Palpites da rodada — Semana 6

A primeira leva de prêmios da temporada!

TM Warning
ZONA FA
23 min readOct 14, 2016

--

E o prêmio de melhor Estátua da Liberdade em pleno voo vai para…

Depois de cinco semanas, a temporada 2016 da NFL finalmente começa a tomar forma. Ainda é uma forma bastante turva, é verdade — a amostra ainda é pequena demais, muitas coisas bizarras acontecem que precisam ser colocadas na proporção devida (o que fazer com o Eagles perdendo do Lions, por exemplo?!), muitas coisas mudarão, e muitas ainda estão esperando para acontecer. Mas é quando finalmente começamos a colocar nossos pés em chão sólido, ainda que não seguro.

A NFL ainda tem enigmas, é verdade: Atlanta também começou muito bem 2015 antes de entrar em colapso; o time 15–1 de 2016 está 1–4 e dificilmente continuará assim; Carolina, Arizona, Chiefs e outros estão lidando com lesões chaves que podem afetar o seu futuro, e por ai vai. Muita coisa vai acontecer. Como eu sempre digo, é importante separar os fatos das narrativas, e não há problema algum em admitir que existe muito mais que a gente NÃO sabe do que a gente sabe a essa altura.

Mas isso não quer dizer que não possamos olhar para essas cinco semanas que se passaram e separar o que aconteceu de melhor e pior. E é o que nós vamos fazer: depois de cinco semanas, é hora de fazer um pit stop para distribuir os prêmios desse começo de temporada da NFL. Alguns são os prêmios reais que todos nós já conhecemos: MVP, técnico do ano, calouro do ano, etc. Outros são prêmios que eu inventei, mas que vou distribuir mesmo assim. Vocês vão me negar criar meus prêmios imaginários na minha própria coluna?! Como se atrevem!

— — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —

Para quem não conhece, essa é minha coluna semanal onde eu dou meus palpites para todos os jogos da rodada. É um formato rápido e prático de falar um pouco sobre todos os jogos e times da semana, e abordar alguns assuntos relevantes sobre o momento da NFL, a rodada passada, algum jogador, ou coisa do tipo. E, para deixar mais divertido (ou seja, para eu errar e vocês rirem de mim), eu dou também meus palpites contra o spread, uma modalidade específica de apostas.

Para conhecer mais sobre o propósito dessa coluna, ver meus palpites para a rodada 1, ou então para entender o que diabos é essa tal de aposta contra o spread, você pode ler a minha coluna da semana passada. Para ver os palpites da rodada 2, o link é esse aqui. Para os palpites da semana 3, clique aqui. Para os da semana 4, clique aqui. Para os da semana 5, clique aqui.

E por falar em spread, essa é uma boa hora de lembrar que essa coluna NÃO é um guia de em quem ou como apostar, é só uma brincadeira que eu comecei a fazer mas minhas colunas para deixar os palpites mais divertidos.

E lembrem-se, o mais importante: eu não odeio seu time só por que apostei contra eles. Sério!

Dúvidas, comentários ou sugestões? Deixe nos comentários, nos mande pelas nossas redes sociais (Twitter ou Facebook) ou mande um email para canalzonafa@gmail.com!

Nota: Spreads seguindo o consenso de Vegas no momento que eu comecei a coluna.

Palpites da Semana 6 da NFL

(Time da casa em caixa alta)

Times de bye: Vikings e Buccaneers

Melhor time da NFL: Minnesota Vikings.

Apesar de ser um ferrenho defensor do conceito de que o número de vitórias é uma péssima forma de se avaliar o real nível de um time, eu também não tenho muitas dúvidas de que até aqui na temporada o melhor time é também o único que permanece invicto. A defesa tem sido a melhor da temporada e tão dominante quanto uma defesa tem direito a ser; o ataque tem sido surpreendentemente eficiente mesmo depois de perder Adrian Peterson e Teddy Bridgewater graças a um surpreendente e espetacular começo do recém-adquirido Sam Bradford (11th em DVOA); e indo para sua semana de folga, Minnesota não só tem a melhor campanha da NFL a 5–0 como também lidera toda a NFL em DVOA. E fizeram isso apesar de uma tabela que envolveu passar por cima de Rodgers e do Packers e do atual MVP Cam Newton.

