Roteiro por Cusco, no Peru: como foi, onde fui e quanto gastei

Passei sete dias no paraíso dos mochileiros, cercado pelas belezas inacreditáveis da cordilheira dos Andes e pela história milenar do nosso próprio continente.

Igor Mariano
Revista Passaporte
18 min readJan 23, 2020

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Foto de Cusco — Peru, Plaza de Armas, por Igor Mariano
Plaza de Armas de Cusco (arquivo pessoal)

ACORDEI MUITO CEDO e fui para o aeroporto de Lima. Era dia de deixar a capital peruana para trás e conhecer Cusco, lá no alto das montanhas. Caminhei pela pista junto com os demais passageiros, pois íamos embarcar pelas escadas, e me deparei com uma aeronave muito pequena da Star Perú. Parecia um avião de brinquedo. Eu, que não tenho medo nenhum de voar, engoli a seco. Imagina só as turbulências.

Que nada. O que eu não imaginava é que o pequenino me levaria para um dos vôos mais bonitos da minha vida. O avião não voava muito alto e os picos da cordilheira dos andes, por outro lado, eram bem altas. Olhar pela janelinha era como estar dentro de um ônibus. Em viagens de avião, normalmente pouca coisa acontece do lado de fora. Passamos horas encarando uma tela azul, às vezes com nuvens ao nosso redor. Não nesse voo.

Uma das paisagens do voo Lima-Cusco (arquivo pessoal)

As montanhas passavam a poucos metros de mim, algumas cobertas de árvores, outras pedregosas e acinzentadas. Muitas tinham neve enfeitando o cume. Enquanto o aviãozinho ziguezagueava entre a paisagem, uma ou duas horas de viagem (não lembro com certeza) passaram sem eu nem perceber.

Leia também: Roteiro por Lima, no Peru

O aeroporto de Cusco é pequeno, antigo e não tem wi-fi. Em um avião tão pequeno todos são obrigados a despachar a bagagem, inclusive quem leva só mala de mão, pois não tem bagageiro em cima das poltronas. Por isso esperei pelas minhas coisas na esteira, como raramente faço, enquanto pensava em como pedir um Uber sem ter internet. Não costumo comprar chips internacionais quando vou para outros países. Se desconectar tem suas vantagens.

Comprei um café no segundo andar do salão de embarque, no primeiro lugar em que vi uma placa “wi-fi grátis”, e finalmente consegui pedir meu Uber. Tal qual no Brasil poucos anos atrás, em Cusco os carros da Uber não entram no aeroporto. Tive que memorizar a placa do carro e o nome do motorista e cruzar correndo o estacionamento para alcançá-lo na rua, torcendo para não cancelar a corrida e mudar a placa. De alguma forma, deu certo.

Finalmente era hora de conhecer a cidade.

Cusco tem esse nome porque os espanhóis não sabiam pronunciar Qosqo, que é como os Incas batizaram este lugar. Qosqo significava “umbigo do mundo” em quéchua, enquanto Cusco não significa nada, mas era mais fácil de falar. Os espanhóis chegaram demolindo templos, construindo igrejas católicas e levando o ouro abundante dos Incas para a Europa.

Assim como muitas cidades histórias, Cusco hoje tem um núcleo turístico bem conservado, mas ao redor é uma cidade gritantemente normal. E no caminho para meu hostel, dentro do Uber, cruzei por bairros pobres, ruas cinzas, algumas esculturas nas rotatórias e em determinado momento um portal de pedra. Este portal marca o começo das casinhas e ruas centenárias (milenares, talvez). Dali em diante eu estava dentro no paraíso dos mochileiros.

Em Cusco tudo parece ter sido feito para os viajantes independentes, talvez por isso existam tantos de nós por lá. Existem walking tours, restaurantes com preços acessíveis, mercados de rua, hostels e hospedarias. É bastante comum encontrar pessoas com grandes mochilas de 30 litros nas costas, sozinhas ou em grupo. Não senti nenhum constrangimento em comer sozinho em um restaurante e nem em estar sozinho num passeio guiado.

Existe uma energia de liberdade e espírito desbravador que enche nosso peito de energia e coragem. Dar uma volta no quarteirão bastava para eu sentir que estava desbravando um novo planeta, vendo com meus próprios olhos belezas exóticas e ouvindo sons inteiramente novos. E no geral, sinto que essa emoção era transmitida entre a maioria dos viajantes que esbarrei por lá, como um segredo sussurrado bem baixinho de ouvido em ouvido.

