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3 min readMay 29, 2019

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Diário de Leitura #7: O Mito da Beleza, Naomi Wolf — A Violência

O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contras as mulheres foi o primeiro livro de Naomi Wolf, publicado em 1991 e relançado no Brasil em 2018. Wolf é uma escritora reconhecida por trabalhos sobre feminismo e democracia. A equipe do Más Feministas Podcast está realizando uma leitura compartilhada de O Mito da Beleza. Nesta sétima parte, comentaremos o capítulo A Violência.

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No penúltimo capítulo do livro, Naomi Wolf discute a violência do mito da beleza contra os corpos e as mentes das mulheres. Como já havíamos percebido, o mito exige que a mulher sofra para ser recompensada, seja passando fome, sendo objetificada, consumindo produtos caros ou arriscando a própria vida em procedimentos estéticos invasivos e dolorosos.

Depilação, saltos, cintas, um vestido apertado a ponto de fazer alguém desmaiar. As mulheres são ensinadas a suportar a dor de um modo que os homens provavelmente nunca serão. A Era da Cirurgia plástica, nascida nos anos 1980, tira vantagem dessa lição para minimizar as dores provocadas pelas intervenções e seguir expandindo o seu terreno. Vale lembrar que o Brasil já é uma super potência da cirurgia plástica e o líder do ranking de cirurgias plásticas entre os adolescentes. Cirurgia no nariz, lipoaspiração, implante de silicone nos seios, aumento das nádegas, rejuvenescimento vaginal e reconstrução do hímen são os procedimentos preferidos das brasileiras.

Médicos e profissionais da área de beleza parecem compartilhar um vocabulário: tratamento de beleza, receita de beleza, recuperação da pele, botox para prevenir o aparecimento de vincos. Em outras palavras, a associação entre beleza e saúde sustenta o universo das cirurgias plásticas. Um corpo dito feio é classificado como um corpo doente. Mas o que dizer quando a busca pela beleza adoece e coloca vidas em risco? O número de mulheres morrendo durante procedimentos estéticos só aumenta!

A hipocrisia do uso da “saúde” como uma fachada para a Era da Cirurgia é que a verdadeira mensagem do mito tem como objetivo que a mulher viva com fome, morra jovem e seja um cadáver bonito (Pág. 333)

Para demonstrar a complexidade das formas de violência promovidas pelo mito da beleza, Wolf retoma algumas ideias apresentadas nos capítulos anteriores. Segundo ela, a pornografia da beleza, ou seja, a erotização mobilizada para vender produtos, também é responsável por impulsionar o número de cirurgias. Já percebeu que seios operados e nus são expostos como um tomate na feira? Também podemos dizer que a qualificação da beleza profissional (quando a beleza é critério para contratações e demissões) pode exigir que uma mulher procure intervenções (geralmente dolorosas!) para mascarar os sinais de envelhecimento.

Segundo Wolf, “a dor pela ‘beleza’ é banal por se supor que as mulheres escolhem de livre e espontânea vontade” (pág. 371). Essa suposição cai por terra quando percebemos que antes de remodelar seios, barrigas e nádegas, o mito da beleza remodela a percepção de nós mesmas: é preciso que a mulher veja um monstro no espelho.

As dores provocadas pelas cirurgias parecem menos assustadoras nesse cenário. Enquanto isso, as questões estruturais que destroem a autoestima das mulheres continuam intocáveis. Afinal, a sociedade patriarcal não nos deixa esquecer que negar o chamado do mito da beleza pode trazer consequências como a rejeição e a invisibilidade.

Acredite, o mito da beleza é que precisa entrar na faca aqui!

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