E o interessante é que, voltando do bye, Minnesota deve ter uma tabela bem mais fácil. À exceção das semanas 7 (contra o Eagles na Philadelphia), 13 (Dallas Cowboys em casa) e 16 (Packers em Green Bay) e TALVEZ da semana 11 (Arizona em casa) todos os jogos restantes do Vikings são contra times que eu hoje colocaria como sendo abaixo da média da NFL, incluindo dois jogos contra o 1–4 Bears, um contra o 1–3 Jaguars, um contra o 2–3 Colts e dois contra o 2–3 Lions. Vai ser interessante ver se Minny consegue terminar a temporada com a mesma força que começou rumo a uma folga na primeira rodada dos playoffs.

Broncos sobre CHARGERS
Broncos (-3.5) sobre CHARGERS

Defensive Player of the Year (Jogador defensivo do ano): Von Miller

Com JJ Watt (o melhor defensor dos últimos 20 anos na NFL) fora da temporada com uma lesão grave nas costas — uma lesão que limitou seu desempenho mesmo quando jogou — de repente se abriu uma nova disputa pelo prêmio de melhor defensor da NFL, cujo prêmio final é… bem, este.

Nesse começo de ano, vários jogadores tem se destacado, e acho que tem pelo menos uns quatro nomes poderiam levar esse prêmio. Por enquanto, fico com Miller, o melhor jogador de uma defesa de Denver que é 4th em DVOA na temporada. Miller não só é #2 da NFL em sacks com 6.5, uma estatística importante, mas é difícil achar um jogador que esteja sendo mais dominante naquela faixa do campo. Além de ser um dos melhores pass rushers da liga, Miller tem sido também uma das mais dominantes forças da liga contra o jogo terrestre, talvez o melhor entre linebackers na NFL com a possível exceção de Zach Brown… e além disso, Von Miller também é excelente voltando para a cobertura. Na temporada até aqui Miller foi para a cobertura em 23 jogadas de passe, a segunda melhor marca entre os principais pass rushers da NFL atrás somente de Jerry Hugues. Sua versatilidade e excelência em tantas áreas é a força motriz por trás da excelente defesa de Denver, e por isso Miller tem meu voto.

BILLS over 49ers
49ers (+8) sobre BILLS

Começo mais confuso de temporada: Buffalo Bills

Antes da temporada, eu estava confiante que o Bills teria uma boa temporada. Seu ataque tinha sido muito bom em 2015, e uma queda brutal da sua defesa fora o grande problema da equipe. Ainda que alguma regressão ofensiva fosse esperada, eu também não achava que a defesa continuaria ruim por muito tempo.

Mas isso foi antes de múltiplas lesões destruírem a equipe mesmo antes da temporada começar. Em meio a tantas lesões e perdas importantes, o Bills começou sua temporada com duas derrotas doloridas, demitiu seu coordenador ofensivo, e parecia rumar a uma temporada perdida…

… até que venceram Arizona convincentemente, mantiveram New England no zero fora de casa, e venceram o Rams rumo a um 3–2 e só uma vitória atrás do topo da AFC East. Dai você lembra que Arizona talvez não seja tão bom assim, que New England tinha Jacoby Brissett de QB titular, e que o Rams não é um time bom, que o calendário foi bem favorável… mas ao mesmo tempo Buffalo é 8th em DVOA (que ajusta pela força dos adversários) e aparece como acima da média em todas as áreas do jogo.

Por isso tudo o começo de ano do Bills é tão confuso e difícil de colocar em contexto. Nós temos times difíceis de entender como Arizona e Carolina por estarem muito opostos às nossas expectativas iniciais, mas podemos tratar isso: avaliar o que está acontecendo de errado com eles, cruzar com nossas expectativas, e apontar os problemas. Com o Bills eu sequer sei por onde começar: eles deveriam ser bons ou ruins no papel? Eles tem sido bons ou não durante a temporada? É tanta variância e confusão que fica difícil fazer uma análise boa. O tempo nos trará mais informações em cima das quais faremos uma avaliação mais precisa, mas estou começando a achar que o Bills talvez seja… *gulp*… bom!

Sobre San Fran, o time enfim tomou a decisão óbvia que demorou seis semanas para sair: escalar Colin Kaepernick de titular, que apesar da má fase de 2015 tem no seu currículo anos como um titular de alto nível. Eu não sei se Kap vai ser sombra do QB que foi em 2012/2013, mas direi o seguinte: o ataque de Chip Kelly está gerando MUITAS boas opções de passe e jogadas explosivas. O problema é que Gabbert tem sido absolutamente incapaz de acertar os passes e aproveitar essas linhas de passe. Kap, no papel, é uma opção muito melhor para o esquema do técnico. Ainda é incerto demais o que vai sair dessa mudança, mas era algo que deveria ter acontecido muito tempo atrás.