Talvez esse sentimento não seja familiar para muita gente, mas quem viaja sozinho certamente vai me entender. Tem cidades que atraem famílias e casais, onde normalmente nos sentimos um pouco extraterrestres. É como se estivéssemos entrando sozinhos na arca de Noé. Mas Cusco é o oposto: mochileiros de todas as partes do mundo se encontram lá, a maioria atraída pela fama de Machu Picchu, então é muito confortável ser um deles.

Quando fecho os olhos e me concentro, consigo lembrar claramente o orgulho que senti por uma semana nesta cidade.

Ruas de cusco (arquivo pessoal)

E poderia ter passado mais tempo. Foram sete dias em Cusco, mas se pudesse escolher, hoje passaria nove. Sempre que vejo as fotos de lá eu tenho a sensação de que Cusco merecia mais de mim.

Tirando um dia em que fiquei resfriado e precisei repousar no hostel, nos outros seis eu fiz tudo que podia no tempo que tinha. Ainda assim, sinto que não aproveitei o suficiente. Devia ter passado mais tempo na Plaza de Armas, visitados mais lugares dentro e fora da cidade, aproveitado mais a comida, o mercado, o clima frio… Mas em que tempo?

Fica a desculpa pra voltar, como sempre.

Como foi:

Em Cusco eu matei qualquer saudade que pudesse ter do frio. Não só no topo das montanhas, mas principalmente nas noites gélidas da cidade. É bem verdade que eu gosto de temperaturas baixas, porém o que falta por lá são aquecedores nos hotéis, restaurantes, museus e principalmente na hora de sair do banho quente no meu hostel. Faz parte. Também não posso reclamar, porque durante o dia o termômetro subia e dava até para dispensar o uso do casaco e do cachecol.

Estive em Cusco durante o mês de julho e a temperatura ia do verão ao inverno em questão de horas! Eu podia sair de camiseta durante o dia, mas bastava cair a noite para que o cachecol e as luvas se tornem essenciais. E quando chegava o frio, era pra valer, atingindo números negativos.

Além do frio, haja fôlego! Mesmo que o famoso mal de altitude não te atinja, é provável que vá te faltar o ar na hora de subir tantas ruínas, ladeiras, escadas e montanhas dentro e fora da cidade. E quando olhar as paisagens, aí é que fica impossível respirar mesmo.

Para fazer turismo no Peru precisa ter força nas pernas e os joelhos em bom estado para encarar tanta subida e caminhada, mas pode ter certeza de que cada degrau terá valido a pena quando você chegar no topo da montanha, no alto das ruínas ou no fim da trilha. Acredite em mim, sempre tem uma recompensa à altura.

Eu preciso confessar que o trekking para a Montaña de Siete Colores (também conhecida como Rainbow Mountain) foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz na minha vida inteira.

Eu tenho uma rotina ativa, sempre gostei de fazer atividades físicas e já estava viajando a mais de um mês, mas nada se compara. Foram três horas de caminhada, 6 km de subida atrás de subida, a mais de 5 mil metros sobre o nível do mar, com ar rarefeito, pouco oxigênio e vento frio. A altitude, que até então não tinha me atingido, começou a dar as caras me fazendo sentir náuseas e dor de cabeça.

Panorâmica do topo da Rainbow Montain (arquivo pessoal)

Chegar lá no alto foi tão aliviante e emocionante ao mesmo tempo que eu nem saberia descrever todas as emoções. Hoje eu tenho orgulho de ter vencido essas barreiras, apesar da exaustão. Na volta foram mais 6 km e 2 horas de caminhada. Eu cheguei no ônibus da excursão morto de cansaço, porém extremamente feliz.

E foi no dia seguinte que eu fiquei de molho, me recuperando de um resfriado que se aproveitou do meu cansaço extremo. Mal sabia que em Huaraz, na semana seguinte, um desafio ainda maior me aguardava na Laguna 69.

Leia também: Eu tava lá quando não aguentava mais andar, mas não tinha nenhuma outra opção.

Para fazer o trekking da Montaña de Siete Colores, assim como a maioria dos passeios em Cusco, contratar uma excursão é a melhor opção. Mas uma das coisas que eu descobri nessa viagem é que eu não sou muito fã de excursões. Embora seja muito mais prático, o guia dê informações úteis e seja um jeito legal de conhecer pessoas, me incomoda um pouco não poder fazer as coisas no meu ritmo.

