Realizando um Discovery: Parte 3

Luna Cesero
7 min readMar 1, 2023

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Pesquisas: Aplicação e Facilitação

PESQUISAS E DADOS OBTIDOS

Qual a Importância de Realizar Pesquisa?

Quando se parte diretamente para a solução, sem antes entender melhor o problema que ela ataca, existe o risco de que a oportunidade correta não esteja sendo atacada e que a solução não traga o resultado esperado.

Ou seja, para atacar as oportunidades corretas, é necessário dedicar um tempo com pesquisas, que podem ser:

  • Pesquisa de Mercado
  • Benchmark com concorrentes diretos ou indiretos
  • Análise de dados de uso do produto
  • Pesquisa qualitativa
  • Entrevista com os usuários
  • User Reviews e chamados no suporte

Tipos de pesquisas x Problemas a serem entendidos

A seguir, relaciono os tipos de pesquisas e o que cada uma delas busca enteder.

Pesquisa e Entrevista

  • Como os usuários resolvem o problema hoje? Qual alternativa utilizam? Utilizam produtos/serviços de algum concorrente ou uma solução do mundo analógico?
  • Quais são suas dores e como fazem para minimizá-las?
  • Como, de fato, seu produto é usado pelo usuário? Será que usam da forma como foi pensado ou estão usando de uma forma que não era esperada?
  • O que os usuários mais gostam no seu produto? E do que não gostam? Por que seu produto foi escolhido ao invés do produto do concorrente?
  • O que é comentado sobre seu produto nas reviews das lojas e nos emails de suporte? Qual feature ou problema mais demanda ajuda do atendimento ?

Pesquisa de Mercado e Benchmarking

  • Quantos usuários o problema atacado afeta?
  • Como o mercado resolve esse problema hoje?
  • Como seus concorrentes (diretos e indiretos) atuam frente a isso?
  • Como esse problema é resolvido em outros países?
  • O que essas soluções ensinam e que pode ser aplicado ao produto?

Análise de dados do uso do seu produto

A partir das informações obtidas em ferramentas (como: GA, Amplitude, Mix Panel, HotJar, etc) e banco de dados, pode-se descobrir:

  • Como os usuários estão usando o produto ?
  • Onde eles estão abandonando a jornada? Como estão os funis de conversão?
  • Existem pontos frequentes de melhoria no onboarding e nos eventos de ativação?
  • Como os melhores usuários usam o produto? É possível replicar esse comportamento?

Triangulação de Dados

É a união entre dados quantitativos e qualitativos obtidos: as duas metodologias se complementam, assim, a triangulação é a estratégia que utiliza diferentes métodos e fontes de informação para responder à um mesmo questionamento.

As entrevistas revelam os motivos do problema existir e as métricas e os padrões de comportamento possibilitam encontrar oportunidades para solucionar o problema.

A definição do método de pesquisa depende das informações pré-existentes e do momento do produto:

  • Já existem métricas e padrões de comportamento mapeados: deve-se realizar pesquisas qualitativas para compreender os motivos de as pessoas terem realizado certas ações ou tomado algumas decisões dentro do produto.
  • Produto novo (não existem métricas, não se tem conhecimento da base de usuários, nem se conhece a fundo o seu comportamento): inicialmente, se realiza pesquisas qualitativas — testes de conceito e entrevistas, para entender o que abordar, e então, possibilitar a realização de pesquisas quantitativas — ex: elaboração de perguntas em um questionário a ser disparado, abordando os problemas e dores encontrados.

Você pode conhecer um pouco mais sobre tipos de pesquisas qualitativas e quantitativas clicando aqui.

FACILITANDO DINÂMICAS

Qual o papel de um facilitador?

Ser um facilitador consiste em conduzir as pessoas durante as dinâmicas para que elas consigam obter o melhor de si, tanto individualmente, quanto coletivamente. Como Product Designer, é importante saber que as dinâmicas realizadas buscarão resolver uma dor existente.

1. Entenda o contexto e a equipe

Defina as dores que deverão ser atacadas durante a dinâmica e as oportunidades encontradas para abordá-las.

Busque conhecer os participantes da dinâmica, para entender qual a melhor forma de se comunicar para extrair as melhores ideias e aprendizados durante a dinâmica. Seja empática e genuína ao se comunicar com os participantes, independente da comunicação estabelecida.

2. Planeje sua dinâmica

Estruture a dinâmica em etapas e processos, pensando nas possibilidades de condução. É importante estabelecer:

  • Quais ferramentas serão necessárias para executar a dinâmica (papel, canetas, post-it)
  • Como os participantes serão recebidos (lanche, dinâmicas de quebra-gelo) e como será comunicação feita aos os times
  • Como explicar a dinâmica proposta e o tempo disponível para isso
  • Qual metodologia será utilizada (traga exemplos para explicar)
  • Como as equipes serão montadas
  • Como alinhar expectativas e como atingir os objetivos
  • Como abordar e conduzir as equipes para que não percam o foco

3. Metodologias Possíveis

Para a ideação de uma solução, diferentes metodologias podem ser utilizadas, como:

  • Brainstorms: método que ajuda a gerar um grande número de ideias rapidamente, sem restrições e com ênfase em sair da zona de conforto. É importante que não hajam críticas ou julgamentos, a fim de permitir o surgimento de ideias inovadoras e expandir as opções de solução.
  • Sessões de rabisco: ideação focada em representação visual de uma ou mais ideias de solução, busca entender como a solução se apresenta dentro da cabeça de cada um dos participantes da dinâmica.
  • Design Sprints: estrutura de workshop que condensa todo o processo de design em um curto período de tempo. Divide-se em 5 etapas, realizadas no período de uma semana, são elas: entendimento das oportunidades, entendimento dos usuários, exploração de possibilidades, desenvolvimento de protótipo e teste do protótipo.