Eagles sobre REDSKINS
Eagles (-2.5) sobre REDSKINS

Offensive Rookie of the Year (Calouro ofensivo do ano): Carson Wentz

Entre Dak Prescott, Carson Wentz e Ezekiel Elliott, a corrida pelo calouro ofensivo do ano parece bem promissora. E apesar dos três terem um caso para vencer o prêmio nesse começo de temporada, eu fico com Wentz porque Elliott e Prescott se beneficiam de duas coisas que Wentz não tem: um ao outro (o ataque terrestre do Eagles é apenas 15th em DVOA), e a melhor linha ofensiva da NFL. Esse último ponto é, para mim, o mais importante: é surreal a quantidade de tempo que Prescott tem e os espaços que Elliott tem para correr sem a presença da defesa (Elliott tem mais jardas terrestres ANTES do contato que o Jaguars tem jardas terrestres totais na temporada, o que eu não sei se diz mais sobre a linha ofensiva de Dallas ou sobre Jacksonville), e isso tem sido de uma ENORME ajuda para os calouros. O que não digo, de forma alguma, para diminuir o que os calouros do Cowboys tem feito, mas o fato de Wentz ter feito tanto quanto sem essa grande ajuda e com uma responsabilidade individual bem maior sobre os ombros é um diferencial nos meus olhos.

Além disso, não é só pelo resultado, e sim por como tem acontecido. Wentz tem mostrado uma pose e uma inteligência muito além do esperado em quadra, reconhecendo defesas, mudando jogadas, fazendo as leituras certas e fazendo passes que poucos na liga conseguem. No fim do dia, Wentz simplesmente tem me parecido o melhor dos três nesse curto começo de ano.

Além disso, apesar de todos os elogios que Wentz merece, recomendo não ignorar a defesa de Philly, que tem secretamente sido uma das melhores desse começo de temporada atrás de uma linha defensiva extremamente dominante. Tem sido um fator tão grande quanto o ataque para o sucesso de um time que é #2 em DVOA no ano até aqui.

Ravens sobre GIANTS
Ravens (+3) sobre GIANTS

Jogo mais medíocre da rodada: Giants vs Ravens

Esses dois times são tão medianos que é difícil achar algo particularmente interessante para falar sobre eles. Embora isso se de por motivos diferentes: o Giants é um time absolutamente medíocre em todas as frentes: seu #18 em DVOA é composto por um #19 em ataque, #19 em special teams e #16 em defesa. Não são horríveis em nada, mas também não são particularmente bons em nada.

O Ravens talvez seja o oposto: apesar de um próximo #15 em DVOA, a composição desse resultado é muito mais irregular: Baltimore tem o a quinta melhor defesa da liga, mas o sexto pior ataque e é apenas #20 em special teams. Não à toa é o time com a terceira maior variância da NFL em termos de DVOA… e talvez não seja uma coincidência o fato de que todos os jogos do Ravens foram decididos por uma posse de bola apenas. Eu apenas acho que eles são um poooouco melhores que seus adversários dessa semana, e a entrada de Terrance West como titular do time parece ter dado nova vida ao ataque terrestre da franquia.

TITANS sobre Browns
TITANS (-7) sobre Browns

Unidade que secretamente está afundando um time: Special Teams do Titans

De acordo com DVOA, o Titans não é um time tão ruim — na verdade, eles estão acima da média tanto em ataque como defesa. O que tem afundado a equipe são seus special teams: segundo DVOA, o Titans não só tem o PIOR grupo de especialistas da temporada até aqui, como não é nem perto. DVOA estima que o special teams do Titans foi 12,3% pior que o ST médio da NFL (ajustado por uma série de fatores), enquanto que o segundo pior (Cleveland) foi apenas 8,3% pior que a média.

Números bem ruins, e não é difícil entender por que: o Titans é de longe o time que mais sofreu com retornos de punt na temporada, inclusive cedendo dois touchdowns; tem feito um trabalho bastante fraco retornando seus próprios punts; e o time ainda tem a terceira pior média de distância em kickoffs de 2016. E o interessante é que esses números ainda estão tão péssimos apesar do ST do Titans ser o sexto mais beneficiado do que o Football Outsiders chama de fatores “ocultos”, aqueles fatores que estão além do controle da própria equipe: erros não forçados de FGs/XPs adversários, distância média de kickoffs adversários, etc. Tem sido realmente uma unidade muito ruim.

