No novo acordo pelos direitos da Premier League, streaming não é prioridade da liga de futebol mais rica do mundo

Eduardo Mendes
5 min readOct 12, 2023

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(Crédito: Getty Images)

Pela primeira vez em seis anos, a Premier League irá ao mercado antecipadamente para tentar viabilizar o seu novo acordo de mídia em até US$ 6 bilhões. É provável que uma decisão seja tomada até o final da temporada 2023–24, quando faltarão 12 meses para o fim do atual ciclo.

Para o próximo leilão, os ingleses já deram sua arremate: acordos estendidos para quatro anos, e menos emissoras com pacotes maiores, segundo noticiou o Financial Times.

(The Athletic)

O desejo por contratos mais longos e lucrativos pode inviabilizar a maior distribuição dos direitos, considerando, especialmente, o apetite do streaming pelos esportes.

De imediato, a adoção desta estratégia, caso seja implementada, eliminaria o pacote de 20 jogos concedido ao Amazon Prime, em 2018, durante o processo para atrair empresas de tecnologia.

“Se assim o desejar, a Amazon terá então de licitar mais para garantir um pacote maior, tornando-se num canal esportivo mais completo, em vez de utilizar os jogos como uma ferramenta de marketing para os clientes dos seus serviços”, explicou o FT.

(The Athletic)

Mais partidas dentro de um pacote soaria bem aos ouvidos da Apple. De acordo com o The Athletic, a Maçã teria interesse em colocar a Premier League em sua grade, porém há uma ressalva importante:

“É improvável que a Apple TV consiga fazer na Inglaterra o que fez com a MLS — seu contrato de dez anos nos EUA permite que eles transmitam todos os jogos ao vivo”, frisou a reportagem.

Um possível flerte de novos players do streaming já preocupa quem domina a liga, caso da Sky Sports “cujos direitos nacionais ainda não foram verdadeiramente testados desde o início da Premier League em 1992”, destacou o The Athletic.

No Reino Unido, 200 das 380 partidas da temporada são exibidas na TV. Elas estão divididas em sete pacotes via Sky , BT Sport (TNT Sports) e Amazon.

A Sky Sports detém o maior número de jogos: 128 partidas que custam ao torcedor £ 46/mês, incluindo o Sky Q. O valor aumenta para £ 74 quando o BT Sport é adicionado. E, caso ele também assine Amazon Prime, serão mais £ 8,99, elevando o total para £ 82,99 mensais.

Ao desembolsar este montante, o fã também terá acesso a EFL e Bundesliga , Fórmula 1 , críquete, golfe, NFL, NBA, Liga dos Campeões, Liga Europa, além da Série A e Ligue 1.

Não existe uma opção apenas para a Premier League, levando os torcedores a procurarem alternativas em streaming ilegais.

Há futebol ao vivo disponível em outros canais de TV no Reino Unido, embora os jogos sejam poucos e raros, e ainda exijam uma licença, cujo custo é de £ 159 por ano.

Então, não faria sentido um streaming próprio, como a Itália está se mobilizando para ter seu próprio serviço?

Para Paolo Pescatore, fundador e analista de tecnologia, mídia e telecomunicações da PP Foresight, não!

Apesar de parte dos fãs esperar por um serviço de streaming estilo Netflix — Premflix, se preferir — semelhante ao sistema iFollow que tem sido um recurso na EFL, conforme foi mostrado pelo The Athletic, isso seria muito improvável em pelo menos dois anos.

“A Premier League é um ativo valioso. Se de repente eles dissessem: ‘Não vamos fazer acordos de transmissão e, em vez disso, apoiaremos as nossas próprias plataformas’, é altamente improvável que obtenham o mesmo valor durante a noite”, opinou o especialista ao The Athletic.

Além da inviabilidade de tempo, Pescatore faz ressalvas também quanto ao processo mais complexo para acesso aos jogos dentro do streaming:

“Eles dependem então de milhões de usuários, que estão acostumados a sintonizar um canal por assinatura, para baixar repentinamente um ‘ aplicativo Premier League+ ’, depois pagar uma taxa e, então, depender da rede wi-fi de que dispõem para fornecer um fluxo de qualidade que é altamente provável que sofra de latência significativa.”

O leilão deverá começar nas próximas semanas com propostas esperadas da Sky, DAZN e TNT Sports , que é propriedade conjunta da BT e da Warner Bros Discovery, segundo executivos ouvidos pelo Financial Times.

(The Athletic)

É previsto que o número de pacotes caia para cinco, embora pessoas próximas à Premier League digam que decisão alguma foi tomada sobre qualquer aspecto do leilão. Em contrapartida, os 200 jogos atuais deverão aumentar, com a rodada diluída entre sexta a segunda-feira, incluindo slots anteriores no sábado.

Por ora, a única certeza é assegurada por Pescatore:

“Está muito claro para este ciclo que não será apenas streaming.”

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Eduardo Mendes

Advisor for Culture and Innovation | Co-Founder na The Block Point | Web3 & New Technologies | Strategy, Research & Content | Sports | Entertainment | Media