“Bone Black”: hooks e algumas memórias da infância

Resenha de Bone Black: Memories of Girlhood, por bell hooks

Carol Correia
Revista Subjetiva
2 min readApr 27, 2020

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Retirado de Rebel Women Lit

Bone Black: Memories of Girlhood é uma autobiografia de bell hooks, em qual a mesma narra algumas memórias de sua infância. Sua escrita é poética, diferentemente da maioria de suas obras. A mudança da forma de escrever me causou certa dificuldade, pois não tenho o hábito de ler poesia, mas é agradável conforme você continua a leitura.

As memórias são trazidas de forma não-linear, quase randômicas. Dessa forma, ela nos oferta lembranças meio borradas de sua meninice. É bonito ver seu amor aflorar por seu avô, Papa Gus, assim como sua ligação com sua mãe. É preocupante como a mesma fala sobre a frequência de pensamentos suicidas e como diziam a ela que “ela ia enlouquecer, ir ao hospício e ninguém a visitaria lá”.

Enquanto alguém que já possuiu tais pensamentos e possui igual medo de uma possível solidão, eu me sinto mais apegada a pessoa de Gloria Watkins. Mas ainda é triste como a mesma se sentiu desamparada tão nova.

É interessante quando ela fala de sua amiga que não estuda e o papel da igreja em sua vida. O divino é algo que comove hooks — e é perceptível em suas obras isso. Sua ânsia por ler. Talvez o mais interessante seja como ela sutilmente aponta problemas sociais sem precisar os nomeá-los e os repudiá-los; a menção já é o suficiente.

Não tenho certeza se gostei de Bone Black ou não. A obra me deixou entrar em contato com o íntimo de Gloria Watkins, mas suas lembranças muitas vezes são muito confusas de absorver.

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Carol Correia
Revista Subjetiva

uma coleção de traduções e textos sobre feminismo, cultura do estupro e racismo (em maior parte). email: carolcorreia21@yahoo.com.br