Ainda assim, a evolução do Titans passa pela evolução de Marcus Mariota. Eu não vou bater mais nesse cavalo morto, mas o havaiano vem do seu melhor jogo na temporada… e ainda é o quarto pior da liga em DVOA. Mariota vai ter que produzir mais consistentemente se o Titans quer dar o próximo passo, e eu defendo que Tennessee precisa parar de colocá-lo no esquema morfético do Mike Mularkey e enfim construir um esquema tático que favoreça suas forças se quiser que isso aconteça.

Steelers sobre DOLPHINS
Steelers (-7.5) sobre DOLPHINS

Garbage Time MVP: Ryan Tannehill

Ano passado, eu comentei várias vezes durante o ano que Blake Bortles era o MVP de Garbage Time da NFL (como é chamada aquela parte onde o jogo já está decidido e só serve para acumular estatísticas contra reservas), o jogador que não estava jogando bem, não estava ajudando seu time a vencer, mas que acumulava muitas estatísticas fáceis em jogos já perdidos e inflava seus números para parecerem melhores. Então não foi uma surpresa minha olhar os números recentemente e descobrir que eu estava certo: 18,3% das jardas aéreas e 20% dos touchdowns de Bortles em 2015 vieram em situações de garbage time (segundo tempo perdendo por mais de duas posses de bola). Seu QB Rating nessas situações foi de 129,7. Em situações “normais” de jogo esse número foi 82,2.

Então eu fiquei curioso para ver quem eram os principais jogadores que estavam acumulando estatísticas em garbage time. E o nome no topo da lista é um velho conhecido: Ryan Tannehill.

Nessa temporada, Tannehill tem incríveis 24,7% de suas jardas aéreas vindo em garbage time (a maioria deles vindo na derrota para New England na semana 2 depois que o Patriots abriu 24 a 0 no primeiro tempo), e 2 de seus 6 touchdowns.

E isso não é uma novidade para Tannehill, que na verdade esteve até acima de Blake Bortles em 2015 na lista dos reis do garbage time: ano passado, 22,2% de suas jardas e 25% de seus touchdowns vieram nessas situações, com rating de 93,9 (contra 82.7 em situações “normais”). Será que é uma coincidência que em QBR — uma estatística que ajusta por situações de jogo — Tannehill é o segundo pior QB da temporada, depois de ser o sexto pior de 2015? Eu arriscaria que não.

Panthers sobre SAINTS
Panthers (-2.5) sobre SAINTS

Decepção da temporada: Carolina Panthers

Eu não acredito que o Panthers seja tão ruim quanto parece, ou quanto sua campanha de 1–4. Ainda assim, para um time vindo de uma campanha de 15–1 e uma visita ao Super Bowl, isso é bem mais do que uma pequena queda — é pular penhasco abaixo abraçado com Derek Anderson. Ainda assim, eu duvido que o time continuará nesse ritmo de 3–13 durante muito tempo.

A meu ver, tem dois motivos principais para o começo de ano desastroso do Panthers. Um deles é azar, puro e simples: vários jogadores importantes começaram o ano lidando com lesões, como por exemplo Michael Oher, Jonathan Stewart e, mais importante, Cam Newton: as lesões do atual MVP não só tiraram Cam do jogo da semana passada (e, em uma derrota péssima por 3 pontos para o Bucs, eu apostaria que ter Newton ao invés de Derek Anderson teria influenciado o resultado) como limitaram sua eficiência nas primeiras semanas em meio a lesões menores. O Panthers também perdeu um jogo na semana 1 em um FG errado de Graham Gano nos segundos finais — se esse FG vai mais para o lado e Newton não sofre a concussão, o Panthers poderia perfeitamente estar 3–2 e não estaríamos em pânico nesse momento… e isso antes de lembrar que Carolina enfrentou o quarto calendário mais difícil da NFL até o momento, com jogos fora de casa contra Falcons e Broncos e uma derrota em casa para o invicto Vikings. É cedo demais para escrever o epitáfio do Panthers.