Dicas Finais

  • Execute seu planejamento buscando trazer o foco dos times sempre para a solução da dor inicial. Ao fim da dinâmica, analisem as soluções propostas e quais são mais viáveis ou que podem ser mais amadurecidas em relação ao seu desenvolvimento.
  • Colha feedbacks sobre o sucesso e condução da dinâmica. Você se tornará uma boa facilitadora com a prática, entendendo seus pontos fortes e buscando aprimorar os pontos de melhoria apontados pela equipe.

ORGANIZAÇÃO DE DADOS

Como posso organizar os dados obtidos nas pesquisas?

Após a realização das pesquisas, é importante organizar todas as informações coletadas para obter o aprendizado de todos os dados obtidos.

Todos os artefatos encontrados (post-its, anotações, planilhas, gráficos, vídeos, fotos, áudio) devem ser reunidos em um só ambiente (seja físico, em um mural ou parede ou virtual, em um board colaborativo como o Miro).

Existem diferentes frameworks para essa organização, são eles:

  • Mapa de afinidades (códigos e tags anotados em post-its são divididos em diferentes colunas, de acordo com os temas abordados. Ex: atenção, decisão, pontos de dor, sugestão, necessidade, pontos positivos, pontos negativos. Depois, essas colunas devem ter os post-its relacionados em grupos, avaliando o assunto abordado em cada grupo e nomeando cada grupo)
  • Mapa de empatia (organiza os pensamentos e ações do usuário dentro de um contexto: o que o usuário pensa, sente, ouve, vê, fala e faz, quais são suas dores e necessidades)
  • Personas (representação de segmentos de usuários, baseados em dados qualitativos e quantitativos encontrados durante as pesquisas)
  • Jornada de uso (mapeamento de interações ao longo do fluxo do usuário dentro de um produto: canais, artefatos, dores, motivações)
  • Card de Aprendizados (mapear hipóteses, evidências/observações, aprendizados/insights e ações/decisões)
  • Javelin (mapeamento de experimentos realizados e o que foi aprendido a partir deles)

EXTRA: PARKING LOT

O que é?

Parking Lot é uma técnica para otimizar o tempo de reuniões, armazenando idéias e assuntos que não são pertinentes para o momento, mas possuem potencial de discussão/desenvolvimento, em diversos post-its num espaço reservado.

Como Aplicar?

Inicialmente, tenha o objetivo da reunião definido, assim como a pessoa que será responsável por ser o facilitador.

Durante a reunião, o facilitador deve questionar sempre que perceber que o assunto que está sendo abordado não condiz com o objetivo da reunião. Para isso, ele levanta a mão e pergunta aos presentes se o assunto deve ir para o parking lot.

Se a maioria dos participantes concordar, o assunto é anotado em um post it e guardado no template de parking lot (seja impresso ou em uma ferramenta digital)

Template desenhado pela autora

A reunião, então, segue com foco no objetivo definido.

Ao final da reunião (ou processo de ideação), tem-se diversas ideias e assuntos agrupados em temas que poderão ser discutidos em outras reuniões específicas para estes.

É importante que os envolvidos durante a reunião tenham consciência de que algumas ideias tem grande valor, mas nem sempre são pertinentes para o contexto da reunião. Essas ideias são movidas para o parking lot, para que não sejam descartadas, trazendo uma sensação de perda, e para que possam ser consultadas a qualquer momento.

Referências

ALMEIDA, Marcell. Técnicas de Priorização. Material Digital do Curso de Product Management. Aula 3.3. PM3.

ALVES, Helder. Usando OKRs em conjunto com Product Discovery. Material Digital do Curso de Product Discovery. Aula 5.2. PM3.

CANTADORI, Maria Luísa. Como um PM e UX Trabalham Juntos. Material Digital do Curso de Product Management. Aula 4.2. PM3.

NEGRÃO, Adriano. Reuniões mais produtivas com Parking Lot. Medium, Janeiro, 2018. Acesso: 20/07/2022. Disponível em:

https://medium.com/@adrianonegrao/faça-reuniões-focadas-com-parking-lot-7d4b0d3c61b2

PRINTES, Dan. Como fazer Discovery no Dia a Dia. Material Digital do Curso de Product Discovery. Aula 1.3. PM3.

REIS, Valéria. Facilitando dinâmicas em UX. Medium, Maio, 2020. Disponível em: https://medium.com/uxmpretas/facilitando-dinâmicas-em-ux-65d41bc4d252 Acesso: 20/07/2022.

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Luna Cesero

Formada em Arquitetura e Urbanismo, atuo como Designer de Produto desde 2018. Criei este perfil para trocar conhecimentos e ajudar outros Designers