Eu gostaria de ter ficado mais tempo nas ruínas ou no mercado de Pisaq, por exemplo, mas quando estamos em grupo precisamos respeitar o tempo dos outros. A única exceção, para mim, são os free walking tours, que eu adoro fazer em qualquer lugar do mundo. Neles temos mais liberdade e os passeios são menos parecidos com uma linha de produção industrial passando o turista de etapa em etapa na corrida contra o relógio.

De todo modo, em grupo ou sozinho, eu adorei viver a rotina daquele vilarejo antigo. O estilo de slow travel me permitiu matar o tempo na Plaza de Armas ou procurar alguém no mercado que pudesse consertar o braço do meu casaco. Assisti shows de dança típica, comi empanadas com uma argentina que conheci na trilha da Rainbow Mountain e enchi a cara no Loki com dois brasileiros que conheci no City Tour. Tirei fotos, experimentei pratos típicos (com exceção do porquinho-da-índia , chamado de cuy, que não tive coragem) e fiz tudo o que minha flexibilidade me dava direito.

Num dos dias eu saí de Cusco para conhecer Machu Picchu, é claro. Eu estava ansioso para conhecer uma das sete maravilhas do mundo. Esse feito envolve passar uma noite em Águas Calientes, então vou falar melhor sobre isso mais pra frente. Mas antes, vamos à lista de coisas para fazer na cidade de Cusco.

Onde fui:

Plaza de Armas — A Plaza Mayor de Cusco é linda. Umas das coisas que eu mais gosto nela é a quantidade de viajantes, mochileiros, famílias e turistas de todos os tipos que trafegam por ali o dia inteiro. Outro aspecto interessante é que ao redor dela tem McDonald’s, KFC, Bembos e várias outras grandes marcas, mas todas sem letreiros nem nada que polua suas fachadas históricas.

Montaña de Siete Colores — Chegar à Montaña de Siete Colores (Apu Winicunca) exige acordar às 3h da manhã, pegar 3h de estrada e depois caminhar por mais 3h. É possível fazer o trekking a pé, como eu fiz, ou contratar um cavalo por 90 soles para descer e subir a montanha carregando você. O importante é subir, porque só lá de cima conseguimos ver a colorida formação rochosa que até pouco tempo ainda era desconhecida. É que a menos de 10 anos tudo isso estava coberto por neve e foi o degelo das montanhas que revelou as curiosas cores que estavam por baixo de todo o branco. O passeio custou 60 soles (R$ 68,31) pela agência Peru Viajes y Aventuras, fora a taxa da montanha de S/. 10 (R$ 11,38).

Museo de Sitio del Qoricancha — Este lugar era um templo ao deus Sol e se tornou um convento espanhol. Foi palco de enormes choques culturais, mas hoje tem uma finalidade um pouco mais neutra: é um museu arqueológico que conta a história dos dois povos. Ele foi uma das paradas do City Tour, que custou 15 soles (R$ 17,08) pela Peru Viajes y Aventuras.

Sacsayhuaman — É uma ruína perto da cidade. Acredita-se que era uma fortaleza Inka que protegia Cusco de tribos invasoras. Fazia parte do City Tour.

Tambomachay — É uma ruína mais afastada que mostra como os povos locais começaram a manipular a água a seu favor. Seu nome significa “banhos dos incas” e possui uma fonte de culto à água. Fazia parte do City Tour.

Puka Pukara — Esta ruína também era uma fortaleza Inca e seu formato lembra uma torre de observação. Como está debruçada em uma montanha, seu diferencial é a vista belíssima para o vale. Fazia parte do City Tour.

Q’enqo — Esta foi a última parada no caminho de volta para a cidade. Considerado um dos lugares mais sagrados do povo Inka, aqui aconteciam casamentos, sacrifícios e julgamentos. Possui diversos corredores e túneis, o que explica o nome do lugar, pois kenko quer dizer “labirinto” em quéchua. Fazia parte do City Tour.

Sobre o City Tour — O City Tour não é a mesma coisa que o free walking tour. O city tour de Cusco é um passeio de meio período que visita as quatro ruínas mais próximas da cidade. Além do valor de 15 soles que inclui o transporte e um guia turístico, também comprei o boleto turístico, que é um ticket que dá entrada a todos esses lugares acima e mais outras 12 atrações. Esse boleto custa 130 soles (R$ 148) e vale muito a pena.