O outro motivo é menos animador. Em 2015, a excelente campanha do Panthers foi ajudadas por diversos fatores que pouca gente esperava antes da temporada, e que pareciam bons candidatos a regressão: uma linha ofensiva muito questionável teve uma excelente temporada, a secundária com poucos grandes nomes se segurou muito bem (ajudada por um ótimo ano do agora-um-Redskin Josh Norman), um grupo de WRs muito fraco no papel após a lesão de Kelvin Benjamin acabou tendo um grande ano. E esse ano parece que todos esses fatores regrediram da forma mais brusca possível: à exceção de Greg Olsen todos os recebedores que tiveram bons anos em 2015 parecem ter despencado de produção; a linha ofensiva tem sido um buraco só e não parece sombra da unidade dominante do ano passado, e a secundária sentiu bastante a saída de Josh Norman. É suficiente para transformar um time 15–1 em um 1–4? Não. Mas, uma vez retirados os fatores aleatórios e de azar que estão afetando o desempenho de Carolina na temporada, ainda sobre alguns fatores reais.

Newton, Ron Rivera e o Panthers já superaram adversidades antes e fizeram por merecer nossa confiança em uma volta por cima. Vamos ver se conseguem mais uma vez.

BEARS sobre Jaguars
BEARS (-2.5) sobre Jaguars

Defensive Rookie of the Year (Calouro defensivo do ano): Jalen Ramsey

Embora o calouro mais dominante da temporada até aqui seja outro cornerback Rashard Robinson, escolha de terceira rodada de San Francisco, lidera toda a NFL em jardas cedidas por snap (0,33) e só cedeu 4 recepções para 31 jardas com uma interceptação na temporada — é difícil não dar esse prêmio para Ramsey, que jogou o dobro de snaps que Robinson até aqui no ano. Embora Ramsey não esteja sendo tão dominante assim, o calouro do Jaguars tem sido uma consistente presença tanto no jogo aéreo como no jogo terrestre, alinhando seja de CB, seja de safety, ou mesmo em alguma função híbrida (cada vez mais comum na NFL), e tem sido uma força importante por trás de uma defesa que muito evoluiu em 2016 e hoje é #10 em DVOA.

O problema é do outro lado da bola, onde o ataque do Jaguars é o quinto pior (em DVOA) da NFL, e um desastre tanto pelo ar como pelo chão. Blake Bortles continua jogando mal (25th em QBR) e dependendo demais de seus WRs ganhando bolas disputadas ou jardas após a recepção (o TD de Allen Hurns em Londres sendo o último exemplo), e o ataque terrestre não consegue encurtar conversões nem conseguir grandes ganhos terrestres (a corrida mais longa dos RBs do time foi para 15 jardas).

Chicago não é um bom time também, mas ele parece um matchup ruim para Jacksonville: seu ataque terrestre mudou da água para o vinho com a entrada de Jordan Howard de titular (e é o ponto fraco da defesa do Jaguars), e o muito underrated Brian Hoyer melhorou consideravelmente o jogo aéreo do time desde que virou titular. Me parece o tipo de jogo que Chicago vai conseguir controlar pelo chão, e a inabilidade do Jaguars em fazer o mesmo vai colocar uma pressão grande em Bortles para vencer o jogo com o braço, o que não é uma coisa boa.

LIONS sobre Rams
LIONS (-3) sobre Rams

Começo mais enganador de temporada: Los Angeles Rams

Los Angeles começou o ano 3–1 e agora senta em 3–2, mas não é difícil identificar o quão estranho foi esse início. Suas três vitórias realmente não convencem: um 9–3 sobre Seattle antes do Seahawks encontrar seu jogo; um 17–13 sobre Arizona que envolveu um TD longo em uma falha da defesa, a lesão de Carson Palmer e um TD depois de um turnover de Drew Stanton dentro da própria red zone; e uma vitória sobre o Bucs por 37 a 32 que envolveu dois TDs longos em falhas de marcação da defesa, um TD defensivo de 77 jardas (retorno de fumble), e o Bucs ainda perdeu a chance de vencer nos segundos finais graças a um péssimo controle do relógio. Não só são três vitórias pouco convincentes, como os leitores mais antigos também perceberão que todas foram por uma posse de bola apenas, jogos que são estatisticamente comprovados que os times tendem a vencer apenas 50% das vezes.

