entre o som e o silêncioentre o dizer e o fazerentre o falar e o ouvirhá algo de inapreensível, de inefávelhá o sentir
dedico todos meus textos aos analfabetos
aos disléxicos e cegosaos dementes e bárbarosaos bêbados e gagos
aos surdos,dedico meus berros
somos todos órfãos de paifilhos sem pazatormentados pela lembrança do último dia
ela é narradoraele é personagemjuntos colocam ação nesseromance contemporâneo
ela é quem conduz a açãoele dá voz silenciosa aos diálogosjuntos constituem um discursode amor enviezado
Falar sobre livros e poesia é o meu assunto preferido. Venho falando sobre isso há um bom tempo, em tudo que faço, em lugares muito distintos…
o mundo acaba no final da ruatenho certezas dia sim dia nãodepois de lá não sei o que háalém da porta um nada cadavácuo fundamentado no passoa funda compreensão de que resta medonão sei do que nem entendoapenas
a manhã deixouuma caixa de solsobre minha cama
vamos abraçar os vivosporque os mortosesses já são muitos longe reunidosdo lado de lá
nos resta ansiar que atravessemos logoessa ponte partida no fim do diamadrugada afora rolamos…
chove há 4 mil e 42 dias e eu não tenho telhadotodas as articulações estão úmidasde palavras moídaspedras de gelo que o céu mandapara…
da janela da cozinhacontemplo o que tinhasonhos de mentirabobagens de menina