Foto do boleto turístico (arquivo pessoal)

Centro Qosqo de Arte Nativo — É um show de música e dança típica que acontece em um teatro. Resolvi ir porque o ingresso estava incluído no boleto turístico e a argentina que fez o tour da Rainbow Mountain comigo falou que era muito bom. É um show simples, mas ótimo para quem quer conhecer mais sobre a cultura, as danças e os ritmos locais.

Moray — Moray era um laboratório onde os Incas testavam complexas técnicas de agricultura antes de implementar nas cidades. Essas ruínas ficam pertinho das salineiras de Maras e normalmente esses dois pontos são visitados em um dia só, no tour de Maras y Moray. Também fiz esse tour com a Peru Viajes y Aventuras e custou 25 soles (R$ 28,46). O ingresso para entrar em Moray estava incluído no boleto turístico.

Maras — Nas salineiras de Maras a água altamente salina do rio é represada em piscinas, que ficam expostas ao sol até que todo o líquido evapore e reste apenas o sal. O sal é muito importante para a cidade de Maras, que além de depender dele economicamente também o utiliza na culinária, na agricultura e até para fins medicinais. São milhares de salineiras, que produzem toneladas de sal todos os dias. A entrada de Maras NÃO está incluída no Boleto Turistico e custa 10 soles (R$ 11,38).

Mercado de Pisac — As mercadorias tomam toda a rua, que desce por centenas de metros até desaguar em uma praça abarrotada de vendedores de flores. As pessoas, em sua maioria turistas, preenchem os espaços vazios em uma convivência quase harmônica com os carrinhos, as cabras, as cholas, as crianças e o que mais couber nesse caldeirão cultural. Uma experiência maravilhosamente rica e memorável. A rápida visita a esse mercado foi parte do tour para Valle Sagrado + Machu Picchu. Falo sobre os valores no final.

Parque Arqueologico de Pisac — Foi uma das maiores e mais bonitas ruínas históricas que eu visitei na região. Este lugar era um grande centro administrativo do povo Inca. Ele foi construído de modo a evitar terremotos e possui corpos mumificados enterrados no local. Eu tive pouco tempo para explorar esse lugar, espero um dia visitar a região outra vez, mas sem pressa. Foi parte do tour para Valle Sagrado + Machu Picchu.

Alhambra Hacienda Restaurant — O Tour para Valle Sagrado é um passeio de dia inteiro e felizmente inclui as refeições. A parada do almoço foi nesse restaurante fazenda muito bonito (provavelmente o lugar mais chique em que eu comi no Peru), com bebida e comida à vontade. Foi parte do tour para Valle Sagrado + Machu Picchu.

Ollantaytambo — Já no fim do dia, a última parada do Tour pelo Valle Sagrado foi nessa cidadezinha linda. Todas as casas têm tons terrosos e são feitas de pedra, tudo muito “Indiana Jones”. Existe um parque arqueológico no local também, que funcionava como um centro agrícola, religioso, administrativo e militar dos Incas. Praticamente todas as construções Incas estão nas encostas de montanhas, mas essa impressiona por ser muito alta e íngreme. Do topo é possível ver o povoado lá em baixo o trilho do trem cortando as montanhas. Inclusive, neste lugar eu peguei o trem para Águas Calientes, onde eu passaria a noite antes de visitar Machu Picchu.

*Todos os valores foram calculados de acordo com o câmbio da data que eu realizei a troca (Jun/2018) e já incluem gorjetas e taxas (quando aplicável).

Machu Picchu:

Chegar em Machu Picchu não é tarefa das mais simples, mas também não é tão impossível quanto pode parecer em um primeiro momento.

Nas minhas pesquisas prévias, antes mesmo de chegar no Peru, comecei a ler textos para descobrir como visitar esta maravilha do mundo e me assustei com a logística. Talvez você tenha chegado nesse texto em um momento similar e esteja passando por essa fase de confusão também, então antes de tudo quero te assegurar que na prática é mais fácil do que na teoria.