Então o Rams não é um time bom apesar da campanha. Seu DVOA é #25 na NFL, seu ataque é o segundo pior da liga, e Case Keenum tem o pior QBR entre todos os QBs qualificados da NFL. O melhor que pode ser dito a favor do futuro do Rams é que o calendário está a seu favor: Lions e Giants antes do bye, depois Carolina (que não é ruim como parece mas ainda está 1–4), o 1–4 Jets, o 1–4 Dolphins e o 1–4 Saints antes de enfrentar New England. Mas com esse ataque, nem isso pode ser suficiente para salvar a temporada do Rams e evitar outro ano 7–9 sob Jeff Fisher.

RAIDERS sobre Chiefs
RAIDERS (-1) sobre Chiefs

Melhor técnico tomando decisões: Jack Del Rio

Quando falamos no trabalho de um técnico na NFL, tem dois lados que precisamos considerar. O primeiro é o trabalho que acontece no dia a dia: montando o esquema de jogo, preparando seus planos para cada semana, desenvolvendo jogadores, e etc. É o trabalho mais importante, mas também o mais difícil de se analisar dia a dia porque vemos apenas o resultado final, e não o processo e o papel do técnico em atingir esse resultado. E como nesse aspecto de ser um HC existe alguém que reina supremo (guarde essa ideia), eu não consigo dar o prêmio de técnico do ano para o Jack Del Rio.

Mas no segundo aspecto, que é a tomada de decisões dentro dos jogos de forma a maximizar as chances do seu time? É difícil achar alguém que tenha feito mais a diferença nesse aspecto que Jack Del Rio. Técnicos na NFL são irritantemente conservadores, sempre tomando suas decisões para não perder (e, possivelmente, preservar seu emprego) ao invés de tomar a decisão que aumenta suas chances de ganhar. Del Rio tem sido a exceção: nenhum time tem sido mais agressivo buscando os pontos que o Raiders, e isso tem se refletido diretamente na boa campanha de 4–1 da franquia.

Na semana 1, o Raiders ganhou com uma 2pt conversion nos segundos finais ao invés de chutar o extra point para levar o jogo para a prorrogação, uma decisão que eu já mostrei aqui ser estatisticamente correta. Na semana 2, uma decisão de tentar uma quarta descida dentro da linha de 2 jardas transformou o que seria um FG de 19 jardas em um touchdown de Michael Crabtree (ganhando 4 pontos no processo). Na semana 4, o Raiders foi mais uma vez agressivo em quartas descidas, buscando (e convertendo com uma falta) uma 4th and 1 na linha de 20 jardas do campo adversário onde a maior parte dos times teria chutado um FG e se contentado com os 3 pontos onde o Raiders acabou ganhando 7 com sua decisão agressiva em um TD de Amari Cooper. E, embora Del Rio quase tenha entregado o jogo da semana 5 sendo conservador no primeiro tempo do jogo contra San Diego chutando um FGs da linha de 2 jardas, ele ajudou seu time a recuperar e virar o jogo sendo novamente agressivo no segundo tempo, tentando e convertendo uma quarta descida na linha de 20 do campo de ataque que virou um TD para Michael Crabtree, e ainda por cima indo para a conversão de dois pontos na sequência, o que impediu que o Chargers ganhasse o jogo um quarto depois com um field goal. Se você está contando, são CATORZE pontos extras que o Raiders gerou com essas decisões agressivas, e quando você lembra que as vitórias da equipe esse ano foram por 1, 7, 1 e 3 pontos, não é difícil entender a relação dessas decisões de Del Rio com a campanha de 4–1 que o Raiders tem nesse começo de ano.

PATRIOTS sobre Bengals
PATRIOTS (-9) sobre Bengals

Coach of the Year (Técnico do ano): Bill Belichick

Mas Del Rio não pode vencer o prémio de COY por que existe Bill Belichick, que fez um trabalho espetacular mantendo seu Patriots 3–1 no começo de temporada mesmo sem Gronkowski (machucado), Tom Brady (suspenso), Rob Ninkovich (suspenso) e metade da linha ofensiva. À exceção do jogo contra o Bills, onde Rex Ryan conseguiu forçar o calouro Jacoby Brissett a vencer o jogo(e ele não conseguiu), New England deu uma aula de tática e preparação, atacando cada fraqueza do adversário e colocando seu time baleado nas melhores posições para vencer cada jogo e tirar o máximo de suas habilidades. Não é uma coincidência que New England começou o ano 3–1… nem que está 17–6 nos jogos sem seu QB Hall of Famer desde que Brady assumiu a titularidade em 2001. Não existe nenhum time tão bem treinado na NFL quanto o Patriots.

