Aprendizagem Offline

12. Informação x Conhecimento

Uma afirmação que ouço frequentemente nos círculos de educação hoje em dia é “Você pode aprender qualquer coisa online!”.

Só que não. Agora que já discutimos os maravilhosos e empoderadores aspectos da Internet, vamos falar sobre suas limitações.

Considere, por exemplo, a história dos Cursos Online Abertos e Massivos (Massive Online Open Courses ou MOOCs). Quando os MOOCs apareceram pela primeira vez em 2006, críticos anunciaram sua chegada como o fim da educação tradicional. Professores de Harvard e do MIT dando aulas na Internet de graça? As portas da Ivy League foram finalmente abertas! Isso mudará tudo!

Não foi o que aconteceu. Em 2013, enquanto milhares de pessoas inscreveram-se para cursos MOOC individuais, aproximadamente 95% delas não os completaram, uma taxa de evasão bem mais elevada do que os cursos presenciais atuais. E não precisa nem dizer que Harvard e MIT não foram a lugar algum.

Há muitas razões pelas quais as pessoas abandonam MOOCs, e os cursos certamente serão aprimorados para que consigam reter mais alunos. Mas a verdade é que a maioria das pessoas não quer ouvir um professor falar por horas a fio, ainda que elas estejam no conforto de suas casas.

Eu acredito que a principal razão pela qual computadores nunca substituirão a educação olho no olho é que existe uma grande diferença entre informação e conhecimento. Na Internet você consegue acessar quantidades ilimitadas de informação: dados, textos, vídeos, opiniões e análises. Tal conjunto de informações é importante e útil até certo ponto, mas se não houver um contexto, rapidamente se torna asfixiante. Qualquer um que já tenha rolado mais de 20 páginas de resultados de busca sabe do que estou falando.

Conhecimento, por outro lado, é quando você conecta os pontos entre diferentes fragmentos de informação, capta o contexto e enxerga o todo. Ao construir conhecimento, sentimos aquele “a-há!” que sinaliza a compreensão clara de algo.

Eis a questão: ao passo que conseguimos consumir quantidades imensas de informação individualmente, nós quase sempre precisamos de um outro ser humano para nos ajudar a ligar os pontos e a construir conhecimento.

Não está convencido? Tente fazer isso: procure a resposta para a pergunta “O que é amor?” na Internet.

Sites, vídeos e MOOCs podem ser ótimas fontes para começar a encontrar respostas para essa antiga questão. Contudo, em algum momento você precisará desligar o computador e se lançar em alguns relacionamentos concretos. Ou conversar com pessoas idosas sobre amor e perda. Ou sair para acampar com os amigos e se perder em conversas debaixo do céu estrelado. Para aprofundar seu conhecimento, você precisa interagir com seres humanos na vida real. Salas de bate-papo não são boas em fazer isso, conversas em vídeo são um pouco melhores, mas pessoas de carne e osso são fundamentais para que a aprendizagem profunda aconteça.

E se você quiser discutir os temas comuns de dois romances pouco conhecidos? O primeiro passo pode ser uma pesquisa online, mas depois talvez valha a pena se apresentar para alguns donos de livrarias. Comece a frequentar um clube de leitura local, mesmo que ele esteja cheio de pessoas 20 anos mais novas ou mais velhas que você. Percorra três estados para se juntar a uma comunidade de entusiastas da literatura.

E se você quiser descobrir o que faz um estudo científico ser viesado e outro não? Tente encontrar um pesquisador e convide-o para tomar um chá. Localize o autor de um artigo sobre viés de confirmação. Produza seu próprio estudo científico e observe a si mesmo atentamente para entender o quão sedutor é enviesar os resultados.

Se seu foco é se dedicar integralmente a aprender habilidades de informática como design gráfico ou programação, então sim, a Internet sozinha pode te fazer voar bem alto (tutoriais do Youtube são coisas maravilhosas). Mas os melhores designers gráficos e programadores ainda participam de conferências presenciais que fornecem oportunidades inestimáveis de conexão profunda que fóruns online não são capazes de prover.

Pessoas na vida real comunicam-se por meio de linguagem corporal. Elas entendem as sutilezas do contexto. Elas constroem confiança, avaliam caráter e empatizam umas com as outras: funções que os computadores ainda não conseguem replicar. É por isso que executivos ainda se encontram cara a cara para fechar grandes negócios, e é pela mesma razão que a efetividade de sites de relacionamento é essencialmente limitada. Para as coisas que realmente importam, computadores não se comparam às interações presenciais.

Seres humanos ainda fazem muitas coisas que os computadores não são capazes de fazer. Não caia na armadilha de pensar que tudo pode ser aprendido online.

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Alex Bretas
A Arte da Aprendizagem Autodirigida

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.