Estimulando os sentidos para criar novas perspectivas sobre o mundo

Danilo Novais
swarm creativity
Published in
6 min readAug 4, 2015

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Afinar os cinco sentidos básicos pode aumentar a nossa experiência de vida e até impulsionar a criatividade.

Como vai a vida real? Em nossa última conversa na Swarm Creativity, eu propus um exercício de desconexão para se reconectar consigo mesmo e com outras pessoas. A ideia consiste na valorização das relações para criar uma verdadeira conexão emocional, a fim de estabelecer equilíbrio entre o online e o offline. A maneira mais óbvia de fazer isso é se distanciar um pouco do esquema digital em que nos encontramos, no qual chats e curtidas substituem abraços e olhares, e sair para experimentar o mundo físico.

O Rodrigo Turra iniciou um papo sobre sentidos na coleção passada e, nesta edição, expande o tema para Sinestesia, uma espécie de #MashupSensorial, e a privação de sentidos. Já o Gustavo Nogueira nos mostra como a ampliação dos cinco sentidos básicos (visão, audição, tato, olfato e paladar) por meio da tecnologia é algo que será possível em um futuro próximo.

Posto o convite para cultivar novas realidades offline, como então potencializar essa experiência? Afinar o sistema sensorial para aproveitar ao máximo o que o mundo tem a oferecer pode trazer alguns benefícios para o dia a dia, cabendo como resposta para a pergunta. Do aumento da produtividade ao impulso da criatividade, vamos desdobrar alguns efeitos que os cinco sentidos provocam quando utilizados de modo avançado, e assim, quem sabe, criar novas perspectivas sobre o que nos cerca.

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1. Interação e estímulo maximizam a experiência de mundo

Parte integrante do sistema nervoso, os sentidos são a tradução do mundo físico para a mente. São eles que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente. Sem eles, estaríamos dispostos a situações perigosas e seria difícil integrar a sociedade. Em outras palavras, precisamos de interação e estímulo para nos situarmos enquanto indivíduo.

Considerando isso, segue um fato irrefutável: todos nós envelhecemos. Conforme a idade avança, naturalmente o sistema sensorial perde a sensibilidade. Daí a importância de estimulá-lo para amenizar o impacto ocasionado pela velhice. Não só isso, quanto mais afinamos os sentidos, mais eles proporcionam uma experiência de vida elevada. Duvida?

Para aumentar a performance de seus alunos, algumas escolas e universidades estão testando a influência dos sentidos na produtividade (link acima). O psicólogo Nick Perham, que estuda o papel da audição no processo de aprendizagem pela Cardiff Metropolitan University, identificou que sons variáveis distraem as pessoas, ao contrário de sons uniformes e consistentes, que contribuem para manutenção do foco. Em 2003, o psicólogo Mark Moss certificou, em um estudo para a Northumbria University, que alguns cheiros ajudam na retenção de conhecimento. Segundo Moss, eles ativam e relacionam memórias porque a área que controla o olfato se encontra no hipocampo, uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro e importante parte do sistema límbico, a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais.

Carolina Cerutti

Quer vivenciar o universo em sua capacidade plena?

Abaixo, um link com algumas dicas práticas para aguçar o seu sistema sensorial. Ao fazer essas atividades, seria interessante classificar cada uma delas para entender quais abrangem todos os sentidos ou não, como propõe o designer Jinsop Lee neste TED Talk.

2. Buscando a criatividade através dos cinco sentidos

Kirby Ferguson desmistifica a ideia de que as coisas nascem do nada, sugerindo que a criatividade é uma mistura de várias experiências, fatores e referências.

“Nada é original”, afirma Kirby Ferguson, criador da série Everything is a Remix. De Bob Dylan a Steve Jobs, ele sugere que grandes nomes emprestaram, roubaram e transformaram conceitos que já existiam em novas invenções. Quando relacionamos o sistema sensorial com a criatividade, essa teoria ganha corpo. Somos seres complexos, formados não só por características genéticas singulares, como também pela diversidade de gostos, bagagem cultural e outros fatores que sofrem influência do meio.

Exercitar os nossos sentidos maximiza a relação com o ambiente e outros seres vivos, mas também cria um cenário adequado para a criatividade. Se a criatividade é a habilidade aflorada de misturar referências e experiências para conceber coisas novas, então o tato, olfato, paladar, visão e audição desempenham um papel ativo nesse processo.

Aquele que entende aquilo que vê e sabe que o que vê não é só o que é, enxerga o que não vê.

— Nilton Bonder

3. Imaginação ativa: o poder da exploração do devaneio

Em 1913, o psicanalista Carl Jung se entregou a um estado de devaneio, quase como sonhar acordado concentrado, para confrontar os seus medos e se autoanalisar. Deliberadamente, examinou suas próprias memórias, sonhos e suas reações emocionais a eles, registrando tudo em um caderno. Essa técnica pouco usada é conhecida como Imaginação Ativa.

Trazendo esse conceito para o nosso tema, ele pode contribuir para a consciência do self. Num contexto teórico mais amplo, aqui vão algumas ideias que juntam os sentidos à Imaginação Ativa como dinâmica de autoconhecimento. Usada originalmente para ajudar a romper o bloqueio criativo de escritores, a chamada “escrita livre” é creditada por muitas pessoas como uma maneira útil de acessar o seu inconsciente. A ideia básica é que você estabeleça um limite de tempo (entre 15 e 30 minutos) e escreva, sem parar, o que vier à cabeça. Você não pode ler o escreveu até o tempo acabar e nem precisa se preocupar em corrigir o texto.

Ouvir podcasts — formato em alta ultimamente — , observar, cheirar e tatear objetos, ou degustar alimentos que você nunca provou são outros jeitos bacanas e pouco usuais de ativar a imaginação. Vale até brincar de adivinhação, privando-se de um sentido ou outro para testar o quanto você consegue identificar um alimento e/ou objeto. Sobre podcasts, com o sucesso de alguns como Serial, This American Life, Radiolab, entre outros que utilizam o storytelling como estrutura de narrativa, a ideia aqui é colocar-se em uma posição confortável, apertar o play e ser conduzido pela história. A sensação se assimila à leitura de um livro, o que difere é o sentido trabalhado com o podcast: a audição.

Serial, provavelmente o podcast mais bem sucedido de todos os tempos.

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Danilo Novais
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Content Strategist, Research & Insights. Faminto por novas ideias e boas conversas. Estou na newsletter (E)MANA: https://www.getrevue.co/profile/emana_orgulho