By the way, o Bengals não é um bom time de futebol americano nesse momento: sua defesa sente falta de Mike Zimmer, e seu ataque (que é o pior da NFL na Red Zone) sente ainda mais de Hue Jackson, Marvin Jones e principalmente Tyler Eifert. Não é um time confiável.

PACKERS sobre Dallas
PACKERS (-4) sobre Dallas

Unidade mais underrated da NFL: defesa terrestre do Packers

O Packers, apesar de Aaron Rodgers e todo seu talento, não tem sido nem de longe o time que esperávamos antes da temporada — pelas minhas contas o time tem UM tempo de futebol americano realmente dominante na temporada até aqui. O resto foi eficiente, serviu para vencer 3 jogos em 4, mas foi longe de ser da melhor qualidade. Mas, por ser o Packers e por estarmos tão acostumados a eles serem bons, isso tem chamado menos atenção.

Mas tem uma unidade que não tem recebido o devido crédito, que é a defesa terrestre do Packers, ancorada pelas temporadas fantásticas de Nick Perry e Mike Daniels. Não é só que o Packers tem cedido a menor quantidade de jardas por corrida da temporada até aqui (1,99 jardas por corrida) — essa é a melhor marca da HISTÓRIA da NFL para os primeiros quatro jogos. Provavelmente é um exagero afirmar que essa defesa é a melhor dessa maneira dado contexto histórico (uma época menos propensa a corridas) e a falta de qualidade dos ataques terrestres enfrentados (Giants, Lions e Jaguars), mas ainda assim 1,99 é um número extremamente impressionante e que vai oferecer um desafio dos mais interessantes para o fantástico Zeke Elliott essa semana quando Green Bay recebe o surpreendente Cowboys. Talvez meu jogo favorito da rodada, tirando o próximo da lista.

SEAHAWKS sobre Atlanta
SEAHAWKS (-6.5) sobre Atlanta

Most Valuable Player (MVP): Matt Ryan

Nesse momento, não existe um jogador na NFL que esteja jogando melhor do que Matt Ryan: depois de cinco semanas, o líder do melhor ataque da NFL completou 69% de seus passes, com 12 TDs e só uma interceptação, com 10,4 jardas por passe e um QBR de 87,6. Ryan lidera a NFL em quase todas as estatísticas possíveis para um QB: jardas totais, jardas por passe, jardas líquidas por passe (contando sacks), rating, QBR, DVOA, DVYR (a versão cumulativa de DVOA)… você decide (só TDs e % de passes que ele não lidera. Ele é #2 em ambas). Tem sido uma performance realmente histórica do QB de Atlanta.

Claro que essa performance não é sustentável ao longo de um ano inteiro, mas não é como se ela fosse uma aberração também: Matt Ryan tem sido um bom QB durante toda sua carreira com alguns anos espetaculares no meio e que vinha sendo vítima do declínio de seu elenco de apoio, com uma fraca linha ofensiva, sem jogo terrestre e apenas Julio Jones como um bom alvo para receber seus passes desde a aposentadoria de Tony Gonzalez.

Mas agora o Falcons enfim colocou o elenco de apoio certo ao seu redor: a linha ofensiva melhorou consideravelmente, Devonta Freeman finalmente deu ao Falcons um jogo terrestre, e a chegada de Mohammed Sanu e a evolução de Tevin Coleman como recebedor de passes abriu novas dimensões no jogo aéreo agora que não é possível mais para as defesas simplesmente moverem três jogadores em cima de Julio Jones e viverem com as chances a partir dai. Esse cenário enfim permitiu a Matt Ryan tirar o máximo de suas habilidades, e embora ainda exista dúvidas sobre o quão bom o Falcons é como um time por causa de sua defesa, esse ataque é absolutamente legítimo e tem condições de manter um nível muito alto. E graças principalmente a seu underrated quarterback que, enfim, ganha um reconhecimento há muito merecido.

Meus motivos para escolher Seattle nesse jogo são os mesmos da semana passada para escolher Denver sobre Atlanta: eu não confio nessa defesa do Falcons contra um adversário de elite, especialmente sem Paxton Lynch do outro lado. O ataque de Atlanta pode ser legítimo, mas Seattle é um time balanceado demais, e não sei se apenas um ataque dominante será suficiente para vencer esse jogo fora de casa.

