Com novo braço de risco para empresas de mídia e tecnologia, Financial Times estimula inovação em negócios de nichos
FT Ventures recebeu injeção de 30 milhões de libras para investir em empresas com receitas recorrentes que atendem a segmento e público de business. Primeira aposta é o Charter, a plataforma de mídia digital e insights focada no futuro do trabalho
Depois de levantar US$ 3 milhões em 2023, o Charter abriu captação para mais US$ 1 milhão. A segunda rodada da empresa de mídia digital e insights focada no futuro do trabalho é um Simple Agreement For Future Equity (SAFE), permitindo que os investidores convertam o financiamento em capital futuramente.
Entre os mecenas, está o FT Ventures, o novo braço de risco do Financial Times para empresas de mídia e tecnologia de alto crescimento. A informação foi revelada pelo portal Axios.
A vertical funcionará de maneira independente ao FT Group, a subsidiária da holding japonesa Nikkei que inclui o Financial Times, e outras companhias do setor já adquiridas como o Business Of Fashion.
O FT Ventures recebeu injeção de 30 milhões de libras, e partir de agora assumirá o comando destes negócios.
Conforme analisou o Axios, empresas de mídia já estabelecidas no mercado estão inclinando-se para o investimento de risco como uma forma de estimular a inovação. Acrescento: também garantir outras formas de monetização em meio a uma indústria quebrada e altamente dependente da publicidade.
Para alavancar o FT Ventures, o Financial Times aposta em sua expertise na criação e no desenvolvimento de empresas com receitas recorrentes que atendem a nichos e público de negócios.
O Charter ganha dinheiro vendendo anúncios, patrocínios para eventos próprios e assinaturas de seu serviço de dados e conteúdo premium, o Charter Pro.
Lançado em 2021 pelos veteranos da mídia digital Jay Lauf, Kevin Delaney e Erin Grau, o principal boletim informativo do Charter acumulava 67.000 assinantes de e-mail gratuitos até o início do segundo semestre do ano passado, quando levantou sua primeira rodada. Hoje, este número é superior a 100 mil.
A newsletter é enviada por meio de uma plataforma de propriedade da The Information — a empresa de assinaturas e notícias de tecnologia — que fornece acesso a dados e oportunidades promocionais cruzadas.
Na semana passada, mostrei como a Minute Media tem sido uma exceção no cenário colapsado da mídia. Pela primeira vez, o unicórnio do conteúdo esportivo tornou-se lucrativo no último trimestre.
Com mais de US$ 250 milhões arrecadados nos últimos anos, a companhia entrega tecnologia, distribuição e direitos de conteúdo para seu ecossistema de marcas.
Os modelos alçados a partir de 2010 não funcionam mais porque dependem da monetização do acesso ao conteúdo (produção) ou da venda de espaço publicitário (distribuição).
Em comum, FT Ventures e Minute Media encontram nos nichos combustível para rentabilizar a máquina da mídia com suporte da inovação. E, claro, com um confortável colchão financeiro para fazer o negócio rodar.
As quebras em sequência de grandes conglomerados e marcas nos últimos anos repeliu o capital privado deste mercado. Será o momento para um retorno gradativo e ponderado?
Como retomar a qualidade dentro de um modelo de negócio sustentável?
Analista de mídia sob a ótica da inovação diz que há um “impulso em direção à qualidade” sustentado pelos conteúdos de nichos, o que reforça o aumento de empresas menores e mais enxutas
Trouxe o case Mundial para explicar como funcionará o negócio das editorias de nicho
Tradicional publicação de cultura e lifestyle de futebol prioriza assinaturas e construção de comunidades por meio de boletins informativos e tráfego direto. A escalada mira crescimento orgânico através de conexões diretas em vez de visualizações de página dentro de seu canal no Discord
Contei sobre a queda da Pitchfork, mais uma a integrar lista de negócios de mídia que tornam-se insustentáveis financeiramente por não encontrar a receita da monetização na era do conteúdo abundante e gratuito
Em uma época em que a Rolling Stone já exercia uma influência notória, a Pitchfork conquistou seu devido espaço movida por suas críticas obsessivas, audaciosas e muitas vezes desagradáveis. Em 28 anos, distribuiu um 10 para álbuns lançados somente 11 vezes, conforme lembrou Casey Newton
Para o blog Decential Media, a decisão tomada pela Condè Nast , que adquiriu a marca independente em 2015, derruba uma das balaustradas da era da música na Internet ( e uma das últimas do género)
Detalhei sobre a crise no grupo da Sports Illustrated e como o legado do ícone do jornalismo esportivo está sob ameaça
Arena Group, que tinha adquirido a licença para gerir a publicação até pelo menos 2029, abdicou da propriedade por causa de dívida. ABS procura nova editora para “garantir pilar de mídia apoiado por anúncio.” Fechar a conta e gerar rendimentos dentro da máquina de mídia gratuita, que é remixada, distribuída por algoritmos e gerada infinitamente, tornou-se inviável
No ano passado, a The Block Point apresentou o conceito mídia de luxo: membros que pagam pelo espaço x anunciantes que pagam pelo alcance
O próximo negócio deste setor será sustentado por uma história de comunidade e patrocínio. A relação deficitária NY Times X The Athletic mostra por que a monetização via acesso e publicidade estagnou
Em maio passado, a The Block Point analisou detalhadamente a crise da mídia a partir da quebra da Vice e alertou: derrocada acontecia na sequência de quebras no setor, expondo saturação do modelo de alcance e cliques. Contra ditadura algorítmica, formato centrado na comunidade pode ser bote de resgate desta indústria
O pedido de falência é resultado de um período desafiador para muitas empresas de tecnologia e mídia que vêm cortando custos para sobreviver a um mercado publicitário fraco em meio à desaceleração do crescimento econômico
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