“Teoria Feminista: da margem ao centro”: um feminismo antirracista e anti-classista é possível

Carol Correia
Revista Subjetiva
Published in
3 min readMar 27, 2020
Capa do livro, retirado de Quilombo Literário

Informações do livro

Escrito por bell hooks e inicialmente publicado em 1984, recebendo tradução para o português em 2019 por Rainer Patriota. Contendo 256 páginas e 12 capítulos e um prefácio, hooks critica a teoria feminista que é voltada exclusivamente para mulheres brancas e endinheiradas e trilha para um feminismo antirracistas e anticlassista — uma verdadeira revolução feminista.

Temas abordados

bell hooks inicia Teoria Feminista: Da Margem ao Centro falando sobre o que significa estar na margem e no centro e como esses lugares afetam nossas vidas — e, no caso do movimento feminista, perpassa pelas teorias e práxis feministas.

Ela comenta:

“Estar à margem significa pertencer ao todo, mas estar fora do corpo principal.”

O que implicava que mulheres racializadas, em especial, mulheres negras possuírem um papel de formar uma teoria feminista além das teorias elitistas e brancas que recebiam destaque na época.

Ao compreender que feminismo é um movimento pelo fim da opressão machista, foi possível pontuar a importância do movimento para as mulheres, assim como a todos. E como foi difícil vincular a luta contra o machismo a luta contra o racismo e o elitismo — uma luta pautando sexo, raça e classe — que nos dias de hoje se faz mais presente.

O poder da solidariedade entre mulheres e da aliança de homens ao feminismo.

hooks também discute sobre poder, a mudança de perspectiva de observar o poder enquanto o direito de dominar e de contra outros para algo a ser utilizado para resistir a opressão e exploração machista.

De fato, a mesma comenta:

“Antes de as mulheres tentarem reconstruir a sociedade, temos de rejeitar a ideia de que a obtenção do poder na atual estrutura social irá necessariamente fazer progredir a luta pelo fim da opressão machista. Pode permitir que várias mulheres obtenham um grande privilégio material, um controlo sobre o seu destino e sobre o destino de outros, ambos sendo objetivos importantes. Não terminará a opressão machista como sistema de domínio. A sugestão de que as mulheres devem obter o poder antes de resistirem eficazmente ao machismo está enraizada no falso pressuposto de que as mulheres não têm qualquer poder. As mulheres exercem algum poder, mesmo as mais oprimidas. Estes poderes podem ser utilizados para fazer progredir a luta feminista. As formas de poder dos grupos explorados e oprimidos são descritas na importante obra de Elizabeth Janeway, Powers of the Weak. Uma das formas mais importantes de poder dos fracos é “a não-aceitação da definição de si próprio apresentada pelos poderosos”.

hooks elenca a educação de mulheres como um objetivo feminista, a educação como uma prática de liberdade, assim como o fim de toda a violência.

É incentivado a criação de crianças por pais e mães por um viés feminista que será revolucionário.

hooks defende uma verdadeira revolução feminista, em qual todas as pessoas serão libertas da opressão, exploração e sofrimento.

Considerações finais

Teoria Feminista: Da Margem ao Centro é meu livro favorito sobre discussões feministas, junto de Feminismo é Para Todo Mundo, da mesma autora. O livro é atual, provocativo e instigador.

Recomendo para todos os que defendem um novo amanhã sem opressão e exploração.

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Carol Correia
Revista Subjetiva

uma coleção de traduções e textos sobre feminismo, cultura do estupro e racismo (em maior parte). email: carolcorreia21@yahoo.com.br