TEXANS sobre Colts
TEXANS (-3) sobre Colts

Downgrade mais caro da temporada: Brock Osweiller

Quarterback A: 60,7 %; 7.1 Y/A; 2,7 TD/INT Ratio
Quarterback B: 58,0%; 6,0 Y/A; 0,9 TD/INT Ratio

Agora tenha em mente que o Texans tinha o Quarterback A e deixou ele sair como free agent e assinar um contrato de 1 ano/2 MM com outro time, antes de pagar 72 MM em 4 anos para o Quarterback B. Eu não consigo lembrar qual foi a última vez que um time pagou tão caro por uma piora de produção dessas.

O que não quer dizer que eu não entenda os motivos que levaram o Texans a pagar por Osweiller (QB B) ao invés de manter Brian Hoyer (QB A): Hoyer é um veterano estável que dava ao time uma sólida opção mas também limitava o seu teto, boa o suficiente para vencer uma fraquíssima divisão mas não o suficiente para colocar o time como candidato ao título apesar da ótima defesa. Para isso, o time precisava de um upgrade na posição de QB, e Osweiller era uma opção que aumentava o potencial total do time.

Mas eu escrevi na época, e falei em podcast também, que as previsões que supunham uma evolução do Texans baseado em uma melhora na posição mais importante do esporte errariam feio. Em um melhor cenário, Osweiller era uma opção que aumentava o teto do time, mas ele também era um QB com pouca experiência e nenhuma base real para afirmar que ele tinha condições de ser um bom jogador ao longo da temporada, e que abaixava consideravelmente o piso da franquia. Ou seja, em contraste com a boa temporada de Hoyer, o cenário “base” de Osweiller me parecia ser uma piora para o Texans. E, embora eu não ache que Osweiller jogará tão mal assim o ano todo, suas péssimas atuações e incapacidade em utilizar suas boas armas são o principal problema por trás de um ataque que é o pior da liga em DVOA depois de cinco semanas.

Então por que escolher o Texans sobre o Colts? Porque o Colts é horrível além de Andrew Luck, e enfrentando a pífia linha ofensiva de Indianapolis a boa linha de frente de Houston deve manter Luck correndo o dia inteiro pela própria vida — nunca uma boa opção quando você quer ganhar o jogo fora de casa.

ARIZONA sobre Jets
ARIZONA (-7.5) sobre Jets

Offensive Player of the Year (Jogador ofensivo do ano): David Johnson

Minha regra para esse prêmio, para quem não conhece: o OPOY não pode ser da mesma posição que o MVP. Em outras palavras, nesse caso, não pode ser outro QB. Então eu fico com David Johnson.

Johnson tem sido o jogador ofensivo não-QB mais produtivo da NFL, inclusive liderando toda a liga em jardas totais e sendo terceiro em touchdowns. O que separa Johnson da concorrência é sua produção tanto no jogo terrestre como no jogo aéreo. Embora sua produção total não esteja no nível do líder da NFL pelo chão, Zeke Elliott, a produtividade tem sido igual: 5.0 jardas por corridas para ambos, a sexta melhor marca da NFL, totalizando a terceira maior quantidade de jardas da liga. A maior produção de Elliott vem de uma maior utilização (ou seja, mais corridas), e isso antes de incluir a questão da fenomenal linha ofensiva de Dallas. Em termos individuais, Johnson não deixa nada a desejar para nenhum RB da temporada pelo chão.

Além disso, Johnson também se destaca recebendo passes: ele é o segundo RB com mais jardas aéreas na NFL, atrás apenas de Tevin Coleman, e é o quinto RB mais acionado pelo ar na temporada, funcionando muitas vezes como uma válvula de escape para um jogo aéreo que tem precisado bastante dela. Essa combinação de eficiência e versatilidade é o que faz de David Johnson, a meu ver, o melhor jogador ofensivo não-QB desse começo de temporada.

Record Semana 5: 8–6
Record Semana 5(Spread): 8–6

Record 2016: 42–34
Record 2016 (Spread): 32–45

Fontes: Pro-Football Reference; Pro Football Focus; Football Outsiders; NFL.com; ESPN Stats.

--

--

TM Warning
ZONA FA

Blog brasileiro sobre esportes americanos. Economista de formação. Sabermetrista por paixão. Opiniões pra toda ocasião. Irritante. Às vezes sai algo que presta.