Machu Picchu visto de um de seus pontos mais altos (arquivo pessoal)

No entanto, eu fui escrevendo sobre esse assunto e o relato começou a se estender demais. Acabou virando um texto próprio. Então clique aqui ou no link abaixo para ler o trecho sobre Machu Picchu:

Ficou para a próxima vez:

Cusco tem muitas atrações. Acabei não visitando todos os pontos incluídos no boleto turístico, então ruínas menos famosas como Tipón, Pikillaqta e Huchuy ficaram para trás, assim como o Museo de Arte Contemporaneo e outros itens do boleto. São dezesseis no total — acredito que deixei de conhecer uns seis ou sete no fim das contas.

A Trilha Inca também está na minha lista de desejos. Ela é um percurso histórico entre Cusco e Machu Picchu, quatro dias de caminhada com acampamento nas montanhas. Não sei se tenho preparo físico para isso hoje e nem se um dia terei, porém ouvi falar que existem ruínas e cachoeiras que só são visíveis nessa rota, então existe uma vontade em mim de viver essa experiência.

Foto: TripAdvisor.

A Laguna Humantay fica a três horas de distância de Cusco e pelas fotos é uma lagoa azul impressionante no alto de uma montanha. É claro que envolve horas de caminhada, como quase todos os passeios de Cusco. 7 km de trilha no total, para ser mais exato. Porém eu escolhi ir para Huaraz na semana seguinte e já pretendia conhecer a Laguna 69 lá, então preferi poupar meu fôlego.

Onde me hospedei:

Na semana anterior, em Lima, eu fiquei no Puriwasi Hostel e gostei. Como contei nesse texto, eu descobri que por ter me hospedado em uma das unidades da rede eu tinha desconto nas outras, então decidi ficar no Puriwasi de Cusco também. Fiz a reserva na recepção do hostel de Lima, sem precisar fazer nenhum depósito nem nada.

O Puriwasi Cusco fica dentro da parte histórica, relativamente perto da Plaza Mayor (dá pra ir andando tranquilamente), e tem tudo o que você precisa por perto. Assim como no de Lima, um café da manhã simples está incluído na hospedagem e a equipe é muito simpática. Neste também tem um bar, mas bem menos animado do que o da outra unidade. Não presenciei nenhuma festa ou confraternização no período em que estava lá. Minhas noites de festa foram no Loki, outro hostel mais agitado e que aceita visitantes.

Quanto à acomodação, a unidade de Cusco é ainda melhor que a de Lima. Eu fiquei no quarto maior, com dezoito pessoas, e mesmo assim tive excelentes noite de sono. As beliches são separadas por paredes e tem suas próprias luzes de leitura, o que contribui bastante para a privacidade e o silêncio. Os lençóis são quentinhos e confortáveis. Também tem armários, porém não muito bons. Os únicos pontos de melhoria foram o chão de madeira, que fazia rangidos quando alguém andava pelo quarto, e o wi-fi, que não pegava no quarto e me forçava a ir para recepção quando queria usar a internet.

De todo modo, pagando R$ 29,00 por noite, fiquei completamente satisfeito pelo que recebi. No total eu eu gastei S/. 156,67 de hospedagem, que no câmbio do dia deu R$ 183,53. Esse valor pagou seis noites — porque uma noite eu dormi em Águas Calientes — e mais o aluguel de uma toalha, porque eu esqueci a minha secando na varanda antes de ir para Machu Picchu.

Quanto eu gastei:

Embora o Peru seja um país barato, Cusco é provavelmente a cidade mais turística do país, o que aumenta o custo de vida. Além disso, muitos dos passeios são fora da cidade, o que fez com que eu gastasse mais em excursões e pacotes turísticos fechados.

De todo modo, eu mantive meu estilo de viagem Low Cost, economizando em alimentação e evitando gastar dinheiro sem necessidade. Outra vantagem é que dentro da parte histórica de Cusco é possível fazer tudo a pé, o que resultou em gastos mínimos com transporte.

Somando todos os gastos (transporte, alimentação, todos os passeios, eventuais compras, cervejas, etc.) e dividindo pelo número de dias que passei em Cusco, dá R$ 216,63 por dia. Esse valor só não inclui o preço da hospedagem, que eu já expliquei acima, e a passagem aérea.

Um fator importante é que o preço do tour pelo Valle Sagrado + Machu Picchu foi alto, quase mil reais. Eu fiz as contas e decidi que valia a pena fazer o investimento, pois o ingresso de Machu Picchu por si só já é caro, eu queria ir de trem e o pacote já incluía 2 dias de tour com alimentação e hospedagem. Faço questão de destacar o valor desse passeio porque, sem ele, o gasto por dia cai para R$ 100,94.

