual encontrou após conversar com um ex-ficante que se compadeceu das lembranças sexuais, não tinha como sair de Gaspar para realizar a compra.

Ao que suas conversas no Facebook dão a entender, essa vontade por pó não vinha apenas da saudade de seu relacionamento com a droga em Sombrio, mas da necessidade por dinheiro. Uma parte iria pro nariz dela e outra viraria papel no bolso. Em meados de 2013, tentou comprar 20 gramas com um colega, Felipe, o qual cobrou 20 reais a grama. Ela achou muito caro e difícil de revender, desistiu da transação e seguiu na busca, a qual terminou infrutífera. Precisava voltar ao seu habitat, precisava voltar a Florianópolis.

Gaspar era uma camisa de força e Maiara enlouqueceu nessa solitária. Segundo Géssica, a relação da prima com a mãe não ajudava muito, o distanciamento delas era um agravante no desgosto que nutria pelo local. À prima, Maiara confidenciava as saudades que tinha da capital: “Florianópolis é uma cidade grande, tem bastante festa, bastante lugares diferentes, as praia pra passear.”

Finalmente saciou a vontade e voltou para a Ilha da Magia, como é conhecida, e dessa vez, trouxe Géssica consigo, com quem moraria junto no futuro. Fez um novo Facebook e se instalou no bairro que viria a ser o cenário do resto da sua vida e morte: Fazenda Max.

Autores: Gabriel D. Lourenço & Matheus de Moura

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Matheus de Moura
Não Há Respostas Quando Morre Uma Pobre

Jornalista. Escritor. Neguinho. Catarinense no Rio. Co-criador de: N.E.U.R.A Magazine e Não Há Respostas Quando Morre uma Pobre