Isso quer dizer que eu gastei apenas R$ 600 nos outros seis dias, com todos os outros passeios. Bem barato. Pense nisso quando for planejar a sua viagem.

Além disso, para que você tenha uma melhor noção do custo de vida em Cusco, seguem o preço de alguns itens comuns:

  • O combo do dia no McDonalds custa S/. 11,90 (R$ 13,55)
  • Um sabonete na farmácia Mifarma custou S/. 3,60 (R$ 4,33)
  • Uma empanada de frango é S/. 6,00 (R$ 6,83)
  • Um pacote de batata Lays sai por S/. 1,00 (R$ 1,14)
  • Uma barrinha de chocolate feito com sal de Maras foi S/. 3,00 (R$ 3,42)
  • Paguei apenas S/. 15 (R$ 19,41) por um menu executivo no Cafe La Perla
  • O Uber para o aeroporto foi apenas S/.12,33 (que dá R$ 16,33 no câmbio do cartão de crédito). O de chegada foi menos de R$ 10.

O que eu perdi:

Pra mim não existe viajar sem deixar coisas pra trás (metafórica ou literalmente). Em Lima, o que eu perdi foi a toalha dry fit que ficou secando na varanda. Eu tinha comprado essa toalha na Decatlhon, ainda no Brasil, porque ela é feita de uma microfibra compacta e que seca rapidamente. Ironicamente perdi a bendita logo no começo da volta ao mundo.

Mais algumas dicas:

1) O lugar que eu me hospedei não era um “party hostel”, o que quer dizer que ele não promove festas e nem tem clima de farra. Eu prefiro ficar em lugares assim, porque é mais silencioso e tranquilo. Quando quero bagunça, é só sair para outros lugares. No entanto, existe um hostel em Cusco que é famoso pelas suas festas: o Loki. Eu conheci uma brasileira que estava hospedada lá e eu entrei no bar como convidado dela. Além de muita cerveja e muitos mochileiros, eles promovem brincadeiras (alcoólicas ou não) para entreter todo mundo.

2) Eu fechei todos os meus passeios com a mesma agência, a Peru Viajes e Aventuras. Fechando tudo com eles eu consegui bons descontos. Meu contato foi o Humberto Atacuri, que me foi recomendado em um grupo de viagens do Facebook, e eu comecei a conversar com ele ainda no Brasil para fazer cotações, mas só fechei o pacote e fiz o pagamento lá em Cusco.

3) Eu fiz o Free Walking Tour com a Real Cusco, que tinha um cartaz na recepção do meu hostel. O meu guia se chamava David, que ainda por cima também é músico. No fim do tour ele nos levou para a escola de música dele e deu um verdadeiro show solo com instrumentos peruanos. Recomendo muito. Para quem não conhece, no final de um walking tour cada pessoa contribui com o valor que quiser, dependendo de quanto acha que valeu o tour. Eu dei 20 soles (R$ 22,77).

Antes de conhecer, eu não imaginava que o Peru tinha tantas belezas naturais. Mesmo sendo um país pequeno, tem praticamente todos os tipos de paisagem graças à cordilheira: de lagos perenes a cachoeiras violentas, de grandes cidades à selvas densas, da neve ao deserto, de praia a montanha.

Em meio a tanta diversidade, Cusco definitivamente é um dos pontos altos do país, fazendo jus à sua fama mundial. O clima, as pessoas, as comidas, os lugares… Tudo parece se encaixar perfeitamente nessa pequena grande cidade do sul do Peru e nos cenários impressionantes que a rodeiam.

Felizmente não há limite para o encantamento. De Cusco eu voltei para Lima de avião (era para ser no aviãozinho da Star Peru outra vez, mas fui remanejado para um voo comum da Peruvian) e fui para a rodoviária de Lima. Passei uma noite inteira dentro do ônibus que me deixaria em Huaraz, um destino que eu decidi conhecer de última hora. E, meu Deus, quem dera todas as minhas decisões fossem tão acertadas assim. Nessa cidadezinha pouco conhecida no norte do Peru, esse país conseguiria me impressionar ainda mais com sua beleza. Só que isso eu ainda estava para descobrir.

Em breve posto o texto aqui para vocês.

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Igor Mariano
Revista Passaporte

Brasileiro, gestor de marketing, apaixonado por viagens, café, cerveja, livros e tudo que nos distrai • www.instagram.